O Brasil Precisa Urgentemente de Um Serviço de Inteligência

Olá leitor!

Segue abaixo um artigo escrito pelo jornalista Fábio Pereira Ribeiro publicado ontem (22/04) no site do jornal “Diário de Rússia” destacando que o Brasil precisa 'urgentemente' de um Serviço de Inteligência.

Duda Falcão

O Brasil Precisa Urgentemente de
Um Serviço de Inteligência

É fundamental ter um serviço de inteligência forte,
que municie o país de informações estratégicas

Fábio Pereira Ribeiro
22/04/2013 - 9h16

Por que a atividade de inteligência é tão desprezada no Brasil? Por que governantes e a própria sociedade ainda se prendem a passados tenebrosos, e esquecem que o mundo evolui e a fila anda? Quando se fala em serviço secreto, ou serviço de inteligência, no Brasil, a primeira coisa que vem à tona é o “porão”, ou pelo menos o triste passado do Serviço Nacional de Informações (SNI). Mas efetivamente os serviços de inteligência hoje são ferramentas importantes para o processo decisório e estratégico de um país, além de serem a melhor arma para a defesa e a segurança nacionais e internacionais.

Quando falamos em defesa nacional, a sociedade brasileira tem um pavor, ou pelo menos um descaso, com as instituições que estruturam o sistema de defesa, principalmente o desrespeito com as Forças Armadas, e também com a estruturação do Serviço de Inteligência, representado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).

A ABIN, desde sua estruturação, ainda não encontrou a sua direção, e isso efetivamente eu questiono se é culpa dela mesma, pois as suas atribuições e aplicações dependem muito da Presidência da República e também do Gabinete de Segurança Institucional, e nos últimos anos a ABIN ficou relegada a ações sem fundamento para o processo de inteligência estratégica, e desenvolvendo ações de inteligência policial. Por exemplo, casos como o monitoramento de movimentos sociais (o MST), as ações de inteligência militar, o monitoramento de políticos e o acompanhamento de ações ideológicas. E aí vai uma lista grande, que, na verdade não vai alimentar em nada o processo ou o sistema brasileiro de inteligência, considerando ameaças internacionais como contrabando de armas, tráfico internacional de drogas, terrorismo, tráfico de seres humanos e conflitos regionais, e até mesmo inteligência estratégica econômica, considerando o novo papel do Brasil na economia internacional – como, por exemplo, o crescimento econômico do Brasil no sistema internacional, no BRICS, no Pré-Sal, naq Amazônia Azul, nas relações do Brasil com África e Ásia, nas parcerias estratégicas, nas questões nucleares e – esta fundamental – na inovação e educação.

É perceptível que o governo atual tem um descaso total com a atividade da informação, e principalmente um descaso com a ABIN. Hoje, a agência tem em seus quadros uns 800 analistas, que praticamente fazem clippings e não ações de inteligência que possam desencadear uma força de decisão, posicionamento e participação do Brasil no sistema internacional, sem contar o impacto de segurança e defesa internacional para o país, considerando inclusive os próximos grandes eventos que acontecerão.

A própria agência tem baixa representação no exterior. Hoje temos um oficial de inteligência em Buenos Aires, um em Bogotá e um em Caracas, e mais uma representação avançada em Key West, na Flórida, Estados Unidos, e neste caso, em especial, parece mais um conto de Hemingway.

Mas me pergunto todos os dias: por que não temos agentes produzindo informações na África e na Ásia, principalmente com o advento do BRICS (o grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)? Ou até mesmo, do ponto de vista de inteligência estratégica econômica, representações em Washington ou Nova York, Paris e Londres? Será que o Itamaraty se dá conta disso? Já tivemos muitas surpresas no passado ao perceber que as embaixadas produziram informações atrasadas para uma tomada de decisão.

Desde o 11 de setembro de 2001, e a ocorrência de outros atentados terroristas, como Londres e Madri e agora a tragédia de Boston, o Brasil depende cada vez mais de um serviço secreto forte e bem estabelecido, pois, mesmo considerando o fato de que o país não tem inimigos externos, o Brasil e seus eventos que acontecerão são motivos fundamentais para um chamariz estratégico para ameaças terroristas, sem contar o alinhamento com a própria criminalidade brasileira, que a cada dia vem crescendo, e sem um braço mais forte por parte dos governantes, tanto federal como estaduais e até mesmo municipais. Não quero ser alarmista, mas qualquer um que tenha estudado um pouquinho o tema terrorismo perceberá que o Brasil tem um grande vazio no tema inteligência. Hoje temos instituições sem integração alguma ao sistema brasileiro de inteligência, e uma agência deslocada da sua real função.

