Com a Legislação Adequada, Gana Pode Firmar Seu Nome na Corrida Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria postada dia (14/08)
no site do “Canaltech” destacando que com a legislação adequada, Gana poderá
firmar seu nome na corrida espacial.
Duda Falcão
CIÊNCIA – ESPAÇO
Com a Legislação Adequada, Gana Pode
Firmar Seu Nome na
Corrida Espacial
Por Carlos Dias Ferreira
14 de Agosto de 2018 às 22h25
A corrida espacial restritiva, polarizada, talvez seja
hoje apenas uma relíquia da Guerra Fria. Conforme o espaço é progressivamente
esquadrinhado e as tecnologias para exploração se tornam mais acessíveis do
ponto de vista político e econômico, outros apostadores — menores, mas
igualmente tenazes — começam a também voltar seus rostos e sua curiosidade para
as estrelas. Gana é um desses casos.
O mais recente de uma série de países africanos ávidos
por desenvolver programas espaciais nacionais, Gana agora quer tomar parte de
um empreendimento continental que já é avaliado em mais de US$ 400 bilhões,
incluindo ganhos de US$ 900 milhões apenas entre 2009 e 2012. Ao lado de países
como Argélia, Nigéria e África do Sul, a nação atualmente dá seus primeiros
passos no desenvolvimento de tecnologias cuja importância vai
além da observação maravilhada de estrelas.
“Os benefícios econômicos e sociais trazidos pelo uso da
tecnologia espacial e pelas pesquisas são infindáveis”, aponta a doutoranda da
Universidade de McGill Julia Selman Ayetey, em artigo escrito para o periódico
The Conversation. “Por exemplo, imagens de satélite podem ser utilizadas para
propósitos agrícolas, ajudando a prever escassez de comida ou colheitas
excessivas”, diz Ayetey, apontando ainda utilizações em campos tão variados
como a meteorologia e a medicina.
Esforços pioneiros de Gana incluem o estabelecimento do
Ghana Space Science & Technology Institute, além do lançamento do primeiro
satélite do país, o GhanaSat-1, em julho de 2017, como parte do Bird Project.
Novos desenvolvimentos, entretanto, podem requerer avanços menos espaciais do
que terrestres.
A Necessidade de Uma Legislação Própria
Conforme aponta Ayetey em seu artigo, o benefício colhido
por outros países do oeste africano se deve tanto aos investimentos em
tecnologia quanto ao desenvolvimento de legislações nacionais capazes de
orientar um programa espacial. O mesmo deveria valer para a mais recente força
espacial do continente, portanto. “Uma lei espacial nacional garantiria que as
atividades espaciais ocorressem dentro da jurisdição de Gana”, disse.
De acordo com a pesquisadora, é vital que o estado entre
em cena para regular as várias atividades envolvidas em um programa espacial
amplo, desde o lançamento de satélites e foguetes até o sensoriamento remoto e
a proteção de dados espaciais. “Ainda que nem todas as eventualidades sejam
cobertas, isso conferiria um grau de certeza ao público, aos investidores e aos
tribunais, caso surjam disputas”, em suas palavras.
(Foto: reprodução/SpaceX).
Lançamento
do foguete CRS-11, da SpaceX, com o satélite GhanaSat-1 a bordo. |
Além disso, leis nacionais poderiam facilitar a adequação
do programa espacial de Gana — bem como de qualquer outro país — ao Tratado do
Espaço Exterior. Entre os artigos dispostos no conjunto de leis internacionais
há, por exemplo, a necessidade de autorização e supervisão estatal para
quaisquer atividades espaciais.
Considerando-se que o referido tratado também prescreve
que quaisquer danos provocados por objetos espaciais devem ser cobrados das
nações envolvidas (mesmo no caso de empreendimentos privados), há uma razão
bastante forte para o estabelecimento de um sistema de leis abrangente. “Gana
já é signatária do Tratado do Espaço Exterior”, lembra Ayetey. “O próximo passo
será o governo ratificá-lo para, em seguida, estabelecer um quadro legislativo
para as atividades espaciais”, declara.
Entre a Segurança e o Investimento
Mas a forja de um conjunto de leis nacionais regulatórias
da atividade espacial pode levar a um verdadeiro fio de navalha. Caso sejam
excessivamente rígidas, há o risco de afastar investidores internacionais em
potencial, cujo capital será atraído para nações com legislação menos exigente.
Por outro lado, se forem permissivas demais, corre-se o risco de gerar impactos
relacionados à segurança e à preservação do meio ambiente.
Uma saída apontada por Ayetey seria a de basear a nova
legislação ganesa no modelo internacionalmente aceito e recomendado pela ONU —
o Sofia Guidelines for a Model Law for National Space Legislation. Trata-se de
um ponto de partida com “recomendações de legislação nacional relevantes para a
exploração espacial pacífica”. Em outros termos, uma forma de garantir
simultaneamente a paz de espírito a todos os stakeholders associados ao
empreendimento.
Formação de Capital Humano
Para além de um conjunto de leis, entretanto, a
pesquisadora concluiu seu artigo ao The Conversation tratando sobre o que
verdadeiramente deve formar as bases de futuros projetos espaciais ganeses: o
capital humano — a força profissional educada de necessidade vital para colocar
um programa espacial para funcionar.
O professor ganês Owura Kwadwo se tornou famoso
por ensinar computação em uma lousa, por falta de
computadores; formação de capital
humano ainda é
um dos principais desaafios na África.
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“A União Africana tem identificado a necessidade de
desenvolver o capital humano necessário para o mercado espacial da África”,
aponta a doutoranda, mencionando profissionais como engenheiros e astrofísicos
atualmente em formação nos centros de tecnologia do país. Ela lembra,
entretanto, que profissionais de áreas jurídicas também devem ser vitais para o
estabelecimento de Gana como potência espacial.
E, sim, esses juristas, economistas e empreendedores
espaciais precisarão de regras claras para atuar nacional e internacionalmente.
“Gana poderia introduzir novos cursos sobre legislação espacial nas
universidades.” Afinal, o espaço sideral pode estar menos polarizado hoje, mas
sem dúvida se tornou um bocado mais burocrático.
Fonte: The Conversation
Fonte: Site do Canaltech - https://canaltech.com.br
Comentário: Pois é leitor, até mesmo um país pequeno e pobre
com a Gana reconhece a suma importância das atividades espaciais para sua
sociedade. Enquanto isso, na republica
das bananas... Aproveitamos para agradecer a nossa leitora Mariana Amorim Fraga
pelo envio desta notícia.
Salvo engano a Itália já lançou a partir do mar na costa africana.Sempre me perguntei por que o leste da África não é cogitado para lançamentos.
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