A FEI e o Programa de Microgravidade da AEB
Olá leitor!
Desde a criação do “Programa de Microgravidade” pela Agência Espacial Brasileira (AEB) em 1998 diversas universidades brasileiras (USP, Unicamp, UFPE, UFRN entre outras) vem participando desse programa enviando experimentos científicos via foguetes de sondagem para o espaço. Uma das mais atuantes dessas universidades tem sido a Faculdade de Engenharia Industrial – FEI do estado São Paulo, que participou de diversas operações desde o inicio do programa e mesmo antes dele através de outros meios. Abaixo segue um pequeno histórico de algumas dessas missões até o ano de 2000.
Duda Falcão
A FEI e o Programa de Microgravidade
Com a colaboração do Centro Técnico Aeroespacial de São José dos Campos, estão sendo realizados experimentos de microgravidade (gravidade reduzida) através do lançamento de amostras em vôos espaciais.
Operação Lençóis Maranhenses - Foguete VS-30 - 06/02/2000
Tendo em vista a importância crescente das "ciências da vida" no desenvolvimento científico e tecnológico mundial, a Biotecnologia oferece amplo campo de pesquisa para os engenheiros químicos. Processos biotecnológicos têm sido cada vez mais importantes na produção de proteínas, enzimas, hormônios, vacinas, etc., os quais são economicamente essenciais para setores de química fina, tais como a indústria farmacêutica (saúde humana e animal), alimentícia, cosmética, setores agro-industriais e de meio ambiente.
Com os olhos voltados para a formação de profissionais para atuarem neste campo de trabalho, os professores pesquisadores do Departamento de Química da Faculdade de Engenharia Industrial - FEI, com colaboração de alunos bolsistas de Iniciação Científica, vêm realizando pesquisas relacionadas ao uso de enzimas como catalisadores biológicos, em substituição a catalisadores químicos usuais e em Processos de Recuperação de Enzimas, como Extração em duas fases aquosas.
Com os olhos voltados para a formação de profissionais para atuarem neste campo de trabalho, os professores pesquisadores do Departamento de Química da Faculdade de Engenharia Industrial - FEI, com colaboração de alunos bolsistas de Iniciação Científica, vêm realizando pesquisas relacionadas ao uso de enzimas como catalisadores biológicos, em substituição a catalisadores químicos usuais e em Processos de Recuperação de Enzimas, como Extração em duas fases aquosas.
Operação Lençóis Maranhenses - Foguete VS-30 - 06/02/2000
Dentro da linha de pesquisa em Biotecnologia apresentada, tem-se realizado experimentos em ambiente de microgravidade, através do lançamento de amostras em vôos espaciais.
O interesse por experimentos realizados em veículos espaciais, para testar o efeito da microgravidade nos mais diferentes processos, vem crescendo em função da construção da Estação Orbital Internacional (ISS), planejada para entrar em operação em 2002. Esta estação irá permitir a realização de experimentos mais longos em ambiente de microgravidade.
O interesse por experimentos realizados em veículos espaciais, para testar o efeito da microgravidade nos mais diferentes processos, vem crescendo em função da construção da Estação Orbital Internacional (ISS), planejada para entrar em operação em 2002. Esta estação irá permitir a realização de experimentos mais longos em ambiente de microgravidade.
Operação Lençóis Maranhenses - Foguete VS-30 - 06/02/2000
A microgravidade representa um novo ambiente de laboratório onde células e biomoléculas, tais como enzimas, podem ser estudadas para maior compreensão de fenômenos básicos. Em microgravidade, uma das vantagens é o crescimento ordenado de cristais de proteínas, devido à eliminação de efeitos de convecção.
Três experimentos científicos foram realizados com participação de alunos da Iniciação Científica em microgravidade e todos tiveram impacto positivo no curso de Engenharia Química.
O primeiro experimento, realizado em outubro de 1998, foi realizado a bordo do ônibus espacial Discovery, durante a missão STS-95 da NASA com a duração de 9 dias. Este experimento visava a avaliação do efeito da gravidade na hidrólise do óleo de oliva, utilizando a enzima lipase nas formas solúvel e imobilizada. Pretendia-se verificar o efeito da microgravidade sobre a difusão do óleo nos poros do biocatalisador. O meio de reação para a lipase consiste de uma emulsão água e óleo de oliva em condições controladas de temperatura e pH inicial.