O mais interessante é que a ABIN tem em seus quadros pessoas com um grande gabarito intelectual, diferentemente de outras agências internacionais, comparando inclusive com a CIA, dos Estados Unidos, o Mossad, de Israel, e o MI 5/6, do Reino Unido. Existem muitos mestres e doutores literalmente encostados em atividades de coleta de informações e produção de relatórios sem fins estratégicos para o Estado e de proteção ou vantagem para a nação.

Se considerarmos as boas práticas realizadas pelos serviços de inteligência das grandes potências, a ABIN poderia desenvolver de forma integrada ações com empresas brasileiras no exterior ou com estudantes considerados pesquisadores do Ciência sem Fronteiras, Veja o caso da China, que envia todos os anos 40 mil estudantes para as melhores universidades, e eles produzem conteúdos estratégicos para os seus serviços de inteligência,

Não estou falando de espionagem efetiva. Nosso plano de inovação perde muito, pois não tem uma política de acompanhamento e produção de cenários estratégicos para análise das demandas e até mesmo a constituição de uma visão mais prospectiva nos centros de pesquisas.

E, do ponto de vista da defesa, o Brasil perde muito, principalmente com a espionagem industrial que acontece no território nacional, a bioespionagem praticada por ONGs patrocinadas por indústrias farmacêuticas de diversos países, a atuação de quadrilhas internacionais do narcotráfico, o contrabando de armas de alto calibre, a movimentação de células terroristas em território nacional, a compra de terras brasileiras por parte de grandes grupos chineses, o controle de territórios com base nos aquíferos – e aí vai uma lista gigantesca.

Sobre as ONGs, isso literalmente remonta ao conceito do “santo do pau oco”, das organizações que roubam nossa riqueza para alimentar o tesouro dos outros.

Assim, me pergunto por que a nossa Presidente Dilma Rousseff não transforma a ABIN numa grande organização estratégica? Medo do passado? Por que a ABIN ainda tem como comandante maior um general? Medo do passado? Por que a ABIN não tem integração com empresas brasileiras no exterior, e também integração com as universidades?

O cenário do Brasil é preocupante. Teremos eventos de grande porte internacional, e de alguma forma com ameaças potenciais. É fundamental para o Brasil um serviço de inteligência forte, que municie o país de informações estratégicas e mostre ao mundo que o Brasil efetivamente pode ter um novo movimento estratégico nos próximos anos, e não viver de um passado utópico, onde inteligência significava “porão”. E devemos ter um serviço atuante no exterior, onde realmente interessa, e não se perdendo em trabalhos de “detetives de traição” com países sem sentido e traidores do Brasil, ou acompanhando movimentos criminosos em que os serviços policiais deveriam efetivamente atuar.

Como diria o grande estrategista, “informação é poder”!


Fonte: Site do Jornal “Diário da Rússia” - 22/04/2013 - http://www.diariodarussia.com.br

Comentário: Concordo em gênero, número e grau com o autor do texto. Não bastasse a falta de compromisso do governo com os interesses da nação, a incompetência gerencial do mesmo, a corrupção, o jogo de interesses, a desinformação do povo gerada por uma educação deficiente, ainda temos de conviver com a estupidez administrativa nessas questões. Coisa que ficou bem clara com a autorização dada a Boeing para implantar oficialmente uma base no país, colocando em risco os projetos estratégicos brasileiros, não só pelo fato da Boeing ter estreitíssimas ligações com a CIA, que certamente será usada com maestria, mas principalmente pelo, como o autor disse, não existir no Brasil um órgão capaz de enfrentar essas investidas internacionais, tornando o Brasil uma verdadeira Casa de MÃE JOANA, ou devo dizer, casa de MÃE DILMA? Lamentável!

Comentários

  1. Nada como um dia depois do outro...

    Uma publicação chamada "Diário da Rússia", no Brasil, reclamando da ausência de ações na área de inteligência, pedindo mais atenção para com a ABIN, isso em época de um "governo" comandado por uma "ex-guerrilheira", que se alinha ainda nos dias de hoje, com governos dos tipos de: Ahmadinejad, Maduro, Kirchner, Raúl Castro, só para citar alguns. É, para dizer pouco, inacreditável.

