Conhecimento a Favor da Conquista do Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante artigo publicado na edição
de número 259 “Jan, Fev, Março de 2019” da "Revista AEROVISÃO" da Força Aérea
Brasileira (FAB), o conhecimento que vem sendo adquirido pelo Instituto Tecnológico
de Aeronáutica (ITA) na área de pequenos satélites (cubesats).
Duda Falcão
ESPAÇO
Conhecimento a Favor da Conquista do Espaço
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) se destaca no
desenvolvimento
de tecnologias espaciais e coloca em prática projetos
forjados no ambiente acadêmico
Por Tenente jornalista Jonathan Jayme
Revista Aerovisão
Edição 259
Jan, Fev, Março de 2019
As exigências dos tempos modernos trouxeram o consenso
dos inúmeros benefícios que a ocupação do espaço proporciona à sociedade civil
e militar. Atender as necessidades estratégicas das Forças Armadas e apoiar
iniciativas como ações de prevenção e atuação em grandes catástrofes
ambientais, por exemplo, tornam o investimento na área espacial indispensável
para o desenvolvimento em todas as esferas da coletividade.
Um dos embriões do desenvolvimento da área espacial no
Brasil é o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que em seus laboratórios
desenvolve e aperfeiçoa competências ligadas à engenharia aeroespacial. São
ambientes e ideias que permitem um ensino prático aos alunos, na graduação e na
pós-graduação, e que, ao mesmo tempo, proporcionam um enriquecimento acadêmico
a favor da autonomia nacional no setor.
Dentre as pesquisas que visam à aquisição da capacidade
de projetar, construir e operar com autonomia instrumentos de ocupação do
espaço, está o ITASAT. No final de 2018, o nanossatélite, desenvolvido pelo
ITA, foi lançado da Base de Vandenberg, na Califórnia, Estados Unidos, a bordo
do foguete Falcon 9, veículo lançador. Ele levou como cargas úteis um
transponder de coleta de dados desenvolvido pelo Centro Regional do Nordeste do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/CRN), em Natal (RN); um
receptor GPS gerado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em
parceira com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE); uma câmera comercial
com resolução de 80 metros por pixel no espectro visível; e um experimento de
comunicação que permite o armazenamento e posterior envio de mensagens de
radioamadores.
A finalidade primária do projeto era a formação de
recursos humanos para o setor aeroespacial e qualificou pessoas que atualmente
trabalham em instituições como o INPE e indústrias do setor aeroespacial.
O ITASAT, fomentado pela Agência Espacial Brasileira, foi
configurado em 2012 para o padrão CubeSat - como são conhecidos esses
satélites, formados a partir de cubos com arestas de 10 centímetros -, e foi
totalmente integrado para voo em 2016.
O ITA foi o responsável pelo desenvolvimento da
plataforma. O ITASAT é o primeiro satélite brasileiro a levar a bordo um
software de controle de atitude totalmente desenvolvido no Brasil. Com ele, a
equipe de desenvolvimento do ITA ganhou maturidade para propor o
desenvolvimento de uma plataforma de CubeSat para aplicação em projetos futuros
e conquista da autonomia do conhecimento científico.
“A grande vantagem é desenvolver e aperfeiçoar
competências ligadas à engenharia aeroespacial. São conhecimentos de difícil
transferência pelos seus detentores, mas que permitem ao país atingir maior
autonomia nestas áreas específicas”, defende o Gerente de Projetos CubeSats do
ITA, Professor Doutor Luís Eduardo Loures da Costa.
Como resultado prático do projeto ITASAT, existe hoje uma
plataforma disponível que pode ser adaptada para um conjunto de missões
espaciais. Além disso, foi criada uma expertise para trabalhar com sistemas
embarcados complexos. “Um item importante a ser enfatizado é que, com base
nessa plataforma e na experiência adquirida pela equipe, foram acordadas outras
parcerias para iniciar novas missões pelo ITA”, completa o professor.
