Blog Entrevista Diretor do CLBI
Olá leitor!
Desde o inicio desse ano o Blog BRAZILIAN SPACE vem
apresentando para nossos leitores uma série denominada “Entrevistas com
Personalidades Espaciais Brasileiras” e quatro importantes entrevistas já foram realizadas com
profissionais atuantes nas atividades espaciais do país. Foram elas:
* Dr. Luis Eduardo Loures da Costa (Gerente dos Projetos SARA e VLM-1 do IAE) - Fevereiro de 2013
* Prof. David Fernandes (Gerente
no ITA do Projeto Microsatélite ITASAT-1) – Fevereiro de 2013
* Ten. Cel. Eng. Alberto Walter da Silva Mello Junior (Gerente do Projeto do VLS-1 do IAE) – Março de
2013
* Dr. Lamartine Nogueira Frutuoso Guimarães (Gerente
do Projeto TERRA do IEAv) – Abril de 2013
Agora, neste dia em que o Blog BRAZILIAN SPACE completa
quatro anos de fundado, trazemos para você leitor mais uma importante entrevista
com outra grande personalidade de nosso Programa Espacial.
Trata-se do Cel. Av. Marco Antônio Vieira
de Rezende, simplesmente
o diretor do “Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI)” que
nos atendeu gentilmente respondendo a todas as nossas perguntas com objetividade
e dinamismo.
Vale dizer que entre as notícias divulgadas pelo Cel.
Rezende, certamente a de maior repercussão é a de que o CLBI está no momento coordenando junto
ao Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o lançamento ainda esse ano de um foguete
VS-30 com carga útil científica, aumentando assim a significância das
campanhas de lançamento de foguetes previstas para o CLBI e para o CLA no ano
de 2013. Afinal, até então a única campanha prevista capaz de mobilizar a
atenção da opinião pública brasileira em 2013 era a “Campanha de Lançamento do
VS-40M/SARA Suborbital”, prevista para o CLA, já que a “Operação Santa Bárbara do
VLS-1”, prevista também para o CLA, apesar de sua importância, não passa de uma
campanha simulada de lançamento.
O Blog BRAZILIAN SPACE aproveita para agradecer ao
Cel. Rezende e ao CLBI pela atenção dispensada e convida seus leitores a
acompanhar abaixo a entrevista com essa importante personalidade do nosso Programa
Espacial, e fiquem atentos, pois vem mais por ai.
Duda Falcão
Cel. Av. Marco Antônio Vieira de Rezende (Diretor do CLBI) |
BLOG
BRAZILIAN SPACE: Coronel Rezende, para aqueles leitores que não o conhece nos fale
sobre o senhor. Sua idade, formação, onde nasceu, trajetória profissional e
desde quando o senhor está ligado ao Programa Espacial Brasileiro?
CEL. AV. MARCO ANTÔNIO
VIEIRA DE REZENDE: Sou natural de
Juiz de Fora, Minas Gerais, nascido em 1966. Ingressei na Força Aérea
Brasileira em 1985 e fui declarado Aspirante em 1988, após a realização do
Curso de Formação de Oficiais Aviadores, na Academia da Força Aérea. Servimos à
Força na Aviação de Caça, na aviação de Transporte Especial (VIP), na Logística
e na Inteligência e, atualmente, na área
aeroespacial. Ao Programa Espacial Brasileiro estou diretamente ligado desde
que assumi a Direção do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno.
BRAZILIAN
SPACE:
Coronel, como andam as obras de modernização das instalações do CLBI e quais
seriam especificamente as obras em andamento?
CEL. REZENDE: Além de
recebermos no início desta gestão o lançador
universal totalmente revitalizado com sua capacidade operacional
aumentada, iniciamos a modernização dos radares Adour e Bearn, bem como da
Seção de Tratamento de Dados. Essas
modernizações promoverão melhoria na interface homem x máquina e maior
confiabilidade operacional.
Na
Seção de Meteorologia, conforme cronograma do DECEA, está prevista a troca do
gerador de hidrogênio e a aquisição de mais uma Estação DIGICORA – Estação
Meteorológica de Altitude. A troca do gerador promoverá maior segurança e melhor desempenho nas sondagens
atmosféricas. Quanto à aquisição da estação DIGICORA redundante, virá a
complementar o Plano de Degradação dos equipamentos meteorológicos.
BRAZILIAN
SPACE:
Recentemente Coronel foi divulgado que o CLBI colocaria a disposição da
“Comunidade Científica Brasileira” os foguetes de treinamento FTB e FTI e
possivelmente o futuro FTA para serem usados como plataforma de acesso ao
espaço de experimentos em ambiente de microgravidade. Como será esse projeto?
