Marcos Pontes Quer Que Centro de Lançamento de Foguetes no Maranhão Preste Serviços de 'Classe Mundial'
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante entrevista postada dia (10/01) no site do jornal “O Globo” com o
ministro Marcos Pontes, onde o mesmo destaca que o centro de lançamento de foguetes no Maranhão deve prestar serviços de 'Classe Mundial'.
Duda Falcão
SOCIEDADE
Marcos Pontes
Quer Que Centro de Lançamento de Foguetes no Maranhão Preste
Serviços de 'Classe Mundial'
Ministro da
Ciência e Tecnologia quer estabelecer uma nova
governança para
o setor espacial no Brasil
Por Roberto
Maltchik
O Globo
10/01/2019 -
19:19
Atualizado em
10/01/2019 - 19:46
Foto: Jorge
William / Agência O Globo/28-12-2018
Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicações, defende o estabelecimento de uma Lei Geral do Espaço.
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RIO — Menos de
duas semanas após assumir o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, Marcos Pontes começa a delinear o formato do Programa Espacial
Brasileiro no governo Bolsonaro. Nesta quinta-feira, conforme antecipou o blog
Politicando , ele anunciou o nome do novo presidente da Agência Espacial
Brasileira (AEB), Carlos Augusto Teixeira de Moura, que conhece em detalhes os
desafios para tornar o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão,
numa base para lançamentos comerciais de satélites estrangeiros.
Em entrevista
exclusiva ao GLOBO, Pontes afirma que o objetivo é garantir que o CLA preste
serviços de "classe mundial". E definiu como prioridade estabelecer
"uma nova governança" para o setor espacial, que hoje enfrenta
dificuldades para a execução de seus projetos prioritários, como o Veículo Lançador
de Microssatélites (VLM).
Sobre o acordo
de salvaguardas tecnológicas com os Estados Unidos, pré-condição para o uso
comercial de Alcântara, Pontes afirma que há "compreensão mútua"
entre os dois países sobre o texto que deverá ser submetido ao Congresso nos
próximos meses. E reconhece que, antes de dar início ao uso comercial da base
de Alcântara, o Brasil precisa estabelecer uma Lei Geral do Espaço, o que ainda
deve levar algum tempo.
Quando o senhor
acredita que haverá condição de votar no Congresso o AST, acordo de salvaguarda
tecnológica com os Estados Unidos, com o objetivo de fazer uso comercial do
CLA?
As negociações
sobre o AST têm avançado positivamente, com a compreensão mútua de ambas as
partes. Acreditamos que, em breve, o texto acordado estará pronto e, na
sequência, poderá ser apreciado por nossos congressistas.
Em sua
opinião, quais são as garantias mais importantes para que este acordo não afete
a soberania nacional?
O Brasil é um
país de destaque nos fóruns mundiais de não proliferação, tais como MTCR
(tecnologias de mísseis) e NSG (supridores nucleares). Temos, portanto, uma
reputação de país responsável, cumpridor dos compromissos assumidos, e com
efetiva participação na definição de critérios técnicos e jurídicos para a
proteção de tecnologias sensíveis. Com respeito ao AST, o Brasil vai se
comprometer a atuar como ocorre nos principais centros de lançamento do
mundo. O detentor do satélite ou do lançador terá as garantias para que,
durante as atividades de lançamento e, na eventualidade de investigação de
acidente com exposição de partes desses sistemas, será respeitado o direito de
proteção à propriedade intelectual. De qualquer forma, na condição de país
lançador, o Brasil manterá sob sua responsabilidade a coordenação geral das
atividades de lançamento e rastreio, principalmente quanto aos aspectos de
segurança.
Qual é o
modelo de gestão que o senhor entende mais adequado para o uso comercial do
CLA?
Nosso passo
inicial é garantir que o CLA possa, via sistemas, processos e pessoal
devidamente qualificados, prestar serviços de lançamento de classe mundial.
Somente depois disso é que teremos condições de estabelecer o melhor modelo de
exploração das atividades, principalmente no que tange a aspectos comerciais.
Enquanto isso, estamos verificando como as operações espaciais ocorrem em
outros centros mundo afora, de maneira a estabelecermos os modelos mais
adequados à nossa realidade e ao nosso arcabouço legal.