    Mas concordo com a ideia geral da nota, acrescentando que o Brasil também precisa urgentemente de Governantes Inteligentes, em TODOS os níveis. E mais uma vez reforço: inteligência, não significa necessariamente um diploma.

    Att.

    ResponderExcluir
  2. Lembro-me de ler um livro sobre os serviços secretos israelitas, e eles diziam que a america latina era deixada para os agentes no fim de carreira, por ser um lugar "tranquilo". Não me admira. Sem vigilancia, sem monitoramento, sem organização concreta na inteligencia, sem leis que abrajam essa área... realmente, é o paraíso.

    O atentado de Alcântara foi um atentado a soberania nacional, e o Estado se calou. Os brasileiros foram presos na Bolívia (por serem brasileiros), sem justa causa, como fala esse Deputado nesse video, e o Estado se calou. A FIFA diz que o Brasil tem que vender cervejas nos estádios (mesmo sendo contra a lei brasileira), e o Estado abriu uma excepção. Estamos sendo vendidos para estrangeiros, e o estado deixa...

    Por outro lado, mas posso estar errado, creio que exista em Brazilia quem lucre com o trafico de droga, trafico de mulheres, e quem sabe, trafico de armas. Pra que um serviço de inteligencia nesse caso? (apesar de saber que a CIA tb esteve envolvida no tráfico de pessoas).

    É tão obvio, e tão importante garantir a proteção de nossa soberania nacional, que estão todos confusos sobre porque o governo ainda não tomou medidas fortes. Creio que eles entrariam em conflito com os próprios serviços de inteligencia, que têm que se reger pela lei. Se procuradores e STF já são um pé no saco, imagina montarem uma organização que consiga recolher provas. Enfim, Deus salve o Brasil!

    ResponderExcluir
  3. " PENSAM ELES! PARA QUE SV DE INTELIGÊNCIA NUM PAÌS DE CARNAVAIS?"
    Bom meus amigos Marcos Ricardo e Duda Falcão! vocês estão de parabéns com seus inusitados e futurísticos comentários. Primeiro vamos falar da importância do ESTADO , em manter a paz e o bem estar social e científico da nação. Pergunto a todos, existem um plano estratégico que salve-guarde todos nossas riquezas científicas, econômicas e principalmente no que diz respeito á segurança da nação ?
    A exemplo temos em destaque: O despreparo dos argentinos na guerra das Malvinas, faltou a ação da inteligência em dizer NÃO! com consistência . NÃO! no que concerne a instalação da fábrica da Boeing , numa região valiosa postada no berço da nata da tecnologia nacional, logo em São José dos Campos- CTA, porque não á instalaram, na zona franca de Manaus?
    Para isso , Brasília necessita de informações! Necessita saber onde estão as zonas de maior vulnerabilidade, onde estão expostos as raízes do progresso da nação, além de tomar as forças armadas junto á Polícia Federal devem tomar
    conhecimento das pessoas ( Políticos Corruptos, Terroristas, Nações mal intencionadas ) que tentam prejudicar a sociedade e o PEB. Será que o nossos governantes necessitam dessas informações? Pois eles (MARAJAS DONOS DA RAZÃO E DA SABEDORIA UNIVERSAL), decide injustamente o caminho de nossa comunidade científica e social, nossa líder, nossa Presidenta, nossos amáveis e confiáveis parlamentares todos esses dirigentes , no jeito que as coisas andam, será que necessitam realmente de informações para poderem de alguma forma defender nossos interesses?
    Os agentes da polícia Federal, deveriam serem premiados com a medalha de “HONRA AO MÉRITO”, pelos bons serviços prestados durante as operações de descobertas de falcatruas geradas pelos brasileiros que roubam os cofres públicos. Pergunto, adiantou tanto trabalho do setor de investigação para terminar em pizza em BRA?
    Logo , afirmo! Necessitamos SIM! da ABIN MAIS SÉRIA E COMPROMETIDA com a nação. Necessitamos SIM! dos sistemas de inteligência das Forças Armadas,
    da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, das polícias legislativas, etc, todas interligadas informativamente. Precisamos valorizar e tornar em prática, em quanto antes esses órgãos, melhorá-los, capacitar a todos comm novas tecnologias disponíveis .
    Alguns possíveis erros atuais e do passado, não podem determinar a falência e a extinção ou desvalorização desses importantes órgãos de Inteligência! E não de BURRICE. O Brasil não pode furtar-se em tê-la. E se o fizer, pagará certamente um preço muito alto por isso.”

    ResponderExcluir

Postar um comentário