CEL.
REZENDE: Os FTB e FTI apesar de não atingirem altitudes que
permitem experimentos de microgravidade, podem ser utilizados para testes de
uma diversidade de equipamentos embarcados. Como os mesmos já dispõem de toda
infraestrutura de telemetria, fica muito simples ao pesquisador instalar seu experimento.
Considerando a natureza e diversidade dos experimentos possíveis de serem
aplicados, recomendamos que os interessados procurem a Seção de Pesquisa e
Inovação do CLBI/DCTA e obtenham mais informações e detalhamentos técnicos
sobre o assunto.
No
CLBI há uma preocupação constante em colocar à disposição os nossos recursos e
estreitar as relações institucionais com a Comunidade Científica Brasileira.
Durante as realizações anuais do Fórum de Pesquisa e Inovação, promovido pelo
Centro, disseminamos a possibilidade de realizar o transporte dos experimentos
para análises.
BRAZILIAN
SPACE: Já
existem instituições interessadas e caso sim, quais seriam essas instituições?
CEL. REZENDE: Há
conversações bem avançadas com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA.
Além disso, recentemente houve contatos com instituição de radioamadorismo para
realização de um projeto educacional.
Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI)
BRAZILIAN
SPACE:
Coronel existe também o interesse do COMAER em abrir o CLBI para lançamentos
estrangeiros e missões conjuntas, como ocorrem com a Base de Esrange na Suécia,
e Andoya na Noruega, fora é claro as missões que já são realizadas com o DLR
alemão? Caso sim, já existe alguma mobilização por parte do COMAER ou mesmo da
AEB em oferecer esse serviço para outras nações?
CEL.
REZENDE: Essa negociação é bastante restrita ao DCTA. Assessoramos apenas
quanto a possibilidade técnica e administrativa quando consultados.
BRAZILIAN
SPACE:
Coronel é sabido que existe nas instalações do CLBI uma plataforma de
integração e lançamento que foi construída para o saudoso foguete SONDA IV e
nunca mais foi utilizada. O que o CLBI e o COMAER pretendem fazer com essa
plataforma?
CEL. REZENDE: Hoje, temos o
Centro de Cultura Espacial e Informações Turísticas (CCEIT), localizado em frente
ao Centro de Lançamento, onde todo acervo de engenhos lançados das plataformas
do CLBI, desde o Nike-apache – primeiro engenho lançado no Brasil – até a
família Sonda e o VSB-30, além dos equipamentos
que retratam a história das atividades realizadas na Barreira do Inferno
ao longo de sua existência estão expostos para visitação do público. Há um
estudo para a recuperação e transferência dessa plataforma de lançamento do
SONDA IV para o espaço do CCEIT.
BRAZILIAN
SPACE: O
blog teve acesso à informação de que o CLBI adquiriu recentemente uma nova
plataforma ‘móvel’ de lançamento. Porque houve essa necessidade e como ela será
utilizada?
CEL. REZENDE: Esta
plataforma móvel foi fruto de Acordo entre Brasil e Alemanha. Pelas
características de ser uma plataforma móvel, esse lançador promove maior
flexibilidade e mobilidade operacional, possibilitando ao Brasil lançar
engenhos de qualquer parte do território nacional.
BRAZILIAN
SPACE:
Coronel existe por parte do COMAER a preocupação com o grande crescimento de
edificações no entorno do CLBI?
CEL. REZENDE: Atualmente, a
capacidade operacional do Centro está limitada aos lançamentos suborbitais em
função do crescimento demográfico de Natal e a prioridade de promover
lançamentos com segurança. A área sob responsabilidade da Barreira permanece
intacta, pois há o comprometimento de manter o equilíbrio e a preservação
ambiental.
BRAZILIAN
SPACE:
Esse problema não inviabilizaria as operações de lançamentos do CLBI nos
próximos anos, e caso sim, o COMAER pretende ou já está tomando alguma
providência para evitar isso?
CEL. REZENDE: A missão
institucional do Centro está bem definida considerando os limites geográficos
do Centro. A posição do Comando da Aeronáutica é manter a área em seus
limítrofes atuais, a fim de manter o cumprimento da missão institucional.
BRAZILIAN
SPACE:
Coronel, quando voltaremos a presenciar o lançamento de um foguete brasileiro
da categoria do saudoso SONDA IV do CLBI?
CEL. REZENDE: O apogeu do
Sonda IV varia entre 700 e 1000 km de altura. Este alcance está fora dos
limites suborbitais, portanto não previsto em nossa missão. Ressaltamos os
meios e os recursos humanos estão preparados para um lançamento desta
magnitude, porém por considerações de segurança – grande aumento populacional
em torno do Centro – veículos com as características do Sonda IV são lançados
do Centro de Lançamento de Alcântara.
