Carlos Moura Assume AEB Com a Missão de Revitalizar a Política Espacial Brasileira
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (23/01) no site
“TELETIME” tendo com destaque a posse ocorrida hoje do novo presidente da
Agencia Espacial Brasileira (AEB), o Eng. Carlos Moura.
Duda Falcão
ESPAÇO
Carlos Moura Assume AEB Com a Missão
de Revitalizar a Política Espacial Brasileira
Por André Silveira
Quarta-feira, 23 de janeiro de 2019 , 16h27
O novo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB),
coronel Carlos Moura, tomou posse do cargo nesta quarta-feira, 23, com foco em
revitalizar a política espacial brasileira, como o resgate da base de
lançamentos de Alcântara (MA), que vem tendo problemas após o fim da parceria com
a Ucrânia. Com ações alternativas que contemplam o lançamento de
minissatélites, o executivo acredita no sucesso do projeto. O presidente da AEB
destaca que a diretriz geral é orientar as ações focadas em resultados que a
sociedade consiga perceber. A relação com o segmento de Defesa também deverá
ficar mais estreita, no sentido de unir esforços no desenvolvimento de projetos
que poderão atender as demandas militares e civis.
"A ideia é podermos atender às demandas da
sociedade. A população, uma vez reconhecendo a importância do segmento espacial
brasileiro, vai poder dar sustentação política ao nosso programa. Com isso, os
nossos políticos fortalecerão o nosso orçamento. Aí entramos em um círculo
virtuoso", afirma o presidente. Ele cita como exemplo o programa
desenvolvido no Peru, onde o sistema de observação da Terra por satélite teve
uma forte divulgação junto à população, especialmente no que se refere ao meio
ambiente e proteção contra desastres naturais. "A população de lá comprou
a ideia, especialmente em relação às ações de prevenção", comenta. Para o
Brasil, o desafio, segundo Moura, é fazer com que o serviço seja percebido pela
população. Uma das ações é por meio da banda larga, mas outros focos a serem
abordados é a telemedicina e o monitoramento do meio ambiente, por meio de um
satélite-radar. "O que vai mudar agora é isso: em vez de partirmos da
Pesquisa e Desenvolvimento para chegar em alguma solução que venha a atender a
população, nós vamos em busca de incrementos do que temos disponível para
melhor atender à demanda da sociedade".
O presidente da AEB vai além e destaca que os projetos
desenvolvidos no segmento terão o viés mercadológico. "Por exemplo,
queremos um lançador de foguetes em Alcântara que atenda às nossas demandas e
que não tenha a necessidade de o Estado estar injetando recursos para a
manutenção. A ideia é nos atender e também concorrer no mercado. A região é bem
localizada, a base está totalmente disponível. Se conseguirmos dar cadência de
lançamento em Alcântara, certamente teremos condições de manter a estrutura e
ter retorno. Se o projeto foi viável a ponto de ter lucro, melhor ainda. É
claro que não exatamente o Estado, mas as empresas que assumiriam a
manutenção", afirma. A base é atrativa pela proximidade com a linha do
equador, o que reduz a quantidade de combustível necessária para o lançamento.
Alcântara
Carlos Moura destaca que atualmente, com o movimento New
Space, no qual a indústria privada espacial emerge, o mercado passa a ter uma
nova dinâmica. "Em termos de tecnologia, já se consegue fazer satélites
menores, com menos demanda de energia e menor peso, o que reduz a necessidade
de grandes lançadores. Isso fez com que o Brasil, especialmente a região de
Alcântara, passasse a ser lembrado novamente. Inclusive, já fomos procurados
por algumas empresas, interessadas na base de lançamento. A vantagem é que hoje
a base tem janela de tempo disponível. Não há nenhum projeto instalado
atualmente, o que poderia viabilizar a implantação de um programa de
microlançadores, utilizando a base com pouca interferência, diferente de outros
centros, que tem lançadores de maior porte, o que acaba gerando dificuldade de
tempo, entre uma operação e outra, por questões de segurança."
Para viabilizar a operação, o presidente diz que as
demandas são simples para a classe de pequenos lançadores. "Alguns
sistemas nem precisam de torre de lançamento. Os sistemas de proteção ao voo já
existem. O que é necessário é adequar algumas situações, como reforço de
equipe, para que possamos oferecer o serviço da base de forma continuada. Em
termos de logística, ainda faltam algumas coisas importantes, mas estamos
avançando. O aeroporto de Alcântara, era classificado como militar, o que
estabelecia uso restrito. Para funcionar atendendo ao centro de lançamento,
precisava de algumas melhorias. Nós em contato com a Secretaria de Aviação
Civil, descobrimos que aquele órgão poderia fazer os investimentos no local, de
cerca de R$ 70 milhões, desde que houvesse a reclassificação e o aeroporto
passasse a ser civil e militar. Ajustamos, envolvemos a Aeronáutica no projeto
e o investimento será feito".