Como o senhor entende que deve ser a
atuação da AEB no serviço de lançamento de satélites?
Ao longo deste
ano, o Comitê de Desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro estudou
gargalos que precisam ser vencidos na área espacial, e foram propostas
soluções. Uma das mais importantes é a nova governança do setor, alçando nosso
Programa a um efetivo compromisso de Estado em prol desta e das futuras
gerações. A AEB manterá, nesse modelo de governança, diversas atividades que já
executa, além de secretariar o Comitê Executivo do Espaço. A título de exemplo,
continuará cabendo à AEB o estabelecimento de acordos internacionais e o
fomento de atividades junto às nossas universidades e institutos técnicos, de
forma que o Programa Espacial desperte vocações e dê o melhor retorno possível
aos anseios da sociedade.
O senhor é
favorável a concessão da exploração da área do CLA para a iniciativa privada,
em um período que possa ir até a 50 anos para garantir o retorno do negócio?
Primeiramente,
precisamos de segurança jurídica. Além do AST, temos trabalhos em
desenvolvimento para estabelecer uma Lei Geral do Espaço. Com isso,
investidores poderão equacionar seus modelos de negócios, de forma a que suas
atividades sejam não somente rentáveis, mas também indutoras de desenvolvimento
tecnológico e socioeconômico para toda a região de Alcântara.
Em sua
opinião, além de uma eventual concessão de exploração, o senhor concorda com a
ideia de repassar a administração do CLA para alguma fundação, com o objetivo
de facilitar a alocação de recursos para o centro?
Seria muito
prematuro qualquer iniciativa nessa direção. O Brasil possui modelos muito
interessantes de compartilhamento de instalações e serviços, como ocorre em
nossos aeroportos e em nosso sistema de controle de tráfego aéreo e de defesa
aérea. Em todo o mundo, há centros espaciais qualificados que fazem o uso
de serviços técnicos, logísticos e de segurança de forma associada a
organizações de defesa. Portanto, mais uma vez, o importante é garantir a
qualidade dos serviços.
Em quanto
tempo o senhor considera viável o início da exploração comercial do CLA?
O CLA já possui
um amplo leque de sistemas e serviços capaz de atender, com pequenas
adaptações, veículos de pequeno porte. Temos recebido diversas empresas
interessadas em se valerem das condições excepcionais de Alcântara.
Acreditamos, assim, que tão logo esses aperfeiçoamentos sejam feitos e tenhamos
o arcabouço legal definido, poderemos partir para a negociação concreta da exploração
comercial.
Qual é sua
opinião sobre o projeto VLM, o Veículo Lançador de Microssatélites?
O Veículo
Lançador de Microssatélites está em linha com as tendências do “new space”, no
que tange a lançamento de satélites de pequeno porte e com mais frequência. É
um nicho de mercado muito favorável à exploração pelo Brasil. Além disso, após
a obtenção dos parâmetros reais de voo, poderemos, a partir do VLM, desenvolver
a família de lançadores Áquila, com maior capacidade de carga. Isso nos
permitirá atender ampla gama de nossas necessidades, tanto do PNAE como do PESE.
O senhor
pretende dar prioridade para este projeto?
Prosseguiremos
com o desenvolvimento, com a participação de nossa indústria, e rumo à nossa
autonomia em lançamentos de pequeno porte. Aliás, os recentes testes do motor
S-50, em desenvolvimento pela AVIBRAS, têm demonstrado ótimas perspectivas de
atender o desempenho esperado.
Fonte: Site do
Jornal o Globo - http://oglobo.globo.com
Comentário: Quero aqui parabenizar o nosso ministro Marcos
Pontes pela serenidade e sapiência com que conduziu as suas repostas para o
jornal 'O GLOBO'. Parabéns ministro, é isso aí, vamos em frente com dedicação, sapiência,
seriedade, dinamismo e competência, pois se assim for, finalmente caminharemos
para um programa espacial de verdade que traga benefícios a sociedade
brasileira, como também a humanidade como todo. Política si, mas para o povo em
prol do povo. Que a ‘Força’ esteja sempre com o senhor.
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