Cientistas Brasileiros Ajudarão a Montar Telescópio Solar Para a EEI
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia publicada ontem (13/02) no site da "Revista GALILEU", destacando que Cientistas Brasileiros ajudarão a montar Telescópio Solar para a Estação Espacial Internacional (EEI).
Duda Falcão
CIÊNCIA - ESPAÇO - BRASIL
Cientistas Brasileiros Ajudarão a
Montar Telescópio Solar
Para a EEI
Pesquisadores do Mackenzie vão colaborar com instituto
russo na construção de um
experimento para monitorar a atividade do Sol na
Estação Espacial Internacional
Por AJ Oliveira
Revista Galileu
13/02/2019 – 13h53
Atualizado às 13h53
(Foto: Pixabay/Wikilimages/Creative Commons)
Estação Espacial Internacional (EEI).
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Durante os dias aqui na superfície da Terra, a visão do
Sol como uma pequena e distante esfera de fogo ardendo no céu costuma
transmitir uma visão enganosa. Podemos pensar que os fenômenos e processos que
ocorrem no interior de nossa estrela-mãe pouco ou nada significam para as
nossas vidas cotidianas. Não poderíamos estar mais enganados.
Entender melhor as nuances da atividade solar e desvendar
como ela interfere em nosso planeta é o cerne dos estudos sobre o clima
espacial, um fascinante campo multidisciplinar que agrega principalmente a
física solar, geofísica e as ciências climáticas. "A importância de entendê-lo
certamente será incrementada nos anos a vir, muito setores econômicos já estão
e estarão ainda mais interessados nessas pesquisas", afirma Jean-Pierre
Raulin, coordenador do Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie
(CRAAM).
No início de fevereiro, o campus da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, localizado no bairro de Higienópolis em São Paulo
(SP), recebeu a ilustre visita do professor Vladimir Makhmutov, chefe do
departamento de Física Solar e Raios Cósmicos do Instituto de Física Lebedev da
Academia Russa de Ciências (LPI RAS). "É bom lembrar que o LPI é um centro
de pesquisa que teve sete indicações ao prêmio Nobel, um grupo que tem uma
experiência muito boa na construção de instrumentos para satélites",
destaca Raulin.
O objetivo dessa palestra foi relembrar colaborações já
realizadas entre cientistas brasileiros e russos na área, mas sobretudo definir
os termos da participação em um novo e importante projeto: o Sun-Terahertz,
radiotelescópio de alta precisão que será instalado no módulo russo da Estação
Espacial Internacional (EEI) para realizar um monitoramento detalhado da
atividade solar. Vai atuar em oito frequências e contemplar uma ampla faixa do
espectro das emissões de rádio do Sol, abrangendo entre 0,2 e 15 terahertz
(THz).
Em 2016, o CRAAM fez um experimento parecido com um
instrumento que voou em um balão estratosférico da NASA lançado na Antártida.
Chamado de Solar-T, foi desenvolvido em parceria entre pesquisadores do
Mackenzie, um grupo da Unicamp e empresas de Jacareí. A grande diferença era
que trabalhava com apenas duas frequências: 3 e 7 THz.
(Foto: Wikimedia Commons)
Atividade solar.
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Raulin explica que as observações do Sun-Terahertz na
parte mais baixa da banda, entre 0,2 e 0,4 THz, coincidem com a maioria das
medições feitas em solo — o que permitirá validar estudos feitos no espaço com
dados coletados na superfície. O radioastrônomo afirma que seu grupo já está
desenvolvendo um novo instrumento de solo para cobrir também a parte mais alta
do espectro, que chega a 15 THz.
"A grande vantagem de ter oito frequências,
comparado às duas que tinha o SOLAR-T, é poder descrever com o mesmo
instrumento essa faixa tão ampla do espectro", diz o pesquisador. As
frequências mais altas abrem portas para investigar uma região especial.
"Elas correspondem a uma altura de 500 quilômetros na atmosfera do Sol,
próxima de onde temos a mínima temperatura: portanto é uma região extremamente
importante para modelos de atmosfera e atividade solar."
A colaboração entre o CRAAM e o LPI já tem quase 25 anos
e, de acordo com Raulin, gerou frutos importantes, não só para o centro que ele
coordena, como também para a ciência brasileira. "Diria que o ponto mais
importante foi a formação de recursos humanos, que permitiu dinamizar um pouco
a pesquisa de raios cósmicos no Brasil", diz. Pesquisadores brasileiros e
russos instalaram na Argentina um detector de partículas carregadas em 2006.
Mais recentemente, implantaram também sensores de raios
X, raios gama e de neutrinos, que servem para estudos energéticos solares, bem
como atmosféricos. Essa capacitação foi o início de outras parcerias
importantes do CRAAM, como com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) e até com a NASA. Raulin
afirma que, no contexto do Sun-Terahertz, seu grupo ficará responsável pela
aquisição e teste de certos sensores, além da fabricação de alguns sistemas
mecânicos.
O lançamento para a EEI deve ocorrer entre 2022 e 2023,
já que as agências espaciais envolvidas no consórcio ainda não definiram o
futuro da estação orbital a partir de 2024. Entre os setores que devem se
beneficiar dos estudos do clima espacial, o radioastrônomo cita diversos
exemplos. Alguns são inusitados, como o setor financeiro: transações econômicas
hoje precisam ser referenciadas com precisão temporal extrema, que depende da
propagação de sinais de rádio na ionosfera, bastante afetada pela atividade do
Sol.
Interferências solares na precisão do sinal de GPS podem
atrapalhar diversas atividades, como os transportes. Com o advento dos carros
sem motorista, a situação deve se tornar ainda mais crítica. Para a aviação
civil, rotas que cruzam os polos cortam caminho e economizam dinheiro, mas ali
a incidência de partículas cósmicas é muito maior.
Telecomunicações, o setor agrícola, plataformas de
petróleo, viagens espaciais e os militares, todos já são e serão cada vez mais
dependentes desses estudos. Com a participação brasileira nas investigações
conduzidas pelo Sun-Terahertz, nossos pesquisadores devem colaborar ainda mais
para aprofundar o conhecimento científico sobre o clima espacial — e sobre o
comportamento do Sol, ainda envolto em mistério.
Fonte: Site da Revista Galileu - 13/02/2019 - http://revistagalileu.globo.com
Comentário: Pois é, veja leitor o avanço da área Astronômica e Astrofísica
no Brasil. Sensacional! Parabéns ao CRAAM. Aproveitamos para agradecer a
nossa leitora Mariana Amorim Fraga pelo envio dessa notícia.
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