Cientistas Japoneses da 'Universidade de Kyoto', em Parceria com a JAXA e a NASA, Trabalham Para Enviar em 2024 Um 'Satélite de Madeira' ao Espaço
Olá leitores e leitoras do BS!
Em maio deste ano publicamos que a Universidade de Kyoto,
no Japão, havia confirmado a durabilidade de uma ‘Madeira Espacial’ para
construção de satélites, tão lembrados? (reveja aqui). Pois estão, segue abaixo agora uma notícia
publicada ontem
(08/10) no site “CNN Brasil”,
destacando que Cientistas Japoneses desta mesma universidade já estão
trabalhando em parceria com a JAXA e a NASA para enviar um Satélite de Madeira ao
Espaço chamado ‘LingoSat’ em parceria com a JAXA e a NASA. Entendam melhor essa
história pela matéria abaixo.
Brazilian Space
ASIA - ASTRONOMIA - ESPAÇO - JAPÃO - MADEIRA - SATÉLITE
Cientistas Japoneses Querem Enviar um Satélite de
Madeira ao Espaço
Pesquisadores da Universidade de Kyoto desenvolveram o
satélite com madeira de magnólia e pretendem lançá-lo ao espaço em missão
conjunta com a agência espacial japonesa e a NASA em 2024
Por Rebecca Cairns da CNN
08/11/2023 às 04:00
Fonte: Site CNN Brasil - https://www.cnnbrasil.com.br
Imagem: Reprodução/CNNi
Foguetes de alumínio e arranha-céus de aço; veículos
elegantes de alta velocidade e fachadas de vidro: é assim que “o futuro” tem
sido imaginado há décadas.
Mas não é isso que Koji Murata imagina. Pesquisador da
Universidade de Kyoto, no Japão,
Murata tem explorado como materiais biológicos poderiam ser usados no espaço.
Murata se perguntou se ele “poderia construir uma casa de
madeira na lua ou em Marte” e decidiu testar a teoria – criando um satélite
de madeira.
Uma pesquisa recente da Administração Nacional Oceânica e
Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) descobriu que 10% do aerossol
atmosférico na estratosfera continha partículas metálicas de naves espaciais,
incluindo satélites. O impacto a longo prazo destes fragmentos metálicos é
desconhecido, mas os cientistas estão preocupados que possam danificar a frágil
camada de ozono da Terra.
Os satélites de madeira seriam melhores para o planeta, ao
mesmo tempo que proporcionariam a mesma funcionalidade que os seus homólogos de
metal, diz Murata.
“No final de sua vida, os satélites reentram na
atmosfera. A diferença é que a madeira do LingoSat queimará e eventualmente se
tornará um gás, enquanto os metais se transformarão em partículas finas”, diz
Murata.
Não é apenas um sonho: Murata e sua equipe trabalham no
projeto há quatro anos e enviaram amostras de madeira ao espaço em 2021 para
testar a resiliência do material às condições espaciais.
Agora, eles estão trabalhando com a agência espacial
japonesa (JAXA) e a NASA para enviar o protótipo do satélite, chamado LingoSat,
em órbita no início do próximo ano.
Magnólia, Cereja e Bétula
Para Murata, chefe do projeto madeira espacial na
Universidade de Kyoto, a madeira é uma escolha óbvia para estruturas espaciais.
“Quando você usa madeira na Terra, você tem problemas de
queima, apodrecimento e deformação, mas no espaço você não tem esses problemas:
não há oxigênio no espaço, então não queima, e não há criaturas vivas nelas,
então não apodrecem”, diz ele.
A resistência por peso da madeira é a mesma do alumínio,
o que também a torna uma escolha atraente para a construção espacial, acrescenta
Murata – e os testes da equipe realizados na Estação Espacial Internacional
descobriram que a madeira é notavelmente resistente no espaço.
Foto: Kyoto
University
Engenheiros da Universidade de Kyoto estão construindo um satélite de madeira que será lançado ao espaço em uma missão conjunta com a JAXA e a NASA. |
Para o satélite, Murata testou três tipos de madeira: a
bétula de Erman – comumente encontrada no leste asiático
– a cereja japonesa e a magnólia obovata – uma espécie nativa do Japão. Embora
o cipreste e o cedro sejam tipos de madeira mais comuns para construção, a
equipe “escolheu materiais que pudessem suportar o máximo de trabalho detalhado
possível”, devido ao pequeno tamanho dos satélites, diz Murata.
No final das contas, a madeira de magnólia venceu, pois
suas células são pequenas e de tamanho uniforme, o que torna a madeira mais
fácil de trabalhar e com menor probabilidade de rachar ou quebrar, diz ele.
