O Brasil e as Missões de Espaço Profundo não Aprovadas


Olá leitor!

Diferentemente do que a maioria dos amantes do PEB imagina, existem e existiram projetos que interagiam de forma muito objetiva com a astronomia e astrofísica brasileira. Atualmente o único projeto aprovado e em estudos nessa área é o projeto do satélite científico para observações atmosféricas e astronômicas - "Lattes-1", que na realidade será composto basicamente por duas missões. São elas:

Missão EQUARS: Se destina a realizar o monitoramento global da região equatorial da atmosfera terrestre. Os dados obtidos dessa missão deverão ser aplicados no estudo dos fenômenos que ocorrem em nossa atmosfera e da sua relação com o clima espacial e a meteorologia.

Missão MIRAX: Será usado para pesquisas em astronomia, destinando-se a monitorar e coletar imagens de uma região do céu muito rica em fontes emissoras de raios X. Com essa missão pretende-se estudar fenômenos que estão entre os mais energéticos do Universo.

No entanto leitor, outras iniciativas na área de espaço profundo muito significativas foram criadas para tentar sensibilizar o governo brasileiro desde a chegada ao Brasil (acredito que por volta de 2001) do pesquisador russo Alexander Sukhanov a convite do INPE.

Infelizmente para o Brasil, apesar do esforço desse pesquisador durante um período de quase 10 anos e da significância científica e tecnológica dos projetos propostos pelo mesmo e por sua equipe de pesquisadores, os "cabecinhas de panetone" que militam no governo e nos órgãos que comandam o PEB não se sensibilizaram com a importância desses projetos.

Abaixo para que o leitor possa ter uma idéia melhor da significância científica e tecnológica desses projetos, segue uma lista descritiva dos mesmos que certamente poderá causar surpresa, pois com exceção do projeto do MCE (Monitor de Clima Espacial) e do Projeto ASTER (recentemente abordado aqui no blog) os outros jamais foram de conhecimento público.

Duda Falcão

Projeto Brasileiro / Russo da Missão MCE (Monitor de Clima Espacial)

Descrição: Este projeto Brasileiro/Russo tinha como objetivo investigar o vento solar e a magnetosfera da terra e realizar prognósticos de tempestade magnética mediante o envio de um pequeno satélite (sonda) ao ponto da oscilação do Sol-Terra L1 e então de novo a uma órbita terrestre do alto-apogeu. A atividade incluiu a organização do projeto e da análise da missão.

Atividades de Participação no Projeto pelo pesquisador Sukhanov:

- Coordenação Geral de Engenharia e Tecnologia Espacial;
- Divisão de Mecânica Espacial e Controle.

As seguintes ações foram conduzidas pelo pesquisador Alexander Sukhanov:

- Conduziu a organização de discussões diretas entre os colegas brasileiros e russos;
- Conduziu os contatos entre os diretores de INPE e de IKI;
- Conduziu o envolvimento da AEB e Rosaviakosmos na atividade;
- Conduziu a busca por diversas órbitas para o satélite;
- Conduziu as negociações com o Russian Rocket e Space Corporation Energia (RSC) visando o desenvolvimento do projeto do satélite (sonda);
- Conduziu a atividade do projeto proposto para o INPE em 2003.

Situação: Desativado (período 05/2001 - 11/2003)

Equipe:

Walter Gonzalez (Coordenador)
Georgy Zastenker
Anatoly Petrukovich
Otavio Santos Cupertino Durão
Alexander Sukhanov

Financiador: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Saiba mais sobre esse projeto pelo link:

http://md-m09.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/md-m09@80/2009/08.26.13.51/doc/brasil%20pode%20ter%20primeira.pdf

Projeto Brasileiro / Russo da Missão Santos Dumont

Descrição: O projeto Santos Dumont foi concebido para substituir o projeto do MCE em um nível novo caso o MCE não fosse aprovado por INPE e pela AEB.

Duas opções para as missões de espaço foram consideradas dentro do projeto:

- missão ao ponto de oscilação do Sol-Terra L1 (veja a descrição do projeto do MCE);
- missão à lua.

Alexarder Sukhanov participou na análise da missão e na organização da cooperação com a Rússia

Situação: Desativado (período 12/2003 - 03/2004)

Equipe:

Otavio Santos Cupertino Durão - Coordenador
Salvador Noqueira Leite Ceglia
Alexander Sukhanov

Financiador: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

Projeto ISHTAR Brasileiro

Descrição: Este projeto espacial estava sendo desenvolvido sob uma iniciativa privada (parceria pública privada). O projeto era de uma missão de baixo custo à lua que poderia incluir além do orbitador uma sonda lunar que desceria na superfície. O nome preliminar da missão era Ishtar. Esta missão lunar também incluiria um número de pequenos satélites secundários (chamados CubeSats) a ser desenvolvidos por universidades Brasileiras.

Os objetivos da missão seriam os seguintes:

- fotos de superfície e mapa de superfície 3-D da lua;
- mapa da gravidade da lua e outros objetivos científicos;
- aquisição de dados de 6 a 8 CubeSats carregados pelo nave mãe lunar orbitadora liberados antes da inserção lunar na órbita para o impacto ou a demonstração aérea lunar, ou feito exame na órbita e liberado durante todo o período das operações do vôo do ano.

