Friuli Ampliará Presença no Setor Aeroespacial e de Defesa


Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada hoje (08/01) no jornal “Valor Econômico” destacando que a “Friuli”, empresa da cadeia aeroespacial de São José dos Campos que venceu a licitação para a fabricação dos motores do foguete VSB-30 irá ampliar a sua presença nos setores de Defesa e Aeroespacial.

Duda Falcão

Friuli Vai Ampliar Presença nos Setores de Defesa e Aeroespacial

Virgínia Silveira
08/01/2010


Um novo contrato na área de defesa e a aprovação de um projeto de desenvolvimento tecnológico pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) vão dar continuidade ao processo de diversificação nos negócios da Friuli, reduzindo sua dependência do setor aeronáutico, principalmente da Embraer.

Única fabricante nacional de bombas de penetração para a Força Aérea Brasileira (FAB), a Friuli aumentará para 20% a participação do setor de defesa em sua receita em 2010. A Embraer deverá ficar com 50%, enquanto o setor aeroespacial fica com 20% e o segmento de petróleo com 10%. Até setembro de 2008, 95% da produção era destinada à Embraer. Índice que caiu para 60% no ano passado. Em 2009 a receita foi de R$ 7,3 milhões, abaixo dos R$ 9 milhões de 2008. Para este ano, a previsão é voltar aos R$ 9 milhões.

O aumento do setor de defesa virá da vitória em uma licitação aberta pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) para a produção dos motores do foguete VSB-30, utilizado em missões sub-orbitais de exploração do espaço.

"Esse contrato viabiliza a criação de uma estrutura maior de engenharia na empresa, abrindo novas oportunidades no setor aeroespacial, especialmente no mercado de exportação", comenta Gianni Cucchiaro, diretor da empresa. A Friuli, segundo ele, já fornecia alguns componentes do VSB-30, mas o novo contrato com o DCTA permitirá à empresa aumentar seu conhecimento e profissionalismo em áreas que envolvem tecnologias muito avançadas.

O VSB-30 é um foguete de sondagem 100% brasileiro e o primeiro a ser certificado no país, tornando-o apto para a produção em série. O foguete já contabiliza nove lançamentos bem sucedidos, sendo dois em território nacional e sete na Europa. O VSB-30 foi desenvolvido pelo Instituto de aeronáutica e Espaço (IAE), órgão de pesquisa do DCTA e financiado, em parte, pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR), um dos principais usuários do foguete.

Em dezembro, a Friuli também confirmou a aprovação, pela Finep, do projeto de desenvolvimento de um sistema de planeio e guiamento de bombas por GPS. A empresa vai receber R$ 4,1 milhões para o projeto, através do programa de subvenção econômica de 2009.

O sistema de guiamento de bombas que a Friuli irá desenvolver, segundo Cucchiaro, é de alta precisão e será capaz de lançar bombas de 230 quilos, a uma distância entre 70 e 75 quilômetros e altitude de 30 mil pés. "Esse sistema, guiado por GPS, expõe menos a aeronave a riscos, pois é mais preciso no alvo, similar a um míssil."

O custo do sistema, segundo o executivo, deve ser da ordem de US$ 25 mil. "Os motores do VSB-30 e o sistema de guiamento e planeio de bombas vão gerar bastante demanda na área de engenharia da empresa e a nossa expectativa é a de contratar cerca de 10 engenheiros em 2010 para trabalharem nos novos projetos", diz.

Além dos novos projetos, a Friuli fornece peças para a marinha, como contêineres para armazenamento e transporte do míssil mar-ar Aspide. Ainda no segmento aeroespacial, a Friuli produziu três maquetes de 40 metros de altura do foguete Cyclone 4, da Ucrânia. As maquetes serão utilizadas na campanha de divulgação do lançador ucraniano pelo mundo. O Brasil assinou um acordo com a Ucrânia para lançar os foguetes da família Cyclone a partir do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara), no Maranhão.


Fonte: Jornal Valor Econômico - 08/01/2010 - Via NOTIMP

Comentário: Notícia já abordada em parte aqui no blog (veja as notas Empresa de São José dos Campos Fará Motor do VSB, O Foguete VSB-30 - Artigo) e de suma importância para o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro. Essa política de transferência de tecnologia para as indústrias brasileiras adotada pelo IAE e pelos órgãos que compõem o PEB me parece acertada e necessária, já que é o modelo adotado no mundo que deu certo. No entanto, é preciso se ter muito cuidado na confecção desses contratos com essas empresas criando algum mecanismo que impeça a mesma de repassar essa tecnologia sem a devida autorização do governo brasileiro. Nessa área de alta tecnologia as aquisições de pequenas empresas de alta tecnologia por grandes empresas internacionais é muito comum e, portanto o governo tem de se prevenir quanto a isso, já que essa tecnologia é estratégica e pertence ao povo brasileiro.

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