Astrônomos Brasileiros Encontram 50 Arcos Gravitacionais
Olá leitor!
Segue abaixo outra matéria está postada ontem (29/04) no
site “Inovação Tecnológica” dando destaque ao Projeto SOGRAS (SOAR GRavitational Arc Survey) de Astrônomos Brasileiros
que descobriu 50 Arcos Gravitacionais.
Duda Falcão
Espaço
Astrônomos Brasileiros Encontram
50 Arcos Gravitacionais
Com
informações do CBPF
29/04/2013
[Imagem: Linea/Furlanetto
et al.]
Imagem de arco gravitacional gigante descoberto pelo projeto SOGRAS. |
Lentes gravitacionais
O projeto SOGRAS (SOAR GRavitational Arc
Survey), iniciado em 2007 por um grupo de astrônomos de instituições de
pesquisa brasileiras interessados na busca sistemática e análise de arcos
gravitacionais, acaba de publicar seus primeiros resultados científicos.
Na semana passada, um artigo na prestigiosa
revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
divulgou um estudo realizado com cerca de 50 aglomerados de galáxias, mostrando
fortes evidências de arcos gravitacionais em pelo menos seis deles.
Arcos gravitacionais são imagens deformadas
de galáxias distantes quando sua luz atravessa um intenso campo gravitacional,
como aquele causado por aglomerados de galáxias, contendo, às vezes, milhares
de galáxias num volume cósmico relativamente pequeno.
Esse efeito, também conhecido como lenteamento gravitacional, ocorre porque a trajetória da
luz se curva na presença da gravidade muito intensa do aglomerado, que então
funciona como se fosse uma lente.
Tendo sido previsto pela teoria da
relatividade geral, proposta pelo físico Albert Einstein, o fenômeno que
explica os arcos gravitacionais - o desvio da luz pela gravidade - foi
comprovado experimentalmente em 1919, durante um eclipse total do Sol observado
na cidade de Sobral (Ceará) e na Ilha de Príncipe.
Na ocasião, foi possível medir o desvio da
trajetória da luz de estrelas distantes causada pelo Sol.
Por que Estudar Arcos Gravitacionais?
De grande utilidade para pesquisas em
astrofísica e cosmologia, os arcos gravitacionais permitem mapear a
distribuição total de matéria em galáxias e aglomerados e, portanto,
"avaliar" a matéria escura, que não interage com a luz e que
representa a maior parte da massa desses objetos.
Além disso, como a luz das galáxias lenteadas
percorre distâncias cosmológicas, estudos com arcos permitem estudar o cosmos
em grandes escalas e, inclusive, entender melhor o que é outro componente
desconhecido do Universo, a chamada energia escura.
As imagens que sofrem o lenteamento
gravitacional também podem ser altamente ampliadas pelo efeito, o que permite
estudar galáxias muito distantes, as quais não seriam detectadas de outra
forma. Ou seja, os aglomerados de galáxias funcionam como gigantescos
telescópios gravitacionais.
Por todas essas razões, os astrônomos têm
buscado, desde o fim da década de 1980, sistemas com arcos gravitacionais. No
entanto, esses objetos são raros e muito difíceis de encontrar nas imagens
astronômicas. Além disso, sua identificação exige instrumentos muito sensíveis
e com grande resolução de imagens.
Selecionar e Estudar
No Brasil, pesquisadores do Centro Brasileiro
de Pesquisas Físicas (CBPF), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Universidade de São Paulo (USP) e Observatório Nacional (ON) - participantes do
Laboratório Inter-institucional de e-Astronomia (LIneA) - juntaram-se a
cientistas do Laboratório Nacional Fermi (Fermilab), nos Estados Unidos, para
buscar arcos gravitacionais em aglomerados de galáxias.
A meia centena de aglomerados estudados pelo
projeto foi selecionada a partir de dados obtidos pelo Sloan Digital Sky
Survey (SDSS) - projeto responsável pelo mapeamento de uma grande área da
esfera celeste e pela confecção da maior imagem já feita do Universo.
Para cada um desses aglomerados foram obtidas
imagens em alta resolução pelo telescópio SOAR, que possui um espelho de 4
metros e está localizado no Chile, na Cordilheira dos Andes, a uma altitude de
2.700 metros, em um dos melhores sítios astronômicos do planeta.
A participação brasileira no SOAR, construído
em parceria pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, e Inovação (MCTI), U.S.
National Optical Astronomy Observatory, Universidade da Carolina do Norte e
Universidade do Estado de Michigan, é coordenada pelo Laboratório Nacional de
Astrofísica (LNA).
De acordo com Martín Makler, pesquisador do
CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e membro do Projeto SOGRAS, o
futuro das pesquisas com arcos gravitacionais deve seguir a mesma filosofia de
selecionar sistemas em imagens de grande área para um estudo mais detalhado com
telescópios de maior resolução.
Por isso, afirma, serão utilizados dados do Dark Energy Survey (DES), provavelmente o maior
levantamento óptico para a cosmologia desta década, para identificar os
sistemas.
O DES entrou em operação no ano passado e
conta com uma forte participação brasileira, coordenada pelo LineA (Laboratório
Inter-institucional de e-Astronomia).
O acompanhamento mais detalhado será
novamente feito com o Gemini e SOAR, além de telescópios do Observatório
Europeu Austral (ESO), mas desta vez utilizando um recurso inovador, conhecido
com "óptica adaptativa", que permite melhorar em muito a resolução
das imagens, conclui Martín.
Bibliografia:
The SOAR
Gravitational Arc Survey - I: Survey overview and photometric catalogs
Cristina Furlanetto, Basilio X. Santiago, Martin Makler, Eduardo S. Cypriano,
Gabriel B. Caminha, Maria Elidaiana da Silva Pereira, Angelo Fausti Neto, Juan
Estrada, Huan Lin, Jiangang Hao, Timothy A. McKay, Luiz Nicolaci da Costa,
Marcio A. G. Maia
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
DOI: 10.1093/mnras/stt380
Fonte: Site Inovação Tecnológica
Comentário: Essa matéria é complementar a outra postada dia 22/04 (veja aqui) demonstrando uma vez mais o quanto a Astronomia Brasileira tem avançado nos últimos 10 anos. É realmente impressionante o que essa pequena comunidade científica tem realizado nesse período.
Comentários
Postar um comentário