A participação no projeto incluiu as seguintes atividades:

- análise da missão;
- cooperação organizanda com a Rússia dentro no projeto da nave espacial, no lançamento e nas operações e experiências científicas.

Situação: Desativado (período de 08/2005 - 01/2006)

Equipe:

Alfredo José Fernando Dib – Coordenador
Otávio Santos Cupertino Durão
Anthony Joseph Spear
Salvador Nogueira Leite Ceglia
Paulo Antônio de Souza Júnior
Alexander Sukhanov

Projeto ASTER

Descrição: Trata-se de uma parceria entre o INPE, as universidades brasileiras UnB, UFABC e a UNESP com os russos pra ao desenvolvimento da primeira sonda de espaço profundo brasileira visando pesquisar um asteróide próximo a Terra. Essa Missão sugerida pelos pesquisadores Elbert Macau do LAC-INPE e Othon Winter da UNESP de Guaratinguetá – SP.

Objetivos Científicos e Tecnológicos da Missão:

- Aproximação com velocidade zero de um asteróide binário ou triplo e realizar sua exploração a uma distância próxima;
- Analisar sua composição química;
- analisar sua distribuição de massa;
- Embarcar componentes espaciais em desenvolvimento no Brasil como os propulsores iônicos em desenvolvimento na UnB e no INPE;- Cooperar em sistemas de transmissão de sinais a distâncias muito longas;
- Dominar e testar (em vôo) tecnologias estratégicas

Situação: Recentemente proposto e aguardando um posicionamento (2009)

Equipe:

Antonio F. Bertachini A. Prado (DEM-INPE)
Alexander Sukhanov (IKI/INPE)
Elbert E. Macau (LAC-INPE)
Gilberto Sandonato (LAP-INPE)
Haroldo F. de Campos Velho (LAC-INPE)
Ijar da Fonseca (DEM-INPE)
José Leonardo Ferreira (UnB)
Luiz Martins (UFABC)
Othon Winter (UNESP)
Walter Abraão (DEM-INPE)

Saiba mais sobre esse projeto pelo link:

Projeto Aster é Proposto no IWAE. Será Realizado?

Duda Falcão


Fonte: Diversas

Comentários

  1. Duda,

    Muito interessantes tais projetos. Acho estranho a descontinuidade, ou o que estaria por trás, será privilegiar parcerias apenas com a Ucrânia? Tudo não poderia ser coordenado da melhor forma? Veja este programa Ishtar! Lançar uma sonda à Lua!
    É decepcionante ver essas oportunidades caírem no vazio, mas considerando os discursos inflamados de alguns "gestores políticos da área" até parece que iremos chegar qualquer hora a Júpiter, com vontade e paciência - a nossa...

    Abraços,

    Sengedradog

    ResponderExcluir
  2. Olá Sengedradog!

    Realmente amigo, esses projetos eram maravilhosos e certamente atuariam para o Brasil como um divisor de águas nessa área de exploração espacial. No entanto, os “Cabecinhas de Panetone” (como você sabiamente os intitulou) não viram dessa forma e os projetos foram engavetados, se é que chegaram realmente a serem avaliados (com exceção talvez do MCE). Agora, uma vez mais, o pesquisador Alexander Sukhanov aparece envolvido (êta russo de paciência sô) com outro projeto (Projeto ASTER) tentando sensibilizar essa gente e aproveitar em vôo os propulsores iônicos (a plasma) já desenvolvidos no INPE e na UnB. Porém, talvez dessa vez haja uma possibilidade desse projeto ir em frente devido ao acordo assinado entre a UnB e uma universidade ucraniana que prevê o desenvolvimento de projetos conjuntos. No entanto, é ainda uma possibilidade bem pequena para não dizer insignificante, já que independente de qualquer coisa necessitaria do apoio financeiro do governo. Como o governo Lula está de noivado com o governo ucraniano, pode ser que o projeto saia do papel. Quanto aos outros projetos, infelizmente por enquanto são sonhos inatingíveis, a não ser que haja alguma mudança radical nessa política destrambelhada (se é que existe alguma) adotada por eles. Lembrando que o novo PNAE do Ganem vem ai e só deus sabe o que vem com ele.

    Abs

    Duda Falcão

    ResponderExcluir
  3. Projetos bacanas. Mas é demais para "as cabecinhas de panetone" conforme vc falou, Duda.
    Ainda sonho que alguns deles seja aproveitado no futuro. Com certeza, usariamos um lançador russo né ?

    ResponderExcluir
  4. Olá Ricardo!

    É bem provável que sim, ou mesmo do Cyclone-4 se sair do chão. No entanto, eu tenho cá minhas dúvidas quanto à realização desses projetos algum dia, até mesmo o novo projeto proposto (Projeto ASTER), pois a falta de visão dessa gente é um problema sério de ignorância genética, infelizmente. No entanto, a equipe de pesquisadores desse projeto parece acreditar firmemente em sua realização. Tentei um contato via e-mail com o pesquisador José Leonardo Ferreira do Instituto de Física da UnB (coordenador da equipe que desenvolveu o propulsor iônico “Phall-1” nessa universidade) visando obter maiores informações sobre esse projeto, mas infelizmente até o momento não obtive qualquer resposta.

    Forte abraço

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

    ResponderExcluir

Postar um comentário