Construção do Megatelescópio GMT Avança no Chile Com Participação Brasileira
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada ontem (09/08) no site
da Agência FAPESP, destacando que a construção do Telescópio Gigante Magalhães
(GMT, na sigla em inglês) avança no Chile, projeto este que conta com a
participação brasileira graças ao apoio da FAPESP.
Duda Falcão
Notícias
Construção do Megatelescópio
GMT Avança no Chile
Por Elton Alisson
Agência FAPESP
09 de agosto de 2018
Foto: GMT
Em visita ao Brasil, Robert Shelton, presidente da GMT
Corporation, destaca os avanços no desenvolvimento
do telescópio que tem apoio
da FAPESP. O primeiro
espelho de 8 metros está pronto.
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No fim de julho, o cume de uma montanha de 2.500 metros
de altitude, em Cerro Las Campanas, no deserto do Atacama, Chile, começou a ser
escavado. O motivo é preparar o terreno para receber as fundações de concreto
da base do Telescópio Gigante Magalhães (GMT, na sigla em inglês).
Previsto para iniciar suas operações e coletar sua
primeira luz em 2024, o GMT fará parte de uma nova geração dos chamados
“telescópios extremamente grandes”, baseados em terra e projetados para
fornecer clareza e sensibilidade sem precedentes na observação de fenômenos
astrofísicos – como as origens dos elementos químicos e a formação das
primeiras estrelas e galáxias.
Para construir o telescópio, o consórcio internacional
criado para gerenciar o desenvolvimento, a construção e a operação do GMT tem
tido que lidar com uma série de desafios tecnológicos e de financiamento para
viabilizar o projeto.
Em visita esta semana ao Brasil, para se reunir com a
comunidade paulista de pesquisadores que participa do GMT com apoio da FAPESP, o físico norte-americano Robert
Shelton, presidente da GMT Corporation, deu uma palestra no dia 6 no Instituto
de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo
(IAG/USP), em que falou sobre o atual estágio e os percalços na construção do
GMT.
“O GMT tem passado por um momento extraordinário.
Finalmente, algumas coisas começaram a se materializar e temos manifestações
visíveis de projetos incríveis relacionados ao telescópio”, disse Shelton
à Agência FAPESP.
Está pronto também o primeiro dos sete espelhos primários
do telescópio, com 8 metros de diâmetro cada um e que serão integrados para
formar um único telescópio de 25,4 metros de diâmetro. O segundo espelho está
prestes a ser finalizado e o polimento dele tem sido mais rápido do que o
primeiro.
O terceiro e o quarto espelhos, que serão integrados aos
outros na operação do telescópio, deverão ser fundidos em breve. E o vidro para
fundição do quinto, do sexto e do sétimo espelhos está disponível.
“[A disponibilidade de vidro para fundição dos espelhos]
é importante porque só há um único fabricante desse material no mundo, situado
no Japão. Compramos 20 toneladas desse vidro e usaremos cerca de 18 toneladas
para fazer os sete espelhos. Ter esse material reduz qualquer risco para
completar a construção dos espelhos”, explicou Shelton.
O local onde será instalado o GMT está nivelado e foram
construídas estradas de acesso, alojamentos, centrais de abastecimento de
energia elétrica e de água e garantida a provisão de internet.
Agora, o consórcio está terminando o estudo do desenho do
telescópio, que terá 61 metros de comprimento (equivalente a um prédio de 22
andares) e pesará 1.100 toneladas.
A segunda etapa do processo de projeto e construção do
telescópio deverá ser iniciada ainda em 2018 e prevê a finalização do desenho,
a fabricação, os testes e a instalação do instrumento no observatório de Las
Campanas.
“Há muitos fatores complicadores na montagem do
telescópio, como a atividade sísmica no Chile. Felizmente – ou infelizmente – a
Califórnia [onde está situada a sede administrativa do GMT, em Pasadena] também
está em uma região com atividade sísmica e pudemos aproveitar algumas
tecnologias já usadas lá no GMT”, disse Shelton.
A solução que será empregada pela empresa responsável
pelo desenho do GMT para isolar o telescópio do chão, de modo a impedir que
seja atingido por um eventual terremoto, será instalar rolamentos de isolamento
sísmico na parede de concreto da base do telescópio, abaixo do nível do solo.
Os rolamentos permitirão que a base do telescópio se mova durante um eventual
terremoto de grande magnitude.
“Os rolamentos de isolamento sísmico que serão instalados
na base do GMT serão semelhantes aos que foram instalados na fundação do
Pasadena City Hall para proteger a construção de terremotos”, disse Shelton.
Outro desafio na construção do telescópio será integrar os
sete espelhos primários, que terão espaços entre eles. Será preciso garantir
que os espelhos sejam integrados de modo que as lacunas entre eles sejam
uniformes.
“Estamos fazendo grandes progressos na construção do GMT,
mas ainda existem grandes desafios. Um deles é obter financiamento suficiente
para o projeto”, disse Shelton.
Parceria com TMT
Com custo estimado de US$ 1 bilhão, o GMT já levantou
cerca de US$ 520 milhões. A fim de obter financiamento da National Science
Foundation (NSF) – uma das principais agências de fomento à pesquisa dos
Estados Unidos, o GMT decidiu se unir em maio deste ano a um projeto rival, o
Thirty Meter Telescope (TMT), previsto para ser construído em Mauna Kea, no
Havaí.
A parceria, aprovada pelos conselhos do GMT e do TMT,
prevê que pelo menos 25% do tempo de observação em cada observatório
internacional estará disponível para a comunidade de astrofísicos dos Estados
Unidos. Nos planos anteriores, o tempo de observação estava disponível apenas
para pesquisadores de nações ou instituições que haviam fornecido
financiamento.
Um dos argumentos do GMT e do TMT para defender a
construção dos dois megatelescópios paralelamente é que eles têm forças
complementares e o fato de ter um telescópio no hemisfério Norte e outro no Sul
permite cobrir todo o céu e ter um alcance científico maior.
“O GMT e o TMT têm progredido isoladamente, mas ambos são
grandes projetos que envolvem e beneficiarão a comunidade de astronomia”,
avaliou Shelton.
A FAPESP investirá US$ 40 milhões no GMT, o que equivale
a cerca de 4% do custo total estimado. O investimento garantirá 4% do tempo de
operação do telescópio para estudos realizados por pesquisadores de São Paulo.
Mais informações: www.gmto.org
OBS: Veja na reportagem abaixo exibida dia 07/08/2018 no
jornal do “Bom Dia Brasil” da Trfe GLOBO a participação brasileira neste grande
iniciativa internacional.
Fonte: Site da Agência FAPESP
Comentário: Pois é leitor, como você pode notar, enquanto
se aguarda por melhores dias para as atividades espaciais brasileiras sem grandes
expectativas (pelo menos não para este que vos fala), na astronomia a sua pequena
comunidade já vem se movimentando para fazer a diferença nas próximas décadas,
diferença esta que hoje já uma realidade de reconhecimento internacional e que se
traduz na preparação desta comunidade para dar saltos cada vez mais promissores
nesta importante atividade cientifica e tecnológica. Parabéns a Comunidade Astronômica
Brasileira e aos seus lideres e realizadores. Aproveito para agradecer aos
nossos leitores Mariana Amorim Fraga e Jahyr Jesus Brito pelo envio da
reportagem da Rede Globo.
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