O segundo experimento, em março de 1999, foi realizado no vôo do foguete brasileiro VS-30 do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) durante a Missão São Marcos, para realizar o estudo da estabilidade de cinco formulações de emulsão água e óleo, compatíveis com enzimas e de comportamento conhecido. As formulações enviadas foram: três diferentes proporções de tensoativo aniônico Aerosol OT e goma xantana, uma formulação de lecitina de soja e goma xantana, e uma de álcool polivinílico, como estabilizantes para a emulsão. Os alunos da Iniciação Científica que pesquisavam a imobilização da lipase na época foram totalmente engajados no processo, inclusive quando houve divulgação na mídia local do trabalho, de caráter inovador. Por conseqüência houve um grande interesse dos alunos do curso de Engenharia Química na participação das atividades em Biotecnologia.
O terceiro experimento, em fevereiro de 2000, foi realizado no vôo do foguete brasileiro VS-30 do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) durante a Missão Lençóis Maranhenses. O objetivo do trabalho foi o estudo da cinética enzimática da invertase, enzima que catalisa a hidrólise de carboidratos como a sacarose e permite a obtenção de uma mistura de açúcares, formada por glicose e frutose, de poder adoçante superior ao da sacarose e que não cristaliza facilmente. Como a sacarose tem que passar por uma membrana para que ocorra a reação, pretende-se verificar se acontecem diferenças significativas nos parâmetros cinéticos durante o período em que o experimento se encontra em microgravidade. Para a realização destes testes, a FEI construiu um instrumento para acomodação de experimentos biotecnológicos em ambiente de microgravidade, o DMLM (Dispositivo Misturador de Líquidos em Microgravidade).
Três experimentos científicos foram realizados com participação de alunos da Iniciação Científica em microgravidade e todos tiveram impacto positivo no curso de Engenharia Química.
O primeiro experimento, realizado em outubro de 1998, foi realizado a bordo do ônibus espacial Discovery, durante a missão STS-95 da NASA com a duração de 9 dias. Este experimento visava a avaliação do efeito da gravidade na hidrólise do óleo de oliva, utilizando a enzima lipase nas formas solúvel e imobilizada. Pretendia-se verificar o efeito da microgravidade sobre a difusão do óleo nos poros do biocatalisador. O meio de reação para a lipase consiste de uma emulsão água e óleo de oliva em condições controladas de temperatura e pH inicial.
O segundo experimento, em março de 1999, foi realizado no vôo do foguete brasileiro VS-30 do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) durante a Missão São Marcos, para realizar o estudo da estabilidade de cinco formulações de emulsão água e óleo, compatíveis com enzimas e de comportamento conhecido. As formulações enviadas foram: três diferentes proporções de tensoativo aniônico Aerosol OT e goma xantana, uma formulação de lecitina de soja e goma xantana, e uma de álcool polivinílico, como estabilizantes para a emulsão. Os alunos da Iniciação Científica que pesquisavam a imobilização da lipase na época foram totalmente engajados no processo, inclusive quando houve divulgação na mídia local do trabalho, de caráter inovador. Por conseqüência houve um grande interesse dos alunos do curso de Engenharia Química na participação das atividades em Biotecnologia.
O terceiro experimento, em fevereiro de 2000, foi realizado no vôo do foguete brasileiro VS-30 do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) durante a Missão Lençóis Maranhenses. O objetivo do trabalho foi o estudo da cinética enzimática da invertase, enzima que catalisa a hidrólise de carboidratos como a sacarose e permite a obtenção de uma mistura de açúcares, formada por glicose e frutose, de poder adoçante superior ao da sacarose e que não cristaliza facilmente. Como a sacarose tem que passar por uma membrana para que ocorra a reação, pretende-se verificar se acontecem diferenças significativas nos parâmetros cinéticos durante o período em que o experimento se encontra em microgravidade. Para a realização destes testes, a FEI construiu um instrumento para acomodação de experimentos biotecnológicos em ambiente de microgravidade, o DMLM (Dispositivo Misturador de Líquidos em Microgravidade).
