Opinião: Desafios e Oportunidades do Brasil no Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante artigo opinião postado no dia
ontem (04/11) no site da "Revista GALILEU" tendo como destaque os Desafios e
Oportunidades do Brasil no Espaço durante o Governo Bolsonaro.
Duda Falcão
CIÊNCIA - ESPAÇO - ASTRONOMIA
Opinião: Desafios e Oportunidades
do Brasil no Espaço
Especialistas dão recomendações para uma política
espacial nacional
voltada para a inovação e o desenvolvimento econômico
Por Lucas Fonseca* e Sidney Nakahodo**
04/01/2019 - 18h26
Atualizado 18h26
(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Base de Alcântara, no Maranhão.
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As recentes discussões sobre a abertura da base de
Alcântara para atividades comerciais acontecem num momento de rápidas
transformações no setor espacial global. O tema ganha destaque diante das
tratativas bilaterais entre Brasil e Estados Unidos envolvendo transferência e
desenvolvimento de tecnologia.
De maneira adjacente, o acordo entre Embraer e Boeing
traz ao debate público questões como soberania e estratégia competitiva em
setores de alta tecnologia. O assunto é relevante em função do impacto
crescente das atividades espaciais na sociedade, a rápida expansão do setor
espacial alavancada pela participação privada e as mudanças no cenário espacial
internacional.
Embora ocupem lugar de destaque no mundo contemporâneo,
muitas vezes as atividades espaciais passam despercebidas. Telecomunicações,
GPS e previsões meteorológicas são apenas algumas das áreas dependentes da
infraestrutura espacial. Nos próximos anos sua importância tenderá a se
acelerar com o aumento da demanda por acesso à banda larga e as aplicações
relacionadas à Internet das Coisas (IoT).
Além disso, o que tornará esse mercado multibilionário
serão as novas perspectivas para o setor, que variam desde turismo, até
captação de valiosos recursos em abundância na região além da órbita terrestre.
A ausência de um plano de ação de longo prazo compromete não apenas o setor
espacial mas toda a cadeia de valor presente e futura a ele associado.
Nos últimos anos, a participação privada no setor
espacial tem avançado a passos largos. Antes restrito aos grandes
conglomerados, cada vez mais relevante tem sido o papel do NewSpace, caracterizado pelas atividades comerciais
e protagonizadas por empreendedores e startups. A mentalidade inovadora
inspirada na experiência do Vale do Silício tem permitido a rápida evolução na
indústria.
Empresas como SpaceX, fundada pelo bilionário Elon Musk, e Blue Origin, do criador da Amazon Jeff Bezos, atualmente o indivíduo mais rico do
planeta, têm reduzido o custo de acesso ao espaço rapidamente. Ao mesmo tempo,
já chega a uma centena o número de empresas criando soluções para lançamento
com diversas capacidades.
No cenário internacional, além dos Estados Unidos e da
Europa, China e Índia há tempos oferecem opções de lançamento. Países como
Luxemburgo e Nova Zelândia estão incentivando políticas para atraírem
determinados segmentos dentro da infraestrutura espacial — mineração de
recursos espaciais e montagem de pequenos lançadores, respectivamente —
servindo como referência para outros países que começam a se movimentar no
mesmo sentido, onde procuram nichos específicos para atraírem empreendedores
internacionais para seus países. O NewSpace é um grande guarda-chuva que
dá cobertura a diversos verticais de atuação, oferecendo oportunidades para que
países de todos os tamanhos, e em diferentes graus de desenvolvimento,
participe de maneira efetiva na construção da economia espacial global.
Seria ingenuidade imaginar que o investimento privado
substituirá fontes públicas no curto prazo. Mesmo nos Estados Unidos, onde o
ecossistema do NewSpace avança rapidamente, existe a percepção de que a
indústria espacial não crescerá no ritmo esperado sem a participação do setor
público por meio de investimento e definição de marcos regulatórios favoráveis
às atividades comerciais. Assim, podemos evitar cometer erros do passado como
tentar reinventar a roda como aconteceu nos 80 com a lei de reserva de
informática. Continuará a caber ao Estado a definição das prioridades nacionais
levando em consideração a realidade global existente.
Mesmo possuindo um dos programas espaciais mais antigos,
o Brasil continua buscando sua vocação no espaço. Para um país com poucos
feitos na área, faz-se necessário concentrar os esforços em áreas em que
possuam vocação natural e vantagens comparativas.
Exemplos como fomentar um centro comercial de lançamento
em Alcântara — melhor ponto de lançamento de foguetes em todo o planeta — que
beneficiem empresas privadas, ou mesmo contribuam para a expansão da
infraestrutura espacial em benefício de setores como o agronegócio, são ações
práticas que já partem de um impulso competitivo que o país já dispõe.
Importante ainda salientar que a instalação de um sistema espacial depende de
toda uma cadeia de tecnologias e um ecossistema produtivo, que integram desde
da construção do satélite, até qualificação da informação que chega ao usuário
final.
Sendo assim, parece-nos acertada a iniciativa do governo
em buscar alternativas para viabilizar a exploração comercial da base de
Alcântara. Compreensivelmente, há quem argumente em favor da necessidade de
priorizar outros temas, haja vista o momento de incerteza institucional,
problemas como a violência e o crescimento abaixo do potencial.
Em contraposição, pode-se dizer que poucos setores estratégicos
demandam pensamento de longo prazo como a área espacial. Trata-se de uma
oportunidade para avançar sobre um assunto de relevância política, econômica e
social no presente, permitindo-nos começar a desconstruir a imagem de
"país do futuro", cuja mensagem otimista esconde o potencial
não-realizado que nos assola perenemente. Cabe ao Brasil decidir seu
lugar de atuação nesse novo contexto: ator ou platéia.
* Lucas Fonseca é considerado como um dos 35 jovens
abaixo de 35 anos que estão revolucionando a relação da humanidade com o
espaço, sendo pioneiro na divulgação do empreendedorismo espacial no Brasil.
Trabalhou na missão Rosetta, sendo o único brasileiro a participar do inédito
pouso de uma sonda em um cometa. Empreendedor espacial, é diretor da Missão Garatéa,
fundador e CEO da Airvantis e co-fundador e CTO da Celestial Data.
** Sidney N. Nakahodo é uma autoridade líder em
empreendedorismo espacial e co-fundador e CEO da New York Space
Alliance, uma plataforma que capacita empreendedores do espaço por meio
de orientação, consultoria, investimento e apoio da comunidade. É professor
visitante e membro do corpo docente da Universidade de Columbia e ex-aluno da
Singularity University, um think-tank e acelerador de ideais baseado no Ames
Research Park da NASA, no Vale do Silício.
Fonte: Site da Revista Galileu - 04/01/2019 - http://revistagalileu.globo.com
Comentário: Muito interessante este artigo e gostaria de agradecer ao jovem Ronaldo Matos pelo envio do mesmo ao Blog.
Comentário: Muito interessante este artigo e gostaria de agradecer ao jovem Ronaldo Matos pelo envio do mesmo ao Blog.
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