Novo Acel. de Partículas Brasileiro Começa a Virar Realidade
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada ontem
(21/04) no site do jornal “O Estado de São Paulo” (blog
do jornalista Herton Escobar) dando destaque ao novo Acelerador de Partículas Brasileiro, o Sirius.
Duda Falcão
POLÍTICA CIENTÍFICA - TECNOLOGIA
Novo Acelerador de Partículas Brasileiro
Começa a Virar Realidade em Campinas
Herton Escobar / O Estado de S. Paulo
21 de abril de
2013 – 11:51:04
O maior projeto da história da ciência brasileira
está prestes a sair do papel. Nas próximas semanas deve ter início o trabalho
de limpeza do terreno para construção do novo acelerador de partículas do
Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas. Com um anel de mais
de 500 metros de circunferência, instalado num prédio de 250 metros de diâmetro
– do tamanho de um estádio de futebol – a nova máquina será cinco vezes maior e
muito mais avançada do que a atual, que será desmontada.
INFOGRÁFICO: William
Mariotto/Estadão – Copyright
O custo total do projeto, batizado como Sirius
(nome da estrela mais brilhante no céu), é estimado em R$ 650 milhões, com o
primeiro feixe de luz previsto para 2016. Outro grande projeto federal, do
Reator Multipropósito Brasileiro, a ser construído em Iperó (também no interior
paulista), tem um orçamento maior, de R$ 850 milhões, mas sua missão principal
será a produção de radioisótopos para uso médico e industrial, e não a produção
de ciência. “Se você pensar numa infraestrutura dedicada exclusivamente à
pesquisa, o Sirius certamente é o maior”, diz o físico Antonio José Roque da
Silva, diretor do LNLS.
A expectativa na comunidade científica é igualmente
grande. A luz síncrotron (uma radiação eletromagnética de amplo espectro, que
abrange desde o infravermelho até os raios X) é usada em várias áreas de
pesquisa, como física, química, biologia, geologia, nanotecnologia, engenharia
de materiais e até paleontologia. O acelerador funciona como um gigantesco
microscópio, que os cientistas utilizam para enxergar a estrutura atômica e
molecular de diferentes materiais, iluminando-os com os diferentes tipos de
radiação presentes na luz síncrotron. Pode ser uma rocha, uma proteína, uma
amostra de solo, um dente de dinossauro, um cabo de aço usado em plataformas de
petróleo, um fio de cabelo tratado com diferentes tipos de xampu, ou qualquer
outra coisa que se queira conhecer nos mínimos detalhes.
“É o sonho de entender materiais, tanto do ponto de
vista estrutural quanto funcional”, afirma Roque. Com a luz síncrotron, é
possível saber, por exemplo, que tipos de átomos e moléculas fazem parte de um
material, qual é a distância entre eles, como eles interagem entre si, quais
são suas propriedades magnéticas e várias outras coisas. São “olhos
microscópicos”, nas palavras do diretor científico do LNLS, o brasileiro Harry
Westfahl.
A luz é gerada pela aceleração de elétrons, que
viajam dentro de um anel de 518 metros de comprimento (165 metros de diâmetro)
a uma velocidade muito próxima (99,999999%) da velocidade da luz, que é de
aproximadamente 300 mil km/s. A diferença do Grande Colisor de Hádrons (LHC) na
Europa e de outros colisores de partículas é que os elétrons, neste caso, não
se chocam uns contra os outros em nenhum momento; viajam todos na mesma
direção.
O acelerador brasileiro atual, chamado UVX, entrou
em operação em 1997 e atende cerca de 1,4 mil pesquisadores por ano, com quase
3 mil trabalhos científicos publicados nos últimos 16 anos. A máquina tem 18
“linhas de luz”, que são as estações de trabalho nas quais os pesquisadores
realizam seus experimentos com a luz que sai do anel. Elas funcionam
simultaneamente, mas cada uma é otimizada para um tipo de pesquisa. “A luz que
sai do anel contém todas as frequências de onda. É só nas linhas de luz que uma
frequência específica é escolhida, por meio de filtros chamados monocromadores,
de acordo com a necessidade do experimento que vai ser realizado”, explica
Roque.
O Sirius começará a operar com 13 linhas de luz –
suficientes, já, para atender toda a demanda atual do UVX –, mas poderá chegar
a 40. A nova máquina não será apenas maior, mas também substancialmente melhor
do que a atual em vários aspectos, produzindo uma luz muito mais brilhante, que
permitirá ampliar consideravelmente o seu leque de aplicações.
