A Difícil Tarefa de Divulgar Ciência no Brasil
Olá leitor!
Segue um interessante artigo postado hoje (20/02) no
“Portal do IG Ultimo Segundo” tendo como destaque a difícil tarefa de divulgar Ciência
no Brasil.
Duda Falcão
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A Difícil Tarefa de Divulgar Ciência no Brasil
Astrônomos brasileiros desvendam mistérios das Nuvens de
Magalhães —
Mas como você poderia saber?
Por iG São Paulo - Thiago Signorini Gonçalves
20/02/2019 - 09:00
Foto: ESA/Hubble, VISCACHA, Sociedade Astronômica
Brasileira
Exemplo
de três grupos estelares na Pequena Nuvem de Magalhães observados pela equipe de astrônomos brasileiros. |
Na semana passada, astrônomos brasileiros divulgaram
importantes descobertas sobre a formação de galáxias no Universo. Utilizando a
tecnologia mais avançada, apontaram seus telescópios para as Nuvens de
Magalhães para estudar as origens das vizinhas da nossa Via Láctea.
Ao observar os grupos de estrelas com telescópios no
Chile, os pesquisadores puderam examinar com cuidado o nascimento destas
estrelas. O trabalho utilizou um equipamento laser de última geração, que
atinge dezenas de quilômetros de altitude e pode corrigir a distorção
atmosférica, permitindo que o instrumento funcione quase como um telescópio
espacial.
Dessa forma, investigando cada estrela individualmente,
mediram sua composição química e sua idade. Isso permite determinar se essas
estrelas foram criadas numa eventual colisão entre as Nuvens de Magalhães e a
Via Láctea que pode ter acontecido há centenas de milhões de anos.
Bruno Dias, astrônomo brasileiro que trabalha no Chile e
gerencia o projeto, afirmou que “as periferias das Nuvens de Magalhães guardam
os segredos da história da relação com a Via Láctea, e nosso trabalho nos
próximos anos será desvendar este mistério intergaláctico.”
A Divulgação de Ciência no Brasil
Fantástico, certo? Uma descoberta importante, mas você
tinha ouvido falar? Como essas notícias chegam à sociedade?
Muito se fala de como é difícil fazer ciência no Brasil
(é difícil mesmo, podem acreditar), mas algo que talvez represente um desafio
ainda maior é divulgar a ciência ao grande público.
Os grandes institutos na Europa e nos Estados Unidos
contam com uma equipe dedicada. Jornalistas e designers contratados
exclusivamente para criar o material de divulgação. Conversam com os
pesquisadores e produzem as notícias, os vídeos, os gráficos que aparecem nos
jornais.
Já participei de uma reunião da equipe de comunicação da
NASA, e é impressionante. São experts no assunto, e rapidamente conseguem
pensar na melhor maneira para contar a história da descoberta.
Essa história é então levada aos jornalistas, que
entrevistam os pesquisadores e reproduzem a matéria, que chega aos olhos e
ouvidos de milhões.
Comunicação Científica no Brasil: A Triste Verdade
Aqui no Brasil, a coisa é muito mais complicada. Não
temos verbas para um departamento de comunicação. Com poucas exceções,
universidades contratam um jornalista para atender uma comunidade de 100.000
pessoas, o que é insuficiente.
O resultado? Cadernos de ciência de todo o país recebem
uma enxurrada de notícias internacionais, e astrônomos norte-americanos ganham
mais espaço na imprensa brasileira que os próprios brasileiros.
Acreditem, temos ciência de ponta no Brasil. Francisco
Maia e Leandro Kerber, que também lideram o estudo, são excelentes cientistas,
mas aqui só se ouve falar dos seus colegas estrangeiros.
A Solução: Investimento
Esse é um problema relativamente simples de se resolver:
precisamos de mais investimentos em comunicação científica.
A população só vai entender a importância dos
investimentos em ciência quando conhecer a pesquisa que se faz por aqui — e só
conhecerão a ciência brasileira quando houver uma estratégia de comunicação
apropriada. Para justificar o investimento em pesquisa, é preciso explicar os
seus benefícios a quem paga os impostos.
Ou então podemos esperar o inverso: a população
desconhece a ciência nacional, o que serve de desculpa para políticos deixarem
de investir em pesquisa, em um círculo vicioso de atraso científico.
Fonte: Portal do IG Último Segundo - http://ultimosegundo.ig.com.br
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