Experimento Deve Provar Que Microgravidade Inibe Crescimento de Tumores
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada hoje (03/12) no site “Canaltech”,
destacando que Experimento deve provar que microgravidade inibe Crescimento de Tumores.
Duda Falcão
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Experimento Deve Provar Que Microgravidade
Inibe Crescimento de Tumores
Por Fidel Forato
Canaltech
Fonte: Universe Today
03 de Dezembro de 2019 às 11h12
De onde estiver, Stephen Hawking segue presente
na ciência, e seus últimos conselhos devem render uma descoberta para lá de
impressionante (e revolucionária). Em conversa com um pesquisador da Austrália,
o gênio da física falou sobre como nada no universo é capaz de desafiar a
gravidade. Depois do diagnóstico de um amigo com câncer, Dr. Joshua Choi,
professor sênior de engenharia biomédica da Universidade de Tecnologia de
Sydney, relembrou a conversa e começou a se perguntar: "O que aconteceria
com as células cancerígenas se as tirássemos da gravidade?". Agora, sua
equipe enviará células cancerígenas para dar uma voltinha pela órbita da Terra,
na tentativa de comprovar que elas não se desenvolvem na microgravidade — como
já demonstrou em testes feitos em seu laboratório.
Os Riscos do Espaço Sideral
Via de regra, viagens para o espaço trazem uma série de
riscos. Afinal, o astronauta é exposto, de maneira mais intensa, à radiação
solar e aos raios cósmicos, isso tudo além dos efeitos que a microgravidade
pode causar no corpo humano — efeitos esses que vão desde degeneração muscular
e óssea, passando pela diminuição da função dos órgãos, da visão e até
alterações em nível genético.
Curiosamente, há alguns benefícios médicos em potencial
para a microgravidade. Desde 2014, o Dr. Choi investiga como condição afeta a
medicina e, principalmente, as células do corpo humano. E para entender o
funcionamento das células cancerígenas, ele e sua equipe de pesquisa levarão
seu experimento para a Estação Espacial Internacional (ISS) para testar como
tumores se desenvolvem fora da gravidade terrestre.
Como Cresce Um Tumor?
Vale explicar que o câncer é uma doença em que as células
"corrompidas" começam a se dividir e se espalhar para certas partes
do corpo, ocupando e, às vezes, dominando sistemas inteiros. Para isso, as
células cancerígenas se unem, formando tumores no corpo do paciente.
Esse conjunto maligno de células se desenvolve até
invadir tecidos saudáveis, como coração, pulmões e cérebro. Analisando o
processo em que o câncer cresce e se espalha, parece existir um meio pelo qual
as células são capazes de atrair umas às outras e "gravitar" juntas,
formando tumores.
Até agora, as pesquisas biomédicas chegaram à conclusão
de que a única maneira das células cancerígenas se conectarem é através de
forças mecânicas. Nesse caso, as forças evoluíram para funcionarem, somente, em
um ambiente onde há gravidade. Foi esse pensamento que motivou Choi a pensar em
maneiras em que a redução ou quase ausência de gravidade poderia impedir a
capacidade das células cancerígenas de se espalharem.
Trajetória do Experimento
Em pesquisas iniciais, Dr. Joshua Choi percebeu que o
ambiente espacial afeta a compreensão da biologia celular e a progressão de
doenças. Inclusive, já testou em laboratório os efeitos da microgravidade em
células cancerígenas. Para isso, foi criado um dispositivo com uma pequena
centrífuga dentro. Ali, células de diferentes doenças estão contidas em uma
série de compartimentos, e um motor central as gira até experimentar a sensação
de microgravidade.
Segundo Choi, "nosso trabalho descobriu que, quando
colocadas em um ambiente de microgravidade, 80% a 90% das células nos quatro
tipos diferentes de câncer que testamos — ovário, mama, nariz e pulmão — foram
desativados." Por desativado, entende-se que as células morrem porque não
conseguiram sobreviver à gravidade mínima induzida. Além disso, esses quatro
tipos de câncer testados são alguns dos cânceres mais difíceis de controlar.
O mais impressionante dos resultados iniciais é o fato de
que foram obtidos apenas ao alterar as forças gravitacionais, sem a ajuda de
medicamentos. Quando submetidas a condições de microgravidade, as células
cancerígenas eram incapazes de atrairem-se, e, portanto, tinham muita
dificuldade em se unir, para desenvolver tumores.
Próximo Passo
No começo de 2020, a equipe iniciará uma nova etapa dos
estudos e enviará células cancerígenas para a ISS por 7 dias. De olho no
crescimento (ou não) das células, Choi e sua equipe acompanharão, de perto, o
progresso do experimento. E, após a conclusão, as células serão congeladas para
a viagem de volta à Terra, quando os pesquisadores examinarão o material em
busca de alterações genéticas.
Caso os resultados confirmem a tese de que células
cancerígenas não se multiplicam na microgravidade, Choi espera desenvolver
novos tratamentos que possam ter o mesmo efeito de neutralizar a capacidade de
as células cancerígenas se conectarem.
Longe de uma cura, as novas terapias poderiam auxiliar os
tratamentos médicos anticâncer existentes. Combinada com as drogas atuais e a
quimioterapia, a pesquisa poderá reduzir com bastante êxito a propagação de
câncer no corpo humano. Sobre os possíveis resultados, Choi comenta que
"usaremos nossas descobertas para sinalizar à comunidade de pesquisa
australiana que a era da biologia espacial e da medicina estão bem e
verdadeiramente aqui.”
Fonte: Site Canaltech -
https://canaltech.com.br
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