Quer Morar em Marte? Não Vai Rolar Tão Cedo, Diz Brasileiro da NASA
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante entrevista postada hoje (14/02)
no site “UOL Notícias”, com os cientista brasileiro do JPL da NASA, Dr. Ivair
Gontijo. Vale a pena conferir.
Duda Falcão
ASTRONOMIA
Quer Morar em Marte? Não Vai Rolar
Tão Cedo, Diz Brasileiro
da NASA
Gabriel Francisco Ribeiro
Do UOL, em São Paulo
14/02/2019 04h00
Imagem: Divulgação
Se a humanidade já conseguiu de alguma forma desvendar
alguns aspectos de Marte, o brasileiro Ivair Gontijo é um dos
responsáveis. O cientista da Nasa, formado pela UFMG (Universidade Federal
de Minas Gerais), foi um dos líderes do projeto que culminou com a ida do
veículo Curiosity para o planeta vermelho no início da década. Hoje ele mora na
Califórnia (EUA) e trabalha no projeto que levará a próxima sonda para o
planeta vizinho, então aproveitamos uma rápida passagem dele pelo país
para perguntar ao físico: quanto tempo falta para podermos morar em Marte?
E as notícias não são animadoras. Ele jogou um balde de
água fria em quem já planejava juntar um dinheirinho para comprar uma passagem
no foguete de Elon Musk:
Ainda existem problemas técnicos gigantescos,
como produzir
oxigênio. É uma viagem que demora entre oito e nove
meses.
Não sei dizer quanto tempo falta, mas imagino umas duas
ou três
décadas. Depende muito do investimento”
Imagem: Arquivo Pessoal
Ivair Gontijo, ao lado da Curiosity: brasileiro ajudou a
projetar robô.
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Além de achar um jeito de produzir oxigênio para a
longa viagem, o brasileiro cita como empecilhos técnicos a dificuldade de
armazenar comida para os astronautas fazerem o longo percurso até chegar a
Marte e o espaço pequeno destinado a humanos dentro dos foguetes já usados para
ir ao planeta vermelho.
Gontijo sequer arrisca uma data para pisarmos em solo
marciano, até por não estar diretamente ligado ao projeto que visa levar
humanos ao planeta. O que ele sabe, por trabalhar no grupo que vai lançar
um novo robô para o planeta "vizinho", é que estamos muito mais
preparados para descobrir vida por lá.
“Estamos muito mais preparados para procurar por vida.
Temos equipamentos melhor. Temos equipamentos melhores,
técnicas mais
sofisticadas e entendemos mais de sequenciamento
de DNA. O equipamento
de hoje é completamente diferente do
de vinte, trinta ou cinquenta
anos atrás...”
A pesquisa vai coletar amostras e procurar por material
orgânico em Marte, algo vital para descobrirmos se há ou houve vida ali em
algum momento.
Confira a entrevista completa com o cientista que esteve
no Brasil para a Campus Party 2019:
UOL: O que você
está fazendo atualmente na NASA? Em qual projeto está trabalhando?
Ivair Gontijo:
Estou trabalhando no projeto Mars 2020, a próxima missão que vai para Marte
entre julho e agosto do ano que vem. É parecida com a Curiosity --um veículo
parecido, mas com um conjunto diferente de instrumentos e um sistema coletor de
amostras. A ideia é mandarmos a melhor tecnologia e os melhores instrumentos
para procurar material orgânico em Marte. Quando acharmos rochas com material
orgânico dentro, vamos coletar amostras e colocar em tubos metálicos, que
serão deixados na superfície de Marte para em uma missão futura robotizada
trazer para a Terra.
Imagem: NASA
UOL: Por que
precisa trazer para a Terra? Não pode ser analisado por lá?
Gontijo: Aqui
temos o sequenciamento de DNA e técnicas de biologia e física que enchem
um edifício inteiro. Não dá para fazer uma versão miniatura disso e mandar para
Marte, por isso temos que trazer as amostras para estudar aqui. Sou o
engenheiro responsável pelas interfaces entre o veículo e os instrumentos, como
o laser para vaporizar rocha em Marte e fazer medidas de elementos
químicos. São esses instrumentos que nos permitem fazer medidas
remotas e saber quais materiais interessantes trazer para cá. Toda forma de
vida na Terra que a gente conhece é feita de carbono, então buscamos material
orgânico que indique se Marte já teve ou tem vida. Se a gente continuar
insistindo, uma hora vamos responder essa pergunta.
UOL: Quando falta
para irmos para Marte?
