UFRN Desenvolve Veículo Hipersônico Scramjet Para Ser Lançado no Topo de Um Foguete FTI

Olá leitor!

Com pequenos passos e bem aquém do que gostaríamos e poderíamos estar fazendo, a tecnologia espacial no Brasil vem avançando a passos lentos dentro de um contexto global, aí incluindo os esforços do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) do Comando da Aeronáutica (COMAER), para dotar o país de uma ‘tecnologia de vanguarda hipersônica a ar aspirado’ capaz de colocar cargas uteis e satélites no espaço, bem como também de outras aplicações que venham no futuro beneficiar a nossa sociedade.

Pois é caro amigo leitor, fazendo parte de um pequeno e seleto clube hipersônico formado pela Austrália, China, EUA, França, Japão e Rússia, o Brasil através do “Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica Prof. Henry T. Nagamatsu” do IEAv, vem pesquisando essa tecnologia desde 2007, e atualmente trabalha no desenvolvimento de três veículos scramjets demonstradores de tecnologia para voos atmosféricos, ou seja, o VHA 14-X Waverider que visa realizar um voo atmosférico a 30 km de altitude em velocidade correspondente a Mach 10, voo este previsto para acontecer em 2020, o VHA 14-X B, que visa realizar um voo atmosférico a 30 km de altitude em velocidade correspondente a Mach 7 e o mais recente o VHA 14-X S, que visa realizar também um voo atmosférico a 30 km de altitude em velocidade correspondente a Mach 7, ou seja leitor, trabalho para muitos anos nesta área e que esperamos que agora no ‘Governo Bolsonaro’, seja realmente conduzido com foco e comprometimento, para assim apresentar resultados concretos a Sociedade Brasileira.

Concepção artística do VHA 14-X Waverider.
Desenho conceitual do VHA 14-X B.
Desenho conceitual do VHA 14-X S.

Entretanto leitor, atualmente o IEAv já não é mais o único centro de pesquisa no Brasil trabalhando nessa área hipersônica (seja formando novos profissionais ou mesmo desenvolvendo tecnologia), afinal a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde que assinou em 2015 uma parceria com o próprio IEAv, e também com o Centro de Lançamento Barreira do Inferno (CLBI), o Centro Regional do Nordeste (INPE/CRN) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), visando assim implementar uma estrutura de ensino e pesquisa, através da criação de cursos de extensão e pós-graduação, e com isso no futuro atrair empresas para a instalação do Polo Aeroespacial do Nordeste (PAN), alguns projetos nesta área já estão sendo conduzidos com a participação desta universidade.

Este por exemplo é o caso do projeto da PHiLo (Plataforma Hipersônica de Lançamento Orbital) para ser instalada no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) e já abordada aqui no Blog (sem muitas informações pois elas não estão disponíveis como gostaria), bem como, pasmem, o desenvolvimento de um Veículo Scramjet Acadêmico projetado para um vôo a 6,2 km de altitude e com velocidade correspondente ao Mach 4.18, para assim ser acoplado no topo de um Foguete de Treinamento Intermediário (FTI), e lançado do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), projeto este que é a razão deste artigo.

Vale lembrar aqui leitor que os meios atuais de acesso ao espaço são limitados pela quantidade de combustível que os foguetes precisam levar para sair das camadas densas da Atmosfera Terrestre, o que faz com que assim pouca carga seja embarcada, e isso limita as atividades aeroespaciais.

Diante desta situação leitor, este scramjet demonstrador tecnológico de vanguarda está sendo estudado como uma nova tecnologia de acesso ao espaço que propõe um novo sistema de propulsão de respiração aérea.

A ideia é da galera da UFRN é que este scramjet acadêmico seja acoplado ao FTI funcionando como uma segunda etapa, para assim obter uma maior potência durante o vôo. Cálculos foram feitos na variação da geometria para selecionar a melhor seção de compressão e expansão para este scramjet, com adição de calor. Na seção de compactação, apenas um a configuração com três tamps foi considerada, e os resultados analíticos foram comparados com os resultados da simulação.

O Projeto do Scramjet/FTI que tem a coordenação do conhecidíssimo e competentíssimo pesquisador brasileiro nesta área de hipersônica, o “Dr. Paulo Gilberto de Paula Toro” (recentemente aposentado do IEAv), foi apresentado durante o “17th Brazilian Congress of Thermal Sciences and Engineering”, evento este realizado de 25 a 28/11/2018, em Águas de Lindoia (SP), e caso o leitor queira se aprofundar mais sobre o assunto, clique aqui.

Duda Falcão

Comentários

  1. Parabéns. Acredito que a solução para o desenvolvimento espacial do Brasil é fazer com que essas pesquisas passem também pelas Universidades sobretudo as públicas. Utilizar um FTI é uma excelente opção. Parabéns pela escolha.

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  2. Que ótima ideia! Vamos acompanhar essa iniciativa! Abraços.

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