Pioneirismo - Será a única máquina do
tipo na América Latina e apenas a segunda no Hemisfério Sul, além de uma na
Austrália. Mais do que isso, suas especificações técnicas deverão colocá-la na
linha de frente das melhores fontes de luz síncrotron do mundo. “O Sirius será
a máquina de maior brilho na sua classe de energia”, garante Roque.
A energia operacional do Sirius será de 3 bilhões
de elétrons-volts (GeV), comparada ao bem mais modesto 1,37 bilhão de
elétrons-volts do UVX. Isso, associado a uma série de outras especificações
técnicas da máquina (como a configuração de magnetos ao redor do anel),
permitirá produzir feixes de fótons (luz) muito mais brilhantes do que os
atuais. Uma vantagem crucial é que será possível produzir um tipo de raio X
mais energético, conhecido como “duro”, capaz de penetrar materiais mais
espessos – algo que a máquina atual tem dificuldade de fazer. O limite de
energia dos fótons nas linhas de luz do Sirius será de 250 mil elétrons-volts
(KeV), comparado a 30 mil elétrons-volts no UVX, que é um limite inferior de
energia dos raios X duros.
“O brilho do Sirius será maior do que o do UVX em
todas as faixas de luz, mas nos raios X a diferença será gritante; bilhões de
vezes maior”, afirma Roque.
Outro grande diferencial da máquina será a sua
baixa emitância, uma característica relacionada ao tamanho da fonte e ao
diâmetro do facho de luz gerado por ela, que será de 0,28 nanômetro-radiano
(nm.rad), comparado a 100 nanômetros-radianos do UVX. É a menor emitância de
qualquer fonte de luz síncrotron em operação ou sendo projetada no mundo,
segundo Roque.
Para entender a diferença, de uma forma geral,
pode-se pensar numa comparação entre o facho de luz produzido por uma lanterna
e o feixe produzido por um apontador laser: a energia (quantidade de fótons)
pode até ser a mesma, mas o brilho do laser é muito maior.
“Tem tudo para ser uma das duas melhores máquinas
do planeta”, concorda o físico francês Yves Petroff, um dos maiores
especialistas do mundo no assunto, ex-diretor do maior laboratório de luz
síncrotron europeu (o ESRF, em Grenoble, na França) e ex-diretor científico do
LNLS. “É o projeto mais moderno que se pode fazer com a tecnologia hoje.”
A expectativa, portanto, é que o Sirius atraia
ainda mais pesquisadores estrangeiros para o Brasil; e não apenas da América
Latina, mas também dos EUA e da Europa. “Os cientistas vão aonde houver os
melhores equipamentos”, afirma Petroff. Ele cita o exemplo da moderna fonte de
luz síncrotron de Taiwan, que atrai muitos pesquisadores dos Estados Unidos e
da Europa.
Cerca de 20% dos usuários do UVX já são
estrangeiros. “Bons equipamentos atraem bons pesquisadores”, diz Petroff, que
contou ter vindo para o LNLS com a intenção de ficar seis meses, em 2009, mas
acabou ficando três anos. “Vim porque tinha vários brasileiros no meu
laboratório na França e porque gostei do que fizeram aqui no passado”, contou
ele ao Estado em março, pouco antes de voltar para a França.
Fonte: Site do
jornal O Estado de São Paulo - 21/04/2013
Comentário: Bom leitor, certamente o comunidade científica
envolvida com esse projeto realmente está de parabéns por essa vitória (pelo menos até esse momento, pois ao futuro a Deus pertence), especialmente
se levarmos em conta o desastroso governo que temos. Esse acelerador será muito
útil para ciência brasileira se realmente for construído como se espera, ai
inclusive para as atividades espaciais do país, que também serão beneficiadas com
esse equipamento. O investimento de R$ 650 milhões no Sirius é realmente algo
significativo como também os supostos R$ 850 milhões do Reator Multipropósito
Brasileiro, bem diferente do 800 milhões gastos com o Mineirão, os R$ 350
milhões gastos com a Arena Fonte Nova, e principalmente com o ridículo orçamento
de menos de R$ 190 milhões da Agência Espacial Brasileira (AEB) enviado pelos
de..loides do Governo DILMA ROUSSEFF ao
Congresso para ser aprovado.
Não entendi porque o UVX será desmontado.
ResponderExcluirMesmo sendo inferior, pelo número de publicações ele ainda atende a vários projetos.
Não seria melhor permanecer com o UVX e com o Sirius? Com certeza existem projetos onde o UVX possui total capacidade de utilização, não sendo necessário entrar na fila pelo Sirius. Alguém sabe explicar?
Redução de gastos provavelmente.
ExcluirOs cientistas devem passar de um lugar para o outro. O dinheiro está indo todo para o bolsa familia e o bolsa prisioneiro.