Contrariando a AGU, INPE Implanta Programa de Voluntariado
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na edição de agosto do ”Jornal do SindCT“ destacando que contrariando a Advocacia Geral da
União (AGU) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) implantou Programa de Voluntariado.
Duda Falcão
APOSENTADORIA
Servidores Aposentados Atuam Como Colaboradores no INPE
Contrariando a AGU, INPE Implanta
Programa de Voluntariado
Para driblar falta de funcionários, INPE cria projeto
de
voluntariado para servidores aposentados
Por Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 70
Agosto de 2018
Foto: Fernanda Soares
Ricardo Galvão, diretor do INPE
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Trabalhos que envolvem desenvolvimento tecnológico, via de
regra, costumam ser abraçados por quem gosta muito da profissão. É uma
dedicação extraordinária. E no INPE não é diferente, apesar dos problemas, como
a falta de investimento e de pessoal. Toda essa motivação, provavelmente, é o
que faz diversos servidores preferirem continuar no trabalho, mesmo depois de
formalizar seus pedidos de aposentadoria.
Aliada a este fato, está uma necessidade do INPE, de
manter esses aposentados nos projetos, por sua vasta experiência e também por
serem fundamentais no momento atual, pois, a cada dia, o quadro de servidores
vem sendo reduzido, sem que haja uma reposição a contento. É o encontro da
realização pessoal do servidor com a necessidade da instituição.
Embora seja uma parceria harmônica, existe uma situação
paradoxal, porque, ao mesmo tempo em que ajudam a manter os projetos, acortinam
a situação de iminente colapso, causado pela falta de pessoal.
Já existem muitos aposentados trabalhando voluntariamente
no INPE. Por questão de segurança de ambas as partes, foi necessário formalizar
essa atividade. Assim, com o objetivo de legalizar a situação de alguns e gerar
interesse em outros para aderir, a direção do INPE e o Conselho Técnico
Científico - CTC, decidiram criar o programa “Colaborador Voluntário”. Para
continuar trabalhando na instituição, o aposentado deve assinar um contrato de
adesão ao voluntariado, desde que preencha alguns requisitos, destacando a
preservação da saúde e o resguardo da integridade física.
“A instituição de um programa de colaborador voluntário
se faz necessária para regulamentar a colaboração de pesquisadores e
tecnologistas aposentados que manifestam o desejo de continuar colaborando em
projetos de pesquisa e desenvolvimento de grande relevância para o INPE. Nessa
manifestação encontra implícita a principal motivação para o exercício do
voluntariado: a satisfação do executor. O trabalho voluntário gera uma
realização pessoal, um bem-estar interior advindo do prazer de servir a quem
precisa. No particular do INPE, de servir à sociedade brasileira, colaborando
para o cumprimento de sua missão”, diz trecho da consulta enviada à Advocacia
Geral da União – AGU, de São José dos Campos pelo INPE.
A minuta do programa está baseada na Lei 9.608, de
18/02/2018 que, no seu parágrafo 1°, alude a “trabalho voluntário com
atividades não remuneradas, prestada por pessoa física à entidade pública de
qualquer natureza, ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenha
objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de
assistência social”.
Esse processo, aprovado pelo CTC em 2016, vem se arrastando porque a AGU emitiu reiterados pareceres desfavoráveis, mesmo tendo o INPE sanado todas as dúvidas. A Conjur de São José dos Campos até afirmou ser inviável.
Esse processo, aprovado pelo CTC em 2016, vem se arrastando porque a AGU emitiu reiterados pareceres desfavoráveis, mesmo tendo o INPE sanado todas as dúvidas. A Conjur de São José dos Campos até afirmou ser inviável.
Em junho de 2017, o diretor do INPE, Ricardo Galvão,
protocolizou um ofício junto à Diretoria de Gestão das Unidades de Pesquisa e
Organizações Sociais - DPO do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicação - MCTIC, explicando que havia recebido diversas negativas do Conjur
de São José dos Campos, mas que não havia embasamento jurídico que justificasse
tais atos.
“A Conjur do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicação fez um processo dizendo que não justificava as negativas. Então
ela mandou de volta para a Consultoria Jurídica de São José dos Campos para
explicar e mandar tudo para a DPO. Mas o advogado da Consultoria de São José
dos Campos segurou e não fez isso ainda. Ele veio falar comigo pessoalmente e
disse que eu poderia começar a implementar como ato administrativo, sem que ele
responda oficialmente. Ou seja, ele está se recusando a responder a um órgão
superior, a DPO. A princípio não tem que responder mais a mim o motivo por não
dar parecer positivo para ter Colaboradores Voluntários no INPE, mas deve essa
resposta à DPO. Por isso já estou resolvendo caso a caso dos servidores
aposentados”, disse o diretor do INPE, Ricardo Galvão.
Por fim, Galvão está chamando, um a um, os aposentados
voluntários, organizando, definindo funções e colhendo as assinaturas para as
adesões ao programa. No seu entendimento, já é possível fazê-lo, já que um
órgão superior à AGU (o DPO) deu a ele o respaldo necessário.
Conforme definido pelo Grupo de Trabalho do Comitê para o
Desenvolvimento do Programa Espacial - CDPEB, um novo concurso pode acontecer
no próximo ano. É um alento para o órgão, que está mantendo seus projetos com
um número bem reduzido de servidores. De acordo com o Aviso Ministerial
151/2017/SEI/MCTIC, em maio de 2017, o INPE possuía um deficit estimado em 273
servidores, algo que o concurso, se realizado, não irá suprir. E também se faz
necessária a contratação de pessoal, antes da saída dos atuais servidores, para
que haja transferência de conhecimento. Muitos servidores estão prestes a se
aposentar, levando consigo décadas de conhecimento.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 70ª - Agosto de 2018 –
Pág. 04
Comentário: Pois é, quem não tem cão, caça com gato e se
vira como pode.
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