E o Projeto SARA?

Olá leitor!

Pois então caro amigo, desde o acidente que destruiu o primeiro protótipo do ‘Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA)’, isto durante as atividades da “Operação São Lourenço”, realizada no CLA entre outubro e novembro de 2015, creio eu que muitos de meus leitores, entusiastas como eu deste fantástico projeto, vem aguardando ansiosamente por notícias sob a sua continuidade.  Entretanto, até o momento o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) mantem um quase que sepulcral silencio sob as suas atividades no âmbito deste importante projeto espacial brasileiro.

Dr. Paulo Moraes Jr.
Idealizado e primeiramente coordenado em meados dos anos 90 do século passado, pelo saudoso Dr. Paulo Moraes Jr. (este um visionário que por mais de 30 anos foi servidor do IAE, também idealizador e coordenador do antigo ‘Programa Cruzeiro do Sul’ de veículos lançadores e presidente da “Associação Aeroespacial Brasileira (AAB)” por duas gestões), o Projeto SARA foi um projeto que o Dr. Paulo tinha como se fosse um filho, tanto que, após a sua aposentadoria do IAE, ele pretendia criar uma pequena empresa espacial tendo como primeiro projeto a criação de um sistema que permitisse a acoplagem da cápsula do ‘SARA Orbital’ com outros objetos em órbita, pois evidentemente visionário como era, já previa novos rumos para este projeto.

Pois é, mas desde o acidente de 2015 com o primeiro protótipo, muito pouco se tem falado neste projeto e o que se pode achar na net está restrito as pequenas informações contidas no “Relatório de Atividades 2016-2017 do IAE”, também em um artigo denominado “Atmospheric Re-entry Stability Analysis of the Space Vehicle SARA” (este apresentado durante o “68th International Astronautical Congress”, em Adelaide, na Austrália, de 25 a 29 setembro de 2017) e em mais alguns artigos.

Vale lembrar leitor, para aqueles que desconhecem este projeto que, o mesmo trata do desenvolvimento de uma plataforma de 350 kg para experimentos científicos e tecnológicos a serem colocados em uma altitude de aproximadamente 300 km em órbita, com tempo de permanência de até 10 dias, e após este período sendo enviada de volta a Terra, fazendo a reentrada na atmosfera terrestre e caindo de paraquedas onde será resgatada pela FAB.


Infográfico explica as fases de lançamento do SARA.

Assim sendo, desde a sua configuração inicial na época do Dr. Paulo, visando à viabilização deste objetivo, este projeto foi dividido em quatro fases, sendo duas suborbitais e duas orbitais, caracterizadas assim por incrementais tecnológicos.

Diante disto, com o aprendizado e os ganhos obtidos durante a “Operação São Lourenço” de 2015 (apesar do acidente), o projeto foi reavaliado pelo IAE, sendo o novo protótipo, desde então, denominado de ‘SARA Suborbital I-v.2’.

Segundo o Relatório do IAE citado acima, nesse processo de reavaliação e reconstrução estarão presentes neste novo protótipo, dentre outras, as seguintes atividades:

* a readequação do projeto estrutural para reduzir os níveis de vibração sobre os componentes eletrônicos e mecânicos;

* a simplificação da Rede Elétrica com o emprego de 70 IAE — RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2016–2017 04 . REALIZAÇÕES TÉCNICAS componentes e sistemas que poderão ser utilizados em veículos suborbitais; e

* o estudo para a modificação do projeto aerodinâmico com vistas a garantir a estabilidade e a redução de velocidade durante a reentrada atmosférica.

Vale lembrar leitor também que durante a realização da LAAD 2017, a Força Área Brasileira (FAB) apresentou em seu stand na feira um interessante vídeo animação deste projeto que trago abaixo para você, porém eu creio que o mesmo seja ainda relativo ao primeiro protótipo perdido em 2015 com a explosão do foguete VS-40M na plataforma de lançamento.


A esperança de hoje do Blog BRAZILIAN SPACE é que apesar do desinteresse governamental durante esse período após o acidente, o projeto tenha de alguma forma avançado nos últimos quase quatro anos, e que agora, com este novo Governo Bolsonaro, tendo a frente um ministro comprometido com o avanço tecnológico como é o nosso Ministro-Astronauta Marcos Pontes, o mesmo possa finalmente avançar e mostrar resultados concretos a Sociedade Brasileira, e assim também em reconhecimento, alegrar o seu saudoso visionário idealizador, esteja ele onde estiver.

Duda Falcão

Comentários

  1. Este projeto junto ao de veículos lançadores creio ser um dos mais importantes para a área espacial brasileira. É uma área de tecnologia sensível e de uso dual. O domínio da tecnologia crítica de reentrada atmosférica é a mesma utilizada nos mísseis balísticos. Talvez aí esteja nosso desafio frente a outros players globais. Nossos lançadores também são de combustível sólido o mesmo usado também mísseis balísticos. Precisamos de mais ousadia e de um governo forte. O ministro Pontes foi uma das melhores escolhas desse governo. Mas creio que muito desse desenvolvimento é tecnologia crítica militar e por isso deveria ser melhor guardada.

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  2. Penso que projetos dessa natureza deveriam ser desenvolvidos em segredo. O Brasil só conseguiu enriquecer urânio porque tomou essa precaução.

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