Nos Limites do Sistema Solar: A Passagem da Sonda New Horizons Pelo Asteroide "Última Thule"
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante nota publicada ontem (11/02)
no site do “Observatório Nacional (ON)”, destacando a passagem da
sonda New Horizons pelo asteroide "Última Thule".
Duda Falcão
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Nos Limites do Sistema Solar: A Passagem
da Sonda New Horizons Pelo
Asteroide "Última Thule"
Publicado: Segunda, 11 de Fevereiro de 2019, 19h13
Última atualização em Segunda, 11 de Fevereiro de 2019,
19h14
Lançada em janeiro de 2006, a sonda New Horizons passou
por Júpiter no ano seguinte, onde ganhou impulso gravitacional para chegar em
Plutão, o que ocorreu em julho de 2015. O objetivo da sonda foi estudar in
situ, pela primeira vez na história, Plutão e seu sistema de luas. A missão foi
um sucesso e mostrou coisas incríveis na superfície do planeta-anão, tais como
montanhas de gelo com cerca de 4 km de altitude (o Everest tem pouco mais de 8
km) e uma área enorme de superfície plana com alta atividade de sublimação e
condensação de nitrogênio (chamada de Sputinik platum). A New
Horizons foi também capaz de medir a atmosfera de Plutão, além de observar
cânions na sua maior lua, Caronte, com até 9 km de profundidade e mais de 700
km de extensão (o Grand Canyon, nos Estados Unidos, possui cerca de 1,8 km de
profundidade e pouco menos de 450 km de extensão).
Após sua passagem por Plutão, a sonda se encaminhou para
um outro asteroide, chamado 2014 MU69 e apelidado de “Última
Thule” (nome de origem grega e latina que significa "além do universo
conhecido"). Depois de mais de 4 anos de viagem (afinal, o objeto está a
mais de 6,5 bilhões de quilômetros da Terra), no dia 1 de janeiro de 2019,
pouco depois da virada do ano, a sonda passou por um pequeno asteroide que já
vinha intrigando os astrônomos desde sua descoberta em 2014 pelo telescópio
espacial Hubble.
Créditos da imagem: NASA New Horizons - JHUAPL - SwRI
Última Thule pertence ao cinturão de Kuiper, formado por
asteroides além da órbita de Netuno. Ele é parte de uma classe do cinturão de
Kuiper chamada "Clássico Frio", de objetos com órbita quase circular
e com baixa inclinação, indicando que sofreram pouca perturbação desde sua
formação (que se acredita ter sido na mesma época da formação do Sistema
Solar). Após sua descoberta, observações utilizando a técnica de ocultações
estelares (quando se usa a ocultação de uma estrela pelo asteroide para
descrever suas características) indicavam que o asteroide poderia ser não
apenas um, mas dois objetos "ligados" orbitando em torno de um ponto
de gravidade em comum (chamado binário de contato).
Créditos da imagem: NASA/HST/New Horizons - JHUAPL
- SwRI
O pesquisador Gustavo Benedetti Rossi, do Observatório
Nacional, foi convidado por Marc Buie para participar do evento da NASA, devido
ao seu trabalho no mestrado, de astrometria de Plutão, que ajudou no
desenvolvimento de novas efemérides do planeta anão. Efemérides são conjuntos
de dados que informam a posição e outras informações sobre um objeto em função
do tempo. Esse trabalho, inclusive, levou a uma correção na "órbita"
da New Horizons.
O evento foi realizado na Universidade Johns Hopkins, nos
EUA, e o pesquisador do ON acompanhou toda a expectativa da equipe. O evento
contou com várias entrevistas e podcasts com a equipe
científica, além da presença do astrofísico e guitarrista da banda Queen, Brian
May, que também é simpatizante e apoiador da sonda. Além de participar, ele
lançou um novo single (ouça aqui) em
homenagem à sonda pouco antes das duas contagens regressivas para a virada do
ano e para a passagem da sonda.
O asteroide Ultima Thule tornou-se
o objeto mais distante e mais primitivo já explorado por uma sonda. As imagens
obtidas – que só chegaram à Terra pela manhã, quase 7 horas depois da passagem
da New Horizons – revelaram suas características físicas:
o Ultima Thule é realmente um binário de contato de tamanho
total aproximado de 30km, com uma superfície com crateras de impacto de corpos
menores e com os dois lóbulos quase idênticos de cor bastante
avermelhada. Além disso, a sonda também procurou por satélites, presença
de atmosfera, anel ou outros materiais (detritos restos de alguma colisão, por
exemplo), mas não encontrou nada até agora. Entretanto, isso pode mudar, já que
os dados completos da aproximação sonda demorarão mais de 15 meses para chegar
até nós).
Astrônomos aguardam ansiosos para receber todos estes
dados, que podem dar dicas importantes sobre a matéria inicial da formação do
Sistema Solar, revelando quais eram as condições físicas nesta região quando
ele se formou. As informações da sonda são peças fundamentais e complementam
ainda mais as pesquisas realizadas pelo grupo de Sistema Solar do LIneA que,
entre outros, fazem a caracterização destes objetos distantes com observações
da Terra e também procuram contar como nosso sistema planetário se formou e
evoluiu.
Créditos da imagem: NASA/New Horizons - JHUAPL - SwRI
O LIneA é
um laboratório coordenado pelo Observatório Nacional (ON), resultado de uma
parceria com o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e a Rede
Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP),
criado com a finalidade de dar suporte à participação brasileira em
levantamentos astronômicos. O INCT do e-Universo também apoia brasileiros
participantes de grandes levantamentos astronômicos, incluindo o LSST.
Fonte: Site do Observatório Nacional (ON)
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