Em uma análise geral, o presidente da AEB comenta que há
alguns anos o programa espacial brasileiro era focado em Pesquisa e
Desenvolvimento. "Os institutos tinham algumas linhas de pesquisa e também
tinham o desafio de dominar uma tecnologia de acesso ao espaço. Com a
cooperação de outros institutos e universidades, se tentava chegar a algum produto.
O que percebemos é que esse modelo se esgotou, pois a capacidade de
investimento do Estado se reduziu muito, as formas de contratação de
especialistas também ficaram pouco flexíveis, diferente do formato no passado
em que os institutos de pesquisa conseguiam contratar profissionais por
projeto. Isso acabou comprometendo o desenvolvimento do programa especial
brasileiro. "
PNAE
O presidente da AEB destaca que Programa Nacional de
Atividades Espaciais (PNAE) vai passar por uma reformulação, agregando o Pese
(Programa Estratégico de Sistemas Espaciais) da Defesa, que contempla
aplicações de sensoriamento remoto óptico, radar e satélites de comunicação.
"No ano passado, foi criado o Grupo de Desenvolvimento do Programa
Especial Brasileiro. A ideia foi revisitar o programa espacial como um todo,
identificar os gargalos e ver as principais soluções para isso".
O lançamento do SGDC foi importante para a área da
Defesa, pois atendeu algumas demandas da área. Mas, nos últimos dois anos, a
Agência e a Defesa trabalham para unir estas duas necessidades. A ideia é que
as necessidades da Defesa façam parte de um capítulo do PNAE. "E a Defesa
pensa não só em comunicação geoestacionária, mas em constelações de órbita
baixa, voltada para aplicações táticas, o que irá gerar outras necessidades
junto ao meio acadêmico e também se tornar uma possibilidade interessante para
a indústria, uma vez que o satélite geoestacionário dura décadas e os menores
têm um prazo de validade menor, mas também geram menos necessidade de investimento".
Na relação com os militares, Carlos Moura, que conhece o
meio, destaca que no passado foi criado o programa estratégico de defesa no
qual coube à Aeronáutica cuidar do que fosse relacionado ao segmento espacial.
"Daí, foi criada a Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas
Espaciais (CCISE). Porém, o país não tem recursos para fazer muitos projetos.
Então, ficou claro que nós não temos condições (AEB civil e CCISE militar) de
gerenciar programas diferentes. Temos que buscar sinergias". Um exemplo
citado pelo presidente é a defesa e controle do espaço aéreo brasileiro.
"Neste processo, utiliza-se os mesmos meios e infraestrutura, mas
trabalha-se a informação de forma diferenciada. Outro exemplo citado pelo
presidente da AEB é o trabalho desenvolvido no Centro de Operações Espaciais do
SGDC em que há o pessoal da Defesa trabalhando junto com os técnicos da
Telebras".
Coronel Moura recorda que no ano passado foram criados 12
grupos técnicos que, de forma individual, trabalharam temas específicos. No
entanto, havia momentos de interação envolvendo as Forças Armadas, Casa Civil,
o antigo Ministérios das Relações Exteriores, da Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicações, e o antigo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
"Ou seja, já estamos trabalhando bem juntos, com diálogo
excepcional", afirma.
SGDC 2
No que se refere ao lançamento do segundo projeto do
Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), o coronel Carlos
Moura destaca que ainda não há o envolvimento da agência. "Tínhamos
assento no comitê do primeiro projeto. Então, por questão de continuidade, a
nossa equipe continuou participando do trabalho. No entanto, por conta da
disputa judicial que ocorre hoje neste projeto [do primeiro satélite, por conta
do contrato da Telebras com a Viasat], o trabalho do SGDC 2 foi paralisado em
seu início. Esperamos que assim que for resolvida a questão judicial, o
trabalho venha a ser retomado".
Fonte: Site TELETIME - http://www.teletime.com.br/
Comentário: Pois é leitor, confesso que fiquei preocupado.
Eu acho que a sinergia entre a AEB e a Comissão de Coordenação e Implantação de
Sistemas Espaciais (CCISE) deva realmente existir, quando assim forem projetos
de interesse mútuo, porem o PEB civil e o PEB Militar (PESE), deveriam seguir
seus próprios rumos distintos como ocorre nos EUA, por exemplo. Porque continuar tentando inventar a roda? Porque não apostar no que já se provou ser o acertado? Enfim... estou
preocupado.
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