O Gigante Foguete Europeu Que Está Sendo Erguido na Selva Sul-Americana
Olá leitor!
Segue um interessante artigo postado ontem (30/01) no
“Portal TERRA” tendo como destaque o gigante foguete europeu que está sendo
erguido na selva sul-americana.
Duda Falcão
TECNOLOGIA
O Gigante Foguete Europeu Que Está
Sendo Erguido na Selva
Sul-Americana
A nova torre de lançamento de foguetes da Europa está
sendo construída distante do continente. A BBC Future visitou a "Torre
Eiffel" das florestas da Guiana Francesa.
Por Richard Hollingham
Da BBC Future
30 de jan de 2019 - 14h00
Atualizado às 16h07
Para se ter a melhor vista da base de lançamento espacial
em Kourou, na Guiana Francesa, é preciso subir uma colina íngreme em meio à
floresta tropical. A caminhada é árdua. Mas isso não é o pior do trajeto.
Foto: STEPHANE CORVAJA / BBC News Brasil
Unidade de lançamento europeia está sendo construída em solo latino-americano. |
No topo, as árvores dão lugar a uma plataforma de
observação de madeira com o letreiro "Casa Araignées" ("Casa de
Aranhas") na entrada. Por todos os lados, há aranhas do tamanho de uma
mão, e suas teias cobrem as vigas de madeira.
É necessário passar por elas com cuidado (a ideia de se
enredar numa teia de aranha gigante é realmente aterrorizante) para observar a
paisagem da floresta e as torres de lançamento de três foguetes: Ariane 5,
Soyuz e Vega.
O maior deles, o Ariane 5, voa desde 1996 e, apesar de
uma missão inaugural catastrófica, provou ser a maneira mais confiável no mundo
para lançar satélites em órbita e além. Um Ariane 5 transportou recentemente a
gigantesca espaçonave BepiColombo no primeiro estágio de sua longa viagem a
Mercúrio. Também lançou alguns dos maiores satélites de telecomunicações,
meteorologia e navegação do mundo.
Mas pegar carona em um Ariane 5 sai caro. Lançá-lo custa
em torno de US$ 100 milhões (R$ 370 milhões) - os custos exatos raramente são
divulgados. Concorrentes mais novos, como a SpaceX, de Elon Musk, prometem o
mesmo serviço com economia de dezenas de milhões de dólares.
Em resposta, a Europa está construindo o Ariane 6 - um
foguete multi-estágio de 62 metros de altura, capaz de lançar espaçonaves
médias e grandes em diferentes órbitas. Com seu desenvolvimento custando 2,4
bilhões de euros (R$ 10 bilhões) e financiado pela Agência Espacial Europeia
(ESA), tudo no novo lança-foguetes foi projetado para ser mais barato e mais
eficiente que o Ariane 5.
Foto: Richard Hollingham / BBC News Brasil
Obras seguem com velocidade para cumprir
prazo de
inauguração.
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"Nosso objetivo é fazer algo que seja muito atraente
em termos de preço e serviço aos clientes", diz Charlotte Beskow, chefe da
ESA em Kourou, que admite que o custo não é o único fator. "Nós também
temos a vontade política de ter nosso acesso próprio ao espaço para não
dependermos dos outros."
Equipado com motores avançados e novos impulsionadores
sólidos, o Ariane 6 terá versões regulares e supersônicas, dependendo da massa
e do destino orbital da carga útil. Também está adquirindo uma nova plataforma
de lançamento e um pórtico - uma estrutura que os engenheiros franceses do
projeto descrevem carinhosamente como "Torre Eiffel móvel".
Mais Moderno
Até agora, o pórtico de 90 metros de altura é apenas uma
estrutura gigante de vigas. Mas, nos próximos meses, ele será coberto por
painéis de metal. Ao contrário de seu predecessor, o Ariane 6 será montado
horizontalmente e depois içado na torre de lançamento para finalizar montagem,
abastecimento e teste. Portanto, algumas horas antes do lançamento, toda a
estrutura será removida em trilhos para liberar espaço para o foguete na
plataforma de lançamento.
"Foi o que fizemos nos velhos tempos do Ariane 4 e é
o que fazemos com o Vega e o Soyuz, então é uma tecnologia comprovadamente
eficaz", diz Beskow. "Desta vez, estamos fazendo isso em escala
maior, mas é mais rápido, mais eficiente, permite que as pessoas trabalhem em
condições seguras e, do ponto de vista meteorológico, é mais conveniente".