Foguete VS-30/Orion em uma das
plataformas de lançamento do CLBI
BRAZILIAN
SPACE:
Coronel, e quanto ao primeiro lançamento do Foguete de Treinamento Avançado
(FTA), já se tem uma previsão de quando e de onde mesmo será realizado?
CEL. REZENDE: Não há
previsão de lançamento. Foi realizada a especificação técnica, sendo aguardado
a finalização do Projeto Básico.
BRAZILIAN
SPACE:
Coronel como vai o projeto do GPS para foguetes que estava em desenvolvimento
entre a UFRN e o CLBI, o mesmo já foi qualificado?
CEL. REZENDE: O projeto GPS
continua em desenvolvimento, já tendo realizado três voos sem quaisquer
problemas. No momento, o CLBI não está participando do projeto, cuja coordenação
permanece com o professor Francisco das Chagas Moto, da UFRN. Há, porém,
conversas em andamento para que um pesquisador do CLBI volte a integrar a
equipe de desenvolvimento deste projeto.
BRAZILIAN
SPACE: Coronel
existe algo a mais que o senhor gostaria de destacar para os nossos leitores?
CEL.
REZENDE: Gostaria de ressaltar o prazer e agradecer a oportunidade de
poder dedicar algumas palavras de nossa missão institucional aos seus leitores.
Percebemos uma enorme curiosidade e vontade de participar da sociedade potiguar
como um todo. Com a abertura de nosso museu aeroespacial e visitas técnicas
agendadas conseguimos aumentar a divulgação de nossa missão e uma maior
aproximação com uma grande fatia de jovens, turistas e vibradores que diariamente
nos visitam.
BRAZILIAN
SPACE:
Finalizando coronel, qual será a operação de lançamento mais importante do ano
de 2013 a ser realizada do CLBI, e quando a mesma deverá ocorrer?
CEL. REZENDE: Todas as
operações realizadas pelo Centro – Rastreios e lançamentos – são tratadas com a
maior relevância e importância. Estamos em coordenação com o Instituto de
Aeronáutica e Espaço para lançamento de um VS-30, com carga útil científica.
Dada a sua carga útil, este seria o lançamento de maior repercussão para a
comunidade científica.
Um bom presente de aniversário para todos! Sem dúvida uma boa forma de aprofundar mais no nosso PEB, tendo uma idéia mais profunda sobre os planos e projetos a serem realizados no CLBI.
ResponderExcluirGostaria de ver duas ações extras no CLBI. É só um sonho, mas...
ResponderExcluirPrimeiro, como ele, devido as limitações mencionadas, deixou de ser um centro capacitado a "voos maiores", que tal uma maior flexibilização na sua administração? Que tal um maior envolvimento civil na sua gestão?
Vejam, não estou falando de mais uma "licitação" para o Sr. Eike "ganhar". Mas uma maior participação ou envolvimento na sua gestão, ou quem sabe numa pequena área dentro dele, da "comunidade científica" por intermédio de uma de suas entidades, quem sabe a AAB?
E em segundo lugar, arranjar lá um espaço físico e "janelas" para lançamentos de foguetes das iniciativas privadas independentes. Isso daria um grande impulso para as nossas iniciativas independentes como as de Edge of Space e tantas outras que andam "meio paradas", e carecem de um apoio mínimo para um maior desenvolvimento.
Bom, sonhar não custa...
Não vejo muita saida para o CLBI, tem que se fazer alguma coisa para esse centro de lançamento não virar apenas um centro turístico.
ResponderExcluirO Brasil possui os foguetes de sondagem e o CLBI numa excelente localização.
ResponderExcluirOu seja, tem a faca e tem o queijo, para comercializar lançamentos de foguetes de sondagem.
Público alvo? Os nossos vizinho da América do Sul.
O Equador por exemplo, investiu $ 80.000 na construção de um satélite e cerca de $ 700.000 para o seu lançamento.
Só falta a decisão de tentar abrir esse mercado.
Só torno a lembrar que a Aeronáutica, não é uma empresa, e por definição da sua atividade, não visa o lucro, então, dificilmente, a Aeronáutica que administra o CLBI, vai tomar essa iniciativa.
Seria o caso da AEB, tomar a frente, mas também duvido que de lá parta alguma coisa nesse sentido, então, resta a nós assistir o triste fim do CLBI.
Se virar um polo turístico, já vai ser lucro. A principal atividade técnica lá hoje em dia, já é apenas o rastreamento.
Triste...