[Artigo] Do Fundo do Mar ao Espaço: Inovação Abriu Caminho Para Novas Descobertas Lideradas Por Empresas Portuguesas
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois é leitor, segue agora um interessante artigo postado
ontem (23/11)
no site português (dStelecom), tendo
com destaque como a Inovação abriu o
caminho para novas descobertas no ‘Fundo
do Mar’ e no ‘Espaço’ lideradas
por Empresas Portuguesas. Vale a
pena conferir.
Brazilian Space
Do Fundo do Mar ao Espaço. Inovação Abriu Caminho Para
Novas Descobertas Lideradas Por Empresas Portuguesas
23/11/2023
Fonte: Sapo Tek
Via Dstelecom- https://www.dstelecom.pt
Um nanosatélite que vai inaugurar uma nova constelação
portuguesa já em 2024, a um novo sistema de sensores para cabos submarinos
inteligentes, a inovação liderada por empresas portuguesas em parceria com
universidades portuguesas e americanas chegou a resultados que prometem dar que
falar no futuro.
Nos últimos três anos dezenas de projetos juntaram
empresas portuguesas, universidades nacionais e americanas e outros parceiros
científicos, no âmbito das iniciativas de I&D realizados em articulação com
três parcerias que Portugal mantém desde 2006, com a Universidade de Carnegie
Mellon, MIT e Universidade do Texas em Austin. Estes projetos de I&D em
larga escala receberam financiamento do Portugal 2020 e investimento das
próprias empresas que, pela primeira vez no âmbito destes programas, foram
chamadas a liderar projetos. Alguns dos resultados alcançados são já a base de
novos projetos que vão continuar a desenvolver conhecimento nas respetivas
áreas. Outros terminaram com produtos que chegaram ou estão prestes a chegar ao
mercado.
É o caso do AEROS Constellation que serviu para
desenvolver de raiz e preparar o lançamento de um novo nano satélite (CubeSat)
que será o primeiro de uma constelação, operada a partir de Portugal e com
tecnologia portuguesa, a recolher dados para monitorizar oceano e áreas
geográficas costeiras. O CubeSat será lançado para o espaço no dia 2 de fevereiro
do próximo ano pela SpaceX e será também o primeiro satélite da futura
Constelação do Atlântico a entrar em órbita.
Do lado português, o projeto juntou IMAR, CEiiA, Air
Centre, Spinworks, dstelecom, +Atlantic, Universidade do Minho, do Porto, de
Lisboa e do Algarve e IST. Mais a Edisoft, que liderou e que reconhece ter
encontrado aqui uma oportunidade “em termos de engenharia para aprendermos a
fazer uma missão de A a Z, que era uma experiência que não tínhamos”, como diz
Hélder Silva, Head of Space Software and Embedded Systems da Thales Edisoft. Do
lado americano, o parceiro foi o MIT, no âmbito das iniciativas do MIT
Portugal, com quem a empresa acabou por manter a relação e reuniões semanais
para preparar o lançamento de fevereiro, mesmo depois do projeto ter sido
oficialmente terminado.
A Edisoft trabalha na área espacial desde 2006 e já
participou em mais de 50 missões, mas esta foi a primeira vez que preparou uma
missão do primeiro ao último momento. Cada um dos parceiros assumiu uma tarefa.
A empresa tratou da integração de software e do software a bordo e já está a
explorar oportunidades comerciais para tirar partido do conhecimento que
adquiriu.
“Como estamos no
grupo thales pretendemos revender a nossa expertise e o nosso on board software
para outros satélites do grupo”, adianta Hélder Silva.
O CubeSat distingue-se de outros satélites pelos
instrumentos que consegue combinar num satélite com as suas dimensões, o que
faz dele uma solução mais versátil mas também mais barata. Tem capacidade para “três
payloads, uma câmara hiperespectral muito pequena para os requisitos que tem,
Software-defined Radio - que implementa dois protocolos distintos e uma câmara
de RGB, que ajuda a posicionar a imagem tirada pela hiperespectral”. É uma
configuração única, destaca o responsável da Edisoft.
A capacidade de recolher informação segmentada da câmara
hiperespectral vai dar aos cientistas dados mais precisos sobre as alterações
nos oceanos. Por exemplo, enriquecendo os dados disponíveis sobre as diferentes
cores refletidas na massa de água, importantes para monitorizar alterações nos
ecossistemas. À medida que forem acrescentados novos satélites à constelação
será possível revisitar com mais frequência as mesmas áreas e ter mais
informação em tempo real sobre os vários parâmetros analisados.
Safeforest Começou na Prevenção de Incêndios Mas é
Rastilho Para Soluções Noutras Áreas
Numa área completamente distinta, os resultados do
Safeforest também devem continuar a ganhar escala nos próximos anos, mas neste
caso porque o conhecimento desenvolvido neste projeto de I&D pode
aplicar-se a várias áreas. Numa delas já permitiu criar um produto comercial.
Safeforest é sinónimo de Sistema Robótico Semi-autónomo
para Limpeza Florestal e Prevenção de Incêndios e designa o projeto que se
dedicou a criar uma solução inovadora e de baixo custo para monitorizar e
reduzir o risco de incêndios florestais, facilitando a conservação e manutenção
de florestas. Foi pensado para agilizar a limpeza de florestas mas também de
outras infraestruturas críticas para reduzir a probabilidade de propagação de
grandes incêndios, como habitações, estradas, caminhos-de-ferro ou linhas de
telecomunicações.
Juntou a Ingeniarius, que liderou o projeto, o Instituto
de Sistemas e Robótica, a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica
Industrial, a Silvapor e o The Robotics Institute na Carnegie Mellon
University.
