“Dinheiro Para o Sirius Está Garantido”, Diz Secret. do MCTI
Olá leitor!
Segue abaixo a segunda metade da matéria postada ontem (21/04) no site do jornal “O Estado de São Paulo” (blog do jornalista Herton Escobar) dando destaque ao novo acelerador de partículas brasileiro, o Sírius.
Segue abaixo a segunda metade da matéria postada ontem (21/04) no site do jornal “O Estado de São Paulo” (blog do jornalista Herton Escobar) dando destaque ao novo acelerador de partículas brasileiro, o Sírius.
Duda Falcão
POLÍTICA CIENTÍFICA - TECNOLOGIA
“Dinheiro Para o Projeto Está Garantido”,
Diz Secretário do MCTI
Herton Escobar / O Estado de S. Paulo
21 de abril de
2013 – 11:49:08
Os R$ 650
milhões necessários para colocar o Sirius de pé e funcionando ainda não estão
garantidos legalmente, mas o secretário executivo do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI), Luiz Elias, garante que eles aparecerão. “Estamos
ainda finalizando algumas negociações, mas posso te dizer que os recursos estão
assegurados”, disse ao Estado na quinta-feira. “Estamos no cronograma e não
haverá atrasos. O projeto vai acontecer.”
Segundo ele, o
ministério está negociando com vários parceiros para dividir os custos do
projeto e ampliar o leque de usuários da máquina, tanto no setor público quanto
no privado. Entre eles, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a
Petrobrás e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP),
além de outras fundações e empresas nacionais.
“O MCTI está
assegurando isso como um projeto estratégico para o País”, afirma Elias.
“Eventualmente, caso não se garanta alguma parte desses R$ 650 milhões, o
ministério vai bancar (o que faltar).”
O projeto
executivo, que custou R$ 6 milhões, deve ser finalizado em julho. O terreno
onde o prédio será construído, de 150 mil m², que pertence ao banco Santander,
está sendo desapropriado pelo governo do Estado (por R$ 23 milhões) e será
cedido ao LNLS para o projeto. Faltam apenas algumas etapas burocráticas para a
terraplanagem começar.
“A expectativa é
que a desapropriação esteja concluída agora em maio. Assim que a nova escritura
estiver lavrada, entramos com os tratores”, diz o diretor do LNLS, Antonio José
Roque da Silva.
Fotos: Marcio
Fernandes / Estadão -
Copyright
O acelerador atual do LNLS, visto de cima. A parte central é o anel de aceleração de elétrons. As estruturas externas ao anel são as linhas de luz e estações de trabalho dos pesquisadores. |
Um pesquisador argentino observa sua amostra na ponta de uma das linhas de luz do LNLS. |
Confiança - Para o engenheiro e físico
Ricardo Rodrigues, responsável pelo projeto dos aceleradores, o maior desafio
de construir o Sirius será o “excesso de experiência” adquirido pela equipe nos
últimos 30 anos, desde que ele, em 1984, recrutou três alunos de graduação para
ir à Universidade Stanford com ele fazer um estágio de dois meses para
desenvolver o projeto do acelerador atual. Uma iniciativa mais ousada ainda do
que a atual, dada as limitações técnicas, industriais e orçamentárias da época.
Quando a
primeira equipe do LNLS começou a ser contratada para tocar o projeto, em 1987,
Rodrigues também fez questão de selecionar pessoas jovens, recém-formadas e
“sem vícios”, que poderiam “ser enganadas” a acreditar que o projeto daria certo.
Que foi o que aconteceu. “Sempre digo para o pessoal que começou comigo: ‘Isso
só deu certo porque vocês foram idiotas o suficiente para acreditar que
daria’”, conta Rodrigues – rindo e falando sério ao mesmo tempo. “Hoje já está
todo mundo muito calejado, muito pessimista.”
Ainda assim, ele
mantém o otimismo e espera colocar sua experiência “calejada” em prática de
novo o mais rápido possível. “Se sair o dinheiro, garanto que entrego para as
Olimpíadas.”
O plano é
colocar o Sirius para funcionar e produzir o primeiro feixe de luz em 2016.
Após essa inauguração, a máquina passará por um período de comissionamento, em
que vários testes serão realizados para garantir que ela está funcionando da
melhor forma possível. Isso pode demorar vários meses ou até um ano, o que é
comum em casos de telescópios e outros equipamentos de grande porte e
complexidade como esse. “Não é uma máquina que você liga na tomada e já
funciona perfeitamente da primeira vez”, afirma Roque. “O plano é abrir para os
usuários e começar a produzir ciência em 2017.”