Satélites Sustentáveis
Os seres humanos têm colocado satélites em órbita desde a
década de 1950, com até 100 naves espaciais lançadas todos os anos até 2010.
Mas ao longo da última década, os lançamentos comerciais tornaram-se mais
acessíveis e este número aumentou dramaticamente, ultrapassando para 1.400
novos satélites em 2021.
Com o número de foguetes enviados ao espaço provavelmente
aumentará, a pesquisa da NOAA projetou que, nas próximas décadas, até metade do
aerossol atmosférico na estratosfera poderá conter partículas metálicas de
espaçonaves.
Outras organizações também pretendem utilizar madeira no
espaço. A startup finlandesa Arctic Astronautics projetou o WISA Woodsat, um
satélite de madeira que deveria ser lançado ao espaço em 2021. No entanto, o
fundador da empresa, Jari Mäkinen, diz que o lançamento foi adiado por
obstáculos burocráticos.
“O satélite está pronto, esperando em pedaços para ser
montado novamente quando chegar a hora”, disse Mäkinen à CNN,
acrescentando que assim que a empresa receber sua licença de operações
espaciais, o satélite será lançado com o serviço privado de compartilhamento de
foguetes RocketLab.
Foto: Kyoto University
O satélite é feito de madeira de magnólia, que foi testada na Estação Espacial Internacional com outras duas variedades. |
Na Universidade Khalifa, nos Emirados Árabes Unidos, o
engenheiro aeroespacial Yarjan Abdul Samad está analisando o grafeno como um
material potencial para objetos espaciais.
Samad está explorando a “nano-madeira” – uma madeira de
baixa densidade combinada com grafeno para melhorar sua resistência. Samad
concorda com Murata que, como material renovável e de baixa densidade, a
madeira tem potencial não apenas para construir satélites, mas também para futuras
estruturas espaciais.
“Há muitas pesquisas (projetos) em andamento para a
agricultura espacial”, diz Samad. “Se tivermos madeira cultivada no espaço, ela
poderá ser utilizada para fabricação no espaço”.
No entanto, ainda existem muitas incógnitas sobre a
madeira nas estruturas espaciais, diz Tatsuhito Fujita, engenheiro da JAXA que
esteve envolvido na revisão do projeto LingoSat.
“O uso de recursos naturais para hardware espacial (faz
sentido) do ponto de vista dos objetivos de desenvolvimento sustentável, mas
como a madeira nunca foi usada em satélites, não podemos dizer que tipo de
benefício podemos obter neste momento”, diz Fujita.
Para a JAXA e o Programa J-Cube, a iniciativa de
lançamento do satélite, a prioridade é a segurança – e o LingoSat passou na sua
avaliação preliminar sem preocupações críticas, diz Fujita. “A JAXA também
espera materiais estruturais mais leves e mais fortes, com menor probabilidade
de gerar detritos, e está conduzindo pesquisas para atingir esse objetivo”.
Ao Infinito
O LingoSat está nos estágios finais de sua revisão de
segurança e deverá ser lançado em uma missão conjunta da JAXA e da Nasa no
verão de 2024. Murata diz que eles monitorarão o satélite por no mínimo seis
meses, para ver como ele funciona em condições espaciais – como as mudanças
extremas de temperatura no espaço.
“Não há muita redução na resistência entre -150 a +150
graus Celsius, confirmamos isso em nossos experimentos”, diz Murata. “Mas um
satélite dá a volta à Terra e apresenta enormes diferenças de temperatura em 90
minutos. Não sabemos até que ponto o satélite pode suportar este ciclo intenso
e repetido de diferença de temperatura, por isso isto terá que ser
investigado”.
A equipe também monitorará suas reações às ondas de rádio
e aos campos magnéticos, e como a concha de madeira protege o semicondutor e o
chip do satélite.
Em teoria, a madeira deveria ser um material mais barato
de fabricar, embora, sendo uma tecnologia nova, Murata diz que eles ainda estão
calculando os custos.
Até agora, poucos materiais foram usados para missões e
objetos espaciais, diz Murata. Ele espera que sua pesquisa e o LingoSat possam
mostrar as possibilidades de outros materiais de menor impacto.
“É um material renovável, ecologicamente correto e amigo
das pessoas”, afirma Murata. “Acho que a madeira poderia ser usada no
desenvolvimento espacial, particularmente como material interior e como
material de proteção contra radiação, para pequenos satélites e veículos
espaciais tripulados”.
Que incrível, Jaxa e Nasa, nem precisa comentar.....
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