DMLM - Dispositivo Misturador de Líquidos em Microgravidade
Operação Lençóis Maranhenses - Foguete VS-30 - 06/02/2000
O equipamento, projetado pelos Departamentos de Elétrica, Mecânica e Química contou com uma interação grande dos alunos de diferentes departamentos e grupos de pesquisa, que se iniciou com o projeto inicial até a execução do experimento no Centro de Lançamentos de Alcântara (MA-Brasil). Um dos alunos envolvidos no grupo da Química permaneceu durante 18 dias participando de todas as operações pré-lançamento.
Fonte: Faculdade de Engenharia Industrial - FEI
Comentário: Infelizmente leitor o Programa de Microgravidade da AEB está parado desde o vôo do foguete VSB-30 (Operação Cumã II) em julho de 2007, que fazia parte do 2° AO (Anúncio de Oportunidade). Sendo que o 3° AO já havia sido lançado no final de 2006 e até agora os experimentos selecionados para participarem aguardam impacientemente pela concretização desse vôo, que pelo seu último cronograma de lançamento estava marcado para ocorrer no final de 2009, o que de fato não ocorreu. Há de se dizer que desde o vôo da “Operação Cumã II” cinco lançamentos com esse foguete foram realizados da Europa em prol do “Programa Europeu de Microgravidade (PEM)” em detrimento do programa da AEB. Sinceramente não entendo qual a razão dessa conta tão desfavorável para o Brasil e o que entendo disso tudo é a falta de respeito do governo e dos órgãos que comandam o PEB com os pesquisadores e as instituições selecionadas para participarem desse programa. Da forma que está, é impossível se realizar qualquer desenvolvimento ou pesquisa, pois o que na realidade estamos fazendo e dando suporte ao PEM, nada mais do que isso. Assim não tem sentido algum a continuação desse programa e o melhor seria o seu encerramento. Lamentável.
Fonte: Faculdade de Engenharia Industrial - FEI
Comentário: Infelizmente leitor o Programa de Microgravidade da AEB está parado desde o vôo do foguete VSB-30 (Operação Cumã II) em julho de 2007, que fazia parte do 2° AO (Anúncio de Oportunidade). Sendo que o 3° AO já havia sido lançado no final de 2006 e até agora os experimentos selecionados para participarem aguardam impacientemente pela concretização desse vôo, que pelo seu último cronograma de lançamento estava marcado para ocorrer no final de 2009, o que de fato não ocorreu. Há de se dizer que desde o vôo da “Operação Cumã II” cinco lançamentos com esse foguete foram realizados da Europa em prol do “Programa Europeu de Microgravidade (PEM)” em detrimento do programa da AEB. Sinceramente não entendo qual a razão dessa conta tão desfavorável para o Brasil e o que entendo disso tudo é a falta de respeito do governo e dos órgãos que comandam o PEB com os pesquisadores e as instituições selecionadas para participarem desse programa. Da forma que está, é impossível se realizar qualquer desenvolvimento ou pesquisa, pois o que na realidade estamos fazendo e dando suporte ao PEM, nada mais do que isso. Assim não tem sentido algum a continuação desse programa e o melhor seria o seu encerramento. Lamentável.
Atualizando: O último foguete de sondagem lançado pelo Programa Microgravidade ocorreu em 12/12/2010. Alguns experimentos do 3o AO não participaram deste lançamento e aguardam um próximo voo.
ResponderExcluirRealmente Luis, você está certo amigo. Porém, quando essa notícia foi postada esse vôo ainda não havia ocorrido.
ResponderExcluirNa realidade, a segunda fase do "3º AO" estava prevista para ser realizada por uma nave russa Soyuz, que levaria os experimentos para serem testados nos laboratórios da Estação Espacial Internacional (ISS).
No entanto, isso parece que não vai ocorrer mais, e o vôo será feito agora por outro VSB-30 que estava previsto para esse ano, mas que pelo visto ficará para 2012 ou Deus sabe lá pra quando, ou seja, mais atrasos.
A verdade Luis é que esse programa nunca funcionou direito, e só tem credibilidade junto aos escolhidos, que mesmo assim tiveram que esperar quatro anos para ver seus experimentos lançados e os que ficaram para a segunda fase, esses coitados, nem uma data de previsão correta eles dispõem. Uma vergonha.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)