Assim como a
fonte de luz atual, o Sirius será construído majoritariamente (cerca de 70%) no
Brasil – com a vantagem de que agora há várias empresas nacionais que poderão
participar do projeto, enquanto que para o UVX quase tudo, incluindo os
magnetos, precisou ser projetado e construído “do zero” dentro do próprio LNLS.
Alguns componentes serão comprados fora, mas o projeto é 100% brasileiro. “Não
somos participantes de um projeto internacional; o projeto é nosso”, afirma
Roque.
“É um projeto
tão bom quanto o da Suécia, só que mais simples e mais barato”, afirma
Rodrigues, referindo-se a uma fonte de luz síncrotron semelhante que está sendo
construída naquele país.
Rodrigues é
responsável pelos aceleradores. Pelas linhas de luz, o responsável é o diretor
científico do LNLS, Harry Westfahl, e pelo prédio que abrigará a máquina, o
responsável é Oscar Vigna. Roberta Gomes faz a gestão do projeto (cronograma e
financeiro) e Cleonice Ywamoto, a gestão administrativa. Todos sob a
coordenação de Roque.
Retorno às Origens - De certa forma, o
Sirius é um retorno às origens do UVX, que foi inicialmente projetado para
operar com 3 GeV de energia, mas acabou sendo reduzido para 1,37 GeV, por falta
de recursos.
“Desde o início
a ideia era que o Brasil precisava de um síncrotron de 3 GeV”, conta o
pesquisador argentino Aldo Craievich, do Instituto de Física da Universidade de
São Paulo, outra figura importante na história do LNLS. “Fizemos uma máquina
que funciona de maneira muito satisfatória há mais de 15 anos, mas chegou a
hora de pensar em crescer de novo, não só na energia como no brilho. Finalmente
o Brasil terá uma fonte de luz à altura da sexta economia do mundo.”
Segundo Roque,
há mais de 60 fontes de luz síncrotron em operação no mundo, além de outras que
estão em construção ou sendo projetadas, o que mostra a importância dessa
tecnologia para o desenvolvimento científico e industrial de um país.
“Há cada vez
mais máquinas, e mesmo assim o número de usuários não para de crescer, porque
novas tecnologias continuam a aparecer”, diz o físico francês Yves Petroff,
ex-diretor do Laboratório Europeu de Radiação Síncrotron (ESRF). Lá, segundo
ele, o número de usuários cresceu de 4.500 por ano em 2002 para cerca de 7.000
por ano, em 2012.
Ciência - Umas das áreas da ciência que
vem acrescentando muitos usuários às fontes de luz síncrotron, segundo Petroff,
é a paleontologia. Com os avanços tecnológicos das linhas de luz, tornou-se
possível fazer “tomografias” de altíssima definição de fósseis, sem precisar
desmontá-los. Um bom exemplo é um trabalho publicado no início deste mês na
revista Nature, em que pesquisadores utilizaram radiação síncrotron para
visualizar a estrutura interna de ossos de embriões de dinossauro descobertos
na China.
Uma aplicação
mais clássica da luz síncrotron é na elucidação da estrutura molecular de
proteínas, cujo conhecimento é essencial para o entendimento de suas
propriedades e funções. Uma técnica que remete à histórica descoberta da estrutura
de dupla hélice do DNA, por Watson e Crick, que completa 60 anos no final deste
mês. A descoberta, em 1953, foi feita por meio de “fotos” da molécula de DNA
feitas com raios X. Hoje, continua-se a fazer o mesmo com os raios X da luz
síncrotron, só que com uma precisão muito maior.
Ricardo Rodrigues |
Fonte: Site do
jornal O Estado de São Paulo - 21/04/2013
Comentário: Pois é leitor, veja que com relação aos
recursos a coisa não é bem assim, afinal dinheiro certo é dinheiro no bolso,
depositado em conta, e nem assim (pelo menos no Brasil) isso é uma garantia, duvidas?
É só perguntar ao Fernando Collor de Melo. Está lembrado dele? Além do mais
os exemplos estão pelo Brasil afora de obras que foram iniciadas e levam
décadas para serem finalizadas passando por diversos governos, isto é, quando
são. Portanto Sr. Luiz Elias se eu fosse o senhor, escolheria melhor as
palavras antes de sair fazendo promessas que não lhe cabem, já que o poder de
decisão não lhe pertence nem ao MCTI. Entretanto, vamos continuar torcendo para
que exista realmente no Governo DILMA o interesse de pelo menos cumprir a sua
parte enquanto ela estiver no poder e torcer que o governo seguinte tenha o interesse
de concluir o projeto. Pois é, ainda há um longo e penoso processo para que o
Sirius venha se tornar uma realidade. Vamos ver o que acontece.
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