O sistema tem várias "peças", desenvolvidas por
diferentes parceiros do consórcio, que no projeto encontraram e testaram formas
de as pôr a trabalhar em conjunto. O sistema robótico centra-se numa máquina
cuja componente mecânica já tinha sido desenvolvida pela Ingeniarius e que, no
âmbito do projeto, foi integrada com outro sistema (de drones), que recolhe no
terreno dados essenciais para a programação de rotas.
Na prática, as equipas de drones fazem o mapeamento das
áreas a limpar e a carregadeira de lagartas remove vegetação indesejada com
recurso a um destroçador florestal, seguindo a rota criada a partir dos dados
recolhidos pelos drones, que entretanto já foram analisados por inteligência
artificial para definir percursos que evitem árvores e outros obstáculos.
Integrar estes sistemas e encontrar forma de tirar
partido dos inputs de um para melhorar a ação de outro foram os grandes ganhos
da colaboração.
“Durante o projeto fizemos vários testes, para confirmar
a capacidade de mapear corretamente rotas, definir com rigor o que deve ou não
ser removido pelo robot e validar a capacidade para executar no terreno os
planos traçados pelo sistema”, explica Micael Couceiro.
O CEO da Ingeniarius acredita que no futuro o protótipo
passe a produto final. É preciso amadurecer a solução, mas também encontrar
quem esteja disposto a investir no gigante de quase 4 toneladas que é o robot
usado no projeto. Enquanto isso, a tecnológica vai tirando partido do software
de navegação e perceção do robot desenvolvido no projeto para aplicar a
soluções noutras áreas.
Ajudou já uma empresa do Luxemburgo, a colocar no mercado
um robot autónomo para a limpeza de painéis solares com versões para solo e
telhados, o F1A e o P1A. Na pecuária, a tecnológica que desenvolve soluções de
engenharia e robótica à medida, quer usar a tecnologia num sistema para limpeza
de vacarias e está a olhar ainda para a construção civil.
K2D Pôs a dstelecom a Ver o Fundo do Mar Com Outros Olhos (e Planos)
A dstelecom também acredita que pode ir longe com os
resultados do projeto de I&D que liderou no âmbito das iniciativas do MIT
Portugal, o K2D: Knowledge and Data from the Deep to Space. Se no Safeforest o
desafio partiu dos parceiros da academia, no K2D foi a empresa de
telecomunicações a lançar a ideia e a procurar parceiros para a materializar
numa solução real. O K2D dedicou-se ao desenvolvimento de um sistema de
monitorização dos oceanos, que pode vir a funcionar a uma escala global. O
sistema tira partido de Cabos Submarinos Inteligentes, equipados com sensores
conectados aos repetidores óticos.
O último protótipo foi concluído recentemente, com o
apoio da Marinha Portuguesa e instalou um cabo submarino inteligente com 2km de
comprimento nas imediações do porto de Sesimbra, em mar aberto e com
profundidades que em algumas zonas são superiores a 100 metros. Uma
infraestrutura deste tipo pode recolher dados em tempo real sobre sismos, tsunamis,
fauna marítima, poluição, circulação de embarcações, submergíveis, ou
temperatura da água, entre outras.
A empresa começou a olhar para o tema que a levou ao
projeto de I&D como uma oportunidade para criar uma proposta de maior
valor, numa área de negócio adjacente àquelas onde já está. Hoje admite a
possibilidade de vir a criar uma empresa à parte para explorar o potencial da
solução desenvolvida.
A dstelecom opera uma rede de fibra usada por operadores
de telecomunicações para fornecerem serviços em zonas de baixa densidade
populacional. A infraestrutura cobre 800 mil casas em 140 concelhos, com planos
para chegar às 900 mil, mas sabe que neste domínio a margem de crescimento vai
esgotar-se dentro de algum tempo. A “estratégia para o futuro passa por crescer
em áreas adjacentes”, tentando replicar o modelo de negócio da fibra nas
comunicações sem fios, mas também olhando com interesse para as ligações
marítimas, admite Ricardo Salgado.
“Posicionamos-nos para ser o parceiro que podia investir
na substituição e gestão dos cabos submarinos que ligam o continente e as
ilhas. procuramos manifestar ao governo e ao regulador essa disponibilidade e
foi na sequência disso que o regulador nos desafiou a acrescentar algo de novo
a uma possível proposta para uma nova infraestrutura desse tipo”, revela o CEO
da dstelecom.
Os contactos e desenvolvimentos seguintes deixam pouca
esperança à empresa de que venha a ser o parceiro escolhido para o projeto, mas
a solução entretanto desenvolvida no consórcio de I&D pode ter aberto
caminho para explorar oportunidades numa nova área.
Esta experiência permitiu-nos “perceber que hoje há um
potencial de negócio associado à captura e tratamento de dados até superior
àquilo que é o negócio de transmissão de dados por cabos submarinos. São outros
tipos de stakeholders, como institutos, marinhas, governos, mas há muito
interesse”, reconhece Ricardo Salgado.
O responsável adianta que a operadora está a “procurar
perceber a melhor forma de dar continuidade” ao trabalho realizado, mas não descarta
a hipótese de vir a fazer um spin-off e a criar uma nova empresa dedicada a
esta área.
O K2D reuniu além da dstelecom, a Universidade do Minho,
o INESC-TEC, ASN – Alcatel Submarine Cables; AIR CENTRE – Associação para o
Desenvolvimento do Atlantic International Research Centre, Universidade dos
Açores, o MIT e o Cintal – Centro de Investigação Tecnológica do Algarve
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