Gontijo: Ainda
existem problemas técnicos gigantescos, como produzir oxigênio e comida para
uma viagem que demora entre oito e nove meses. O Curiosity foi
para Marte em um foguete onde só cabia uma coisa de quatro metros e meio,
é espaço é muito pequeno para humanos. Coube apenas um veículo de 900 kg dentro. Mas
os problemas técnicos, se continuarmos insistindo, vamos resolver. Só não sei
dizer quanto tempo falta, mas imagino umas duas ou três décadas. Depende muito
do investimento.
Imagem: Arquivo Pessoal
UOL: Por que é tão
importante chegarmos lá? O que a humanidade pode ganhar com isso?
Gontijo: O que
a gente sabe é que o ser humano é um bicho curioso. Buscamos o conhecimento
científico, interessa saber porque Marte se modificou tanto. Em um passado
distante era um planeta muito parecido com a Terra e hoje é super frio e árido.
O que aconteceu? A gente não sabe. Não sabemos o resultado que uma
tecnologia vai produzir. Há pouco mais de 100 anos tinha um brasileiro que era
rico, morava em Paris e gastou dinheiro fazendo uma máquina pesada que se
mantinha no ar. Para que serve isso? Não acho que Santos Dumont poderia ter
investido melhor, é o maior investimento da humanidade. As coisas evoluem dessa
forma. As aplicações vêm depois, desenvolvemos primeiro ideias e conceitos
científicos.
UOL: Qual vai ser
nosso primeiro passo em Marte? O que poderemos fazer que os robôs ainda não
fizeram?
Gontijo: Com
seres humanos, podemos fazer mais. Podemos ter mais informações sobre o
planeta, informações quase subjetivas que o robô não teria como captar para
nós. E também podemos começar a desenvolver todo um processo de colonização,
podemos começar a plantar e fazer coisas que o robô não faz.
UOL: Quais as
próximas fronteiras? O que vem de novo por aí que nos permitirá mais
conhecimento?
Gontijo: Muita coisa. Tem exploração robótica do Sistema
Solar, tem Marte, tem a lua de Júpiter. Europa é uma lua coberta de gelo cheio
de fratura. Se tem fratura, é porque tem movimento. A gente tem indícios de que
esse gelo tem 30 km de espessura e abaixo tem um oceano global, existe mais
água em Europa do que na Terra, então o lugar é interessante para procurar
vida. São várias missões acontecendo e vários outros corpos no Sistema
Solar sendo estudados. E tem a astronomia em geral, estudo das estrelas, estudo
das galáxias... Têm muitas perguntas a serem respondidas, por exemplo os pulsos
de raio gama no Espaço que não se sabe de onde vêm. Tudo isso é estudado, a
estrutura do universo inteiro, como as estrelas evoluem.
UOL: Estamos mais
preparados para encontrar alguma forma de vida fora da Terra?
Gontijo: Com
certeza, melhorou demais. Estamos muito mais preparados para procurar por vida,
temos equipamentos melhores e técnicas mais sofisticadas. Entendemos mais de
sequenciamento de DNA. Os equipamentos de hoje são completamente
diferentes do que havia vinte, trinta ou cinquenta anos atrás.
UOL: Buscamos uma
forma de vida que já existe na Terra ou algo diferente?
Gontijo: A
gente faz medidas de estrelas em galáxias inteiras e planetas, por exemplo
de Marte, e encontramos os mesmos elementos químicos da Terra. É magnésio,
silício, carbono... os elementos da tabela periódica. O carbono é quase
mágico. Nós temos uma química inteira só do carbono, a orgânica, e a química
inorgânica que trata dos outros. O carbono junta com oxigênio, hidrogênio e
forma moléculas enormes que são o DNA e dá para decodificar a vida. Se esses
elementos são abundantes, é muito mais fácil pensar que são por elementos
parecidos. Não precisa ser humanoide com dois braços e pernas, mas uma vida
baseada em molécula de DNA. Pode ser que não seja DNA também, mas é uma boa apostar
no carbono. O silício também forma moléculas grandes, mas o carbono tem suas
vantagens. Agora, se existe outra forma de vida completamente diferente, é
baseada no quê? Se não for matéria, se não for químico, não teria nem
como se comunicar. Não é científico. Eu acho que apostar em vida formada de
carbono é a melhor aposta.
Fonte: Site do Uol Notícias - https://noticias.uol.com.br
Já pensou receber educação de graça com a premissa de que vai trazer divisas, desenvolvimento e empregos para o Brasil, pular fora e ir morar no primeiro mundo e depois voltar pra passar alguns dias e ainda ser reverenciado e entrevistado como herói? Pois é...
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