MEC Nega Manobra, Mas Conta Bolsa Regular Como CsF

Olá leitor!

Segue o complemento da matéria de ontem da Folha de São Paulo sobre as bolsas no exterior publicada hoje (24/04) no site do jornal “Folha de São Paulo”.

Duda Falcão

Ciência

MEC Nega Manobra, Mas Conta Bolsa
Regular Como Ciência sem Fronteiras

TAI NALON
DE BRASÍLIA
24/04/2013 - 03h28

O governo afirmou ontem que tem computado no Ciência sem Fronteiras os bolsistas regulares da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) desde o primeiro ano do programa, lançado em 2011.

Disse, contudo, que "não é verdadeira a afirmação" de que haja uma maquiagem dos dados do programa de bolsas de estudo no exterior.

A Folha revelou ontem que a manobra para aumentar os números do Ciência sem Fronteiras ocorria há pelo menos um mês e meio.

Segundo o Ministério da Educação, o governo conta como integrante do Ciência sem Fronteiras "todos os bolsistas [regulares] que possuem o perfil e pertencem às áreas prioritárias" do programa "desde meados de 2011".

A Capes, contudo, não explicou por que fez o anúncio da migração para os bolsistas neste mês --o que entra em choque com a informação de que isso é assim desde o começo do programa.

Na sexta-feira passada, a Capes informou aos bolsistas de seus programas regulares que eles seriam oficialmente migrados para o Ciência sem Fronteiras se estivessem dentro dos critérios de seleção do programa. Segundo o órgão divulgou ontem, "não faz sentido dar tratamentos diferenciados a candidatos em situações idênticas".

Contradiz-se, contudo, ao dizer que "identificou" os bolsistas de programas tradicionais que estavam nas áreas prioritárias do Ciência sem Fronteiras.

A reportagem havia pedido ao órgão, em 8 de abril, o acesso aos nomes dos bolsistas de cada um dos programas de pós-graduação. A instituição negou o pedido, alegando falta de estrutura para saber quantos eram os bolsistas e se eles estavam no Ciência sem Fronteiras.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

SELEÇÃO

O órgão afirmou ainda que os candidatos dos programas regulares e do Ciência sem Fronteiras foram "selecionados com o mesmo rigor", embora alguns tenham sido reprovados em um processo e aprovados em outro.

"Candidatos não aprovados numa dada chamada podem sempre melhorar suas propostas nos pontos destacados como falhos e reapresentá-las", afirmou.

Segundo a assessoria da Capes, não há problemas estruturais para o funcionamento do programa. Mas, em janeiro, o próprio presidente do órgão, Jorge Guimarães, queixara-se de que havia mais demanda com "o mesmo pessoal, sem aumentar uma pessoa, sem aumentar um DAS [cargo comissionado], sem aumentar nada".

A Capes também negou que tenha informado oficialmente a seus bolsistas que a manobra, conforme a Folha relatou, é "para dar estatística". No entanto, a reportagem mostrou que essa informação foi enviada pela Capes por e-mail como resposta a bolsistas que haviam questionado o órgão sobre seus dados, e não como comunicado geral aos beneficiados.

"Ao tentar denegrir essa iniciativa, os críticos desse programa não se importam se, nesse processo, estão prejudicando milhares de estudantes brilhantes que estão tendo uma oportunidade única nunca antes a eles oferecida", diz a Capes.

A assessoria de imprensa do MEC enviou carta à Folha criticando a reportagem. A pasta queixou-se de que a Folha não procurou o ministério ou a Capes para comentar o caso antes da publicação.

Hoje (24), o ministro Aloizio Mercadante (Educação) concederá entrevista coletiva para falar sobre os problemas do Ciência sem Fronteiras.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress


Fonte: Jornal “Folha de São Paulo” - 24/04/2013 

Comentários

  1. Sim, ok. Somente no último mês. Sei...

    Como o Marcos bem notou, bem antes de um mês estava um estudante de MODA reclamando sobre a ineficiencia da distribuição dos recursos da bols do CsF.

    Aqui onde vivo, quando perguntei como fazia para trabalhar num determinado lugar, que coincidentemente era da responsabilidade da função pública, eles me disseram que tinha duas maneiras:

    1) Esperar a data certa, fazer concurso e passar. Ou

    2) Conhecer alguém na prefeitura que me pudesse dar "um jeitinho", e me colocasse lá sem passar por nenhuma das exigencias.

    Enfim... se existiu quem recebeu a bolsa contornando as regras, conhecendo o Brasil, diria no mínimo que é muito provavel. Mas diria que nesse caso é quase certo, porque sei que um jornalista não iria se arriscar a ganhar um processo por fornecer falsas informações.

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  2. Digo e repito, esse programa de espalhar mais de 100.000 bolsistas pelo Mundo não melhora em nada a qualidade do que nos interessa.

    É sim, mais um programa populista com finalidade de exercer "pressão de voto" nos "agraciados".

    A Índia por exemplo, coloca no mercado uma quantidade incrível de trabalhadores de nível superior todos os anos, mas a qualidade...

    Claro que com a quantidade geral maior, se pode obter uma quantidade maior também daqueles excepcionais, que existem em toda parte.

    Muito melhor para o País por exemplo, seria o estabelecimento e fortalecimento de centros de pesquisa para abrigar uma verdadeira "elite" de cérebros.

    Continuo questionando. De que adianta formar essas pessoas lá fora se elas não vão ter onde trabalhar aqui dentro? Estão gastando o nosso dinheiro, para formar mão de obra especializada para trabalhar em outros países. É justo? É razoável? É inteligente?

    Só não vê quem não quer.

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