Observação
O bom resultado do ITASAT pode alavancar a missão SPORT,
fruto de uma parceria entre o Brasil e os Estados Unidos para o desenvolvimento
do monitoramento do clima espacial, em especial da observação de fenômenos e
condições da ionosfera (parte superior da atmosfera terrestre) onde há formação
de bolhas de plasma que levam à cintilação (efeitos atmosféricos que
influenciam as características ópticas dos objetos celestes observados a partir
da Terra). A cintilação afeta serviços importantes como comunicações e
aeronavegabilidade.
Fazem parte desta missão, pela parte Americana, a NASA,
as Universidades de Utah, do Alabama, e do Texas, além da empresa Aerospace. No
Brasil, a iniciativa é representada pelo ITA e pelo INPE, com recurso também da
Agência Espacial Brasileira (AEB).
Neste projeto, a NASA tem a gerência geral e as
instituições americanas são responsáveis pelo fornecimento dos instrumentos que
farão as medidas de grandezas da ionosfera que permitem predizer o seu estado
antes da formação das bolhas de plasma, que se iniciam ao entardecer e
finalizam antes do amanhecer.
A experiência da equipe do ITA com o ITASAT permitiu que
a instituição fosse eleita como a responsável pelo desenvolvimento da
plataforma e pela integração de todo o satélite, cujo desenvolvimento tem a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) como órgão financiador.
Já o INPE fornecerá infraestrutura para montagem, integração, testes, operação
do satélite, infraestrutura do segmento solo e distribuição dos dados, via
portal do Estudo e Monitoramento Brasileiro de Clima Espacial (EMBRACE).
Atualmente, o projeto encontra-se em fase inicial.
ITASAT-2
Em discussão para definir recursos para sua execução, o
satélite ITASAT-2 terá dois propósitos principais: o monitoramento do clima
espacial, formando em conjunto com a missão SPORT uma constelação para
realização de medidas da condição da ionosfera, e a inclusão de um sensor de
COMINT (do inglês communications intelligence), de interesse para o Exército
Brasileiro para monitorar e apoiar as estratégias de Guerra Eletrônica. A
proposta é que no ITASAT-2 a plataforma seja desenvolvida pelo ITA, baseada nas
experiências dos projetos ITASAT e SPORT, e que as cargas úteis sejam
fornecidas por instituições brasileiras, como o INPE.
A área de astrobiologia (estudo da origem, evolução,
distribuição e futuro da vida no universo) e medicina espacial também são
elementos de pesquisa que poderão ser beneficiados em um trabalho encabeçado
pelo ITA. A sonda GARATÉA-L tentará descobrir as reações da vida quando exposta
a condições extremas do espaço. Para esse teste, colônias bacterianas e tecido
humano devem ser submetidos a raios cósmicos.
O nanossatélite também deverá ser usado para a captura de
imagens da órbita da lua, principalmente da bacia de Aiken, que é o lado
afastado daquele satélite natural. O ITA participa nesse projeto como
colaborador e tem utilizado a missão GARATÉA-L como caso de estudo em sala de
aula para capacitação, considerando os desafios de uma missão em espaço
profundo
Fonte: Revista Aerovisão - Edição nº 259 – págs. 60, 61,
62 e 63 - Jan, Fev, Março de 2019
Comentário: Pois é leitor, realmente os planos da equipe
sob a coordenação do leão, o 'Prof. Dr. Luís Eduardo Loures da Costa' (vale
lembrar, ex-coordenador dos projetos do SARA e também do motor S50 no Instituto
de Aeronáutica e Espaço (IAE), local de onde, vale acrescentar, não deveria ter
sido retirado) ajudarão muito o salto tecnológico do ITA nos próximos anos, melhorando
muito a qualificação de seus jovens profissionais em formação nesta área
espacial. Principalmente se o setor espacial no Governo Bolsonaro tiver o apoio
político, estratégico e logístico que se espera.
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