O lançamento desde o equador - onde a Terra gira mais
rápido que em outras latitudes - ajuda a dar um impulso extra no foguete rumo à
órbita. O lado negativo é o clima tropical. As áreas externas estão repletas de
algas, musgo e mofo. Por isso, o interior da torre de lançamento será
climatizado e cercado por pára-raios para proteger o foguete e a equipe.
Foto: Richard Hollingham / BBC News Brasil
A plataforma de observação com vista para o local de
lançamento é o lar de uma população de aranhas enormes.
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Atualmente, são necessários 35 dias para preparar um
Ariane 5 para o lançamento. Os foguetes precisam ser transportados entre
diferentes instalações em uma extensa rede ferroviária. Com o Ariane 6, o
objetivo é reduzir esse tempo para apenas 12 dias.
"O produto final será muito simples, muito aerodinâmico,
ficará elegante - é assim que economizaremos tempo", diz Beskow.
"Haverá menos manipulações, operações, transporte e gargalos - ele deverá
oferecer tempos de resposta mais rápidos, maneiras mais rápidas de chegar ao
espaço."
Desafio de Engenharia
Mas a construção de uma nova plataforma de lançamento é
apenas parte do desafio da engenharia. O mais impressionante está abaixo do
solo. Da superfície, a plataforma de lançamento vai se parecer com a uma placa
de aço e concreto, mas, uma vez concluída, sua estrutura de suporte alcançará
cerca de 30 metros abaixo do solo.
De cada lado, um par de túneis de 20 metros de largura
será construído para afunilar o escapamento das chamas e transportar a água
jogada no foguete durante o lançamento.
"Nós chamamos isso de dilúvio - jogamos muita água
para reduzir as vibrações no lançador e na carga útil", explica Beskow.
"Isso também reduz efeitos colaterais tóxicos, por isso é muito
importante".
Neste momento, o complexo de lançamento europeu é um
vasto canteiro de obras com 600 trabalhadores empregados em dois turnos.
Enquanto observo a cena, sete guindastes altos e finos balançam, concreto e
entulho surgem à frente, faíscas voam enquanto os técnicos soldam as vigas, e
há um barulho constante.
Com o primeiro Ariane 6 saindo da linha de produção em
2019, e o primeiro lançamento previsto para 2020, o tempo está acabando. Mas o
engenheiro responsável, Frédéric Munos, exala uma confiança tranquila. Afinal
de contas, esta é a sua quinta plataforma de lançamento.
Foto: Richard Holingham / BBC News Brasil
Os engenheiros do projeto se referem a ele como
uma
'Torre Eiffel móvel'.
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"Nós temos de fazer isso corretamente, com bom
design e sem acidentes", diz Munos, com naturalidade. "Ficaremos
satisfeitos no primeiro lançamento, que será visto pelos olhos do mundo."
No início deste ano, quando a SpaceX lançou seu Falcon
Heavy no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, milhares de pessoas viajaram para
assistir ao lançamento. Como a Guiana Francesa é relativamente isolada, menos
pessoas devem testemunhar pessoalmente o lançamento de um Ariane 6.
"O problema é que ele está em um local ideal, porém
remoto. Adoraria que mais pessoas viessem aqui para vê-lo, assim como vão para
Houston e Kennedy", afirma. "Este é um ativo europeu e observá-lo
será de cair o queixo."
Se você decidir fazer uma visita, lembre-se apenas de uma
coisa: cuidado com as aranhas gigantes.
Fonte: Portal Terra - 30/01/2019 - https://www.terra.com.br
Comentário: Pois é leitor, quando leio um artigo como
esse não tenho como não ficar frustrado, 2,4 bilhões de euros (R$ 10 bilhões)
sendo aplicados pela ESA em um único projeto para um setor que na visão da ignorante
Sociedade Brasileira não tem a menor importância. Sinceramente espero que a
equipe do nosso Ministro-Astronauta Marcos Pontes chegue a ler esse artigo, e assim quem sabe servir ainda mais de incentivo para que o Brasil definitivamente tenha
um programa espacial de verdade, e não mais essa piada fantasiosa que se
transformou desde a chegada dos governos civis. Aproveito para agradecer ao
nosso leitor Rui Botelho pelo envio desse artigo.
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