Entrevista com o Coordenador do Grupo Edge Of Space
Olá leitor!
Nesse começo de ano o blog “BRAZILIAN SPACE” vem apresentando uma série de entrevistas com personalidades públicas e privadas que trabalham nas atividades de ciência, tecnologia e espaciais do país.
Para essa série já entrevistamos o senhor Wagner Brito (Coyote Rockets Company), o tecnólogo Oswaldo Loureda (Acrux Aerospace Technologies), o Professor Marcos Luna (Núcleo Tecnológico do Agreste - NTA) e o Vice-Diretor de Espaço Cel. Eng. Carlos Antônio de Magalhães Kasemodel (Instituto de Aeronáutica e Espaço - IAE), além de apresentarmos uma longa e interessante entrevista com o Engenheiro Mecânico Aeronáutico René Nardi (Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da empresa INOTECH), esta realizada pelo site do diário digital "Fanzine".
Agora leitor, dando seqüência a esta série trago para você uma interessante entrevista com o Eng. Químico e Coordenador do grupo paulista “Edge Of Space”, o senhor José Miraglia.
O engenheiro Miraglia nessa entrevista nos fala sobre os projetos em curso do grupo “Edge Of Space” com a cautela que evidentemente é necessária para quem trabalha neste setor atualmente no Brasil.
Gostaríamos de agradecer publicamente a atenção do engenheiro José Miraglia dada ao nosso blog, desejando-lhe desde já sucesso com os projetos em curso.
Duda Falcão
BRAZILIAN SPACE: Eng. Miraglia, nos fale sobre o senhor. Sua idade, formação, onde nasceu e se tem atualmente outra atividade além de ser o líder e coordenador do inovador grupo “Edge Of Space”?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Tenho 44 anos sou formado Engenheiro Químico na Escola Politécnica da USP e sou Mestre em Engenharia Aeronáutica pelo ITA. Nasci em Jaú, estado de São Paulo, sou professor Universitário há 14 anos e coordenador de projeto FAPESP PIPE Fase II para o desenvolvimento de propelentes verdes para foguetes.
BRAZILIAN SPACE: Como é quando surgiu à idéia da criação do grupo e quantos profissionais hoje fazem parte do mesmo?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: A idéia surgiu a pelo menos 10 anos atrás objetivando o desenvolvimento de um veículo para o turismo espacial utilizando propelentes verdes e de baixo custo, a idéia amadureceu e se consolidou na forma atual, nosso principal objetivo são os propelentes verdes e foguetes de baixo custo, o turismo espacial também continua sendo uma possibilidade futura. A equipe conta com nove profissionais sendo dois físicos, um bacharel em direito e os demais engenheiros.
BRAZILIAN SPACE: Engenheiro, o grupo tem um projeto intitulado “Desenvolvimento de Propulsor Catalítico Utilizando Propelentes Pré-Misturados” que já se encontra em sua segunda fase e conta com o apoio da FAPESP, através do “Programa PIPE”. Como vai o andamento deste projeto e quando o mesmo será finalizado?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: O projeto será finalizado no final de 2011, estamos na fase de testes dos propulsores de 100 N utilizando peróxido de hidrogênio e etanol, o objetivo final é um motor de 1000 N até o final do projeto.
Um dos Motores em Desenvolvimemto do Projeto da FAPESP
(Motor HOT de 100N)
BRAZILIAN SPACE: Existe no momento algum interesse por parte do grupo de realizar uma terceira fase deste projeto?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Sim, temos a intenção de desenvolver propulsores maiores.
BRAZILIAN SPACE: Engenheiro, um dos projetos do grupo na área de foguetes que tem sido abordado pelo blog desde que tomamos conhecimento do mesmo é o projeto do foguete suborbital “Edge”. Como vai o desenvolvimento deste foguete, qual a previsão otimista para o seu primeiro lançamento e de onde o mesmo será realizado?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Toda tecnologia do foguete Edge será derivada do projeto FAPESP. O problema atual é a falta de recursos, tudo está sendo feito com nossos recursos, infelizmente escassos, necessitamos de investidores. Uma versão em escala reduzido do “Edge” será lançada ainda este ano. O “Edge” seguirá em 2012 ou 2013, o local de lançamento não está definido ainda.
BRAZILIAN SPACE: Engenheiro, dentre os projetos do grupo que o blog acompanha com interesse está o do lançador “PI” de picosatélites, já que o mesmo abrirá uma opção barata de acesso ao espaço para a comunidade científica e acadêmica brasileira ainda não existente no país. Qual é a situação atual deste projeto?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: O lançador terá toda sua tecnologia derivada do “Edge”. As simulações e otimizações do lançador “PI“ já foram feitas, precisamos mais estudos, mas depende dos resultados obtidos do foguete “Edge”.
BRAZILIAN SPACE: Engenheiro, em palestra realizada em novembro do ano passado na UFABC, o senhor divulgou a assinatura de um acordo entre o grupo e a empresa sérvia “EdePro” para o desenvolvimento de alguns projetos importantes e entre eles o de um motor-foguete líquido de 50kN movido a propelentes verdes. Como vai o andamento deste acordo e quando poderemos contar com esse motor-foguete?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: O acordo foi assinado, teremos um encontro com os engenheiros da “EdePro” ainda neste primeiro semestre. O motor de 50 kN será um passo tecnológico muito importante para nós permitindo a realização de uma série de projetos.
(propulsor) TRM 50k
BRAZILIAN SPACE: Engenheiro, outros projetos na área de foguetes parecem fazer parte deste acordo com os sérvios. São eles: o projeto do foguete de sondagem reutilizável FSR- 2.0, que tem uma concepção jamais vista pelo blog, e o de um pequeno veículo lançador de microsatélites. O que o senhor pode nos dizer sobre esses projetos?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: O FSR- 2.0 será um foguete 100% reutilizável objetivando a redução dos custos dos experimentos em microgravidade e sondagens atmosféricas. O lançador de microsatélites tem por objetivo a colocação de cargas úteis de no máximo 26 Kg em órbitas baixas e lançamento de baixo custo. Lembrando que todos estes veículos utilizarão propelentes verdes a base de peróxido de hidrogênio e etanol.
Sondagem Reutilizável FSR- 2.0
BRAZILIAN SPACE: Engenheiro, segundo o site do grupo a “Edge Of Space” está também envolvida com projetos educacionais. Qual é o objetivo do grupo com esses projetos?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Nosso objetivo é difundir o “espaçomodelismo” no Brasil, visando estimular nossos jovens nesta área tecnológica tão fascinante. Isto já ocorre nos países de primeiro mundo há décadas.
BRAZILIAN SPACE: Engenheiro existe algum projeto em andamento ainda não divulgado pelo grupo que o senhor gostaria de destacar para os leitores do blog?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Existe, mas ainda não posso divulgar.
BRAZILIAN SPACE: Finalizando engenheiro Miraglia, sendo o senhor um profissional do setor, qual é a sua expectativa com relação ao desempenho do governo DILMA no setor espacial?
ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Existem boas intenções, mas vamos aguardar pelo menos até o final deste ano para ver alguns resultados. Até hoje no Brasil o programa espacial não foi tratado como deveria, é necessário mais verbas, melhores salários, continuidade nas equipes formadas e um concurso público sério, para reposição dos profissionais que estão se aposentando.
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