Hora de Aventura!
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante artigo postado hoje (11/01)
no “Blog Cássio Barbosa” do site “G1” do globo.com que vale a pena dar uma
conferida.
Duda Falcão
CIÊNCIA E SAÚDE - BLOG DO CÁSSIO BARBOSA
Hora de Aventura!
Por Cassio Barbosa, G1
11/01/2019 06h00
Atualizado há 12 horas
Fotos: JAXA
Sonda japonesa Hayabusa.
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Em 2010, a sonda japonesa Hayabusa fez história ao trazer
para a Terra as primeiras amostras de material coletadas de um asteroide. Mas a
missão de 7 anos e 4 bilhões de km percorridos foi cheia de percalços e sustos.
Os painéis solares se degradaram muito mais rapidamente
do que o previsto, o que causou uma queda na produção de energia para os
instrumentos. Várias partes mecânicas simplesmente emperraram e para complicar
ainda mais, a explosão de um dos tanques de combustível fez a nave girar sem
controle o que fez as comunicações com a Terra se interromperem por mais de 2
meses. Apesar de tudo isso, a cápsula com as amostras conseguiu voltar para
Terra e foi recuperada. Posteriormente foi verificado que a sonda não tinha
conseguido coletar a quantidade de material prevista, mas o pouco que chegou
aqui vem sendo analisado com grande cuidado.
Depois de aprender com as falhas da Hayabusa, a Agência
Espacial Japonesa (JAXA) lançou a Hayabusa 2 em 2014 com destino ao asteroide
Ryugu com uma missão muito mais ambiciosa.
A sonda chegou no asteroide em junho do ano passado e
logo após mapear sua superfície, liberou 2 jipinhos com o tamanho de um pote de
margarina que se movem aos pulos, como pulgas, pela superfície. Além deles,
mais 2 outros jipes pegaram carona, um da Agência
Espacial Europeia (ESA) que pousou em outubro de 2018 e funcionou
por 17 horas, conforme planejado. O último dos jipes será liberado em julho
deste ano e em dezembro a nave encerra sua fase de ciência após coletar
amostras de Ryugu e em dezembro de 2020 elas devem ser recolhidas em um deserto
na Austrália.
Asteroide Ryugu.
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Apesar da grande expectativa girar em torno das amostras,
os resultados iniciais obtidos pelos jipinhos e pelos dados obtidos a partir da
sonda já permitem algumas conclusões importantes. Por exemplo, o asteroide nada
mais é do que um amontoado de rochas, pedras, poeira e regolito, uma espécie de
poeira tão fina quanto talco. Esse amontoado de coisas é resultado de um impacto
violento que teria acontecido nas épocas iniciais de formação do Sistema Solar.
Essas colisões teriam feito o Ryugu aumentar seu período de rotação de 3,5
horas para as atuais 7,6 horas.
Outra conclusão interessante é que a análise dos dados
obtidos até agora não mostrou a presença de água, mas mostrou materiais que só
poderiam ter sido criados na presença de água. O asteroide está bem mais perto
do Sol do que os objetos do Cinturão de Kuiper, como
Ultima Thule sobrevoado pela New Horizons no Ano Novo, portanto é de se
esperar que a superfície de Ryugu tenha sido castigado por intensos raios
ultravioleta do Sol durante bilhões de anos. Isso explicaria essa descoberta,
mas mais interessante que isso é que deve ter havido água no asteroide que foi
atingido há bilhões de anos e que acabou dando origem a Ryugu.
Basicamente, no início do Sistema Solar os asteroides
deviam conter muito mais água do que o suposto até agora e isso ajuda a
entender a origem da água na Terra, por exemplo.
Bem no comecinho do Sistema Solar, a Terra passou por um
período chamado de 'Grande Bombardeio'. Nesse período que deve ter durado entre
1 e 2 bilhões anos, a quantidade de asteroides vagando pelo espaço era muito
grande e havia muitas colisões entre eles.
Fatalmente eles acabavam atingido um planeta também e com
a violência das colisões, bem como sua frequência, fazia com que a superfície
da Terra fosse um grande oceano de lava. Mas como subproduto, esses asteroides
poderiam ter trazido água que aos poucos foram se acumulando até que quando a
Terra esfriou, formando os oceanos.
Mas a quantidade de água encontrada nos asteroides
atualmente não daria conta de fazer isso e a culpa sempre recaiu sobre os
cometas. Todavia, a sonda Rosetta e o módulo Philae mostraram que se a
quantidade de água no núcleo do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko for típica dos
cometas em nosso sistema, a quantidade de água trazida por eles só daria para
justificar 1/3 do total na Terra. Agora com essas novas evidências, talvez a
história tenha sido outra, dando um papel mais importante para os asteroides.
Agora vem a parte mais esperada da missão, a coleta das
amostras.
De acordo com a JAXA, no próximo mês a Hayabusa 2 deve
executar suas manobras para se aproximar do asteroide e executar a coleta. A
estratégia é a seguinte, depois do mapeamento da superfície do asteroide, a
sonda lançou uma espécie de estaca de navegação, uma esfera recoberta de
material altamente reflexivo, ou seja, facilmente reconhecível. A nave deve
capturar a posição da esfera e vai usa-la para sincronizar sua órbita com a
rotação de Ryugu. Ao mesmo tempo, a fraca gravidade do asteroide vai puxando a
nave que aos poucos vai perdendo altura.
Chegando a uma altura adequada, mas sem tocar a
superfície, a sonda vai disparar um projétil que deve atingir a superfície
lançando pedras e poeira para o espaço. Nesse momento a Hayabusa vai estar
esperando com um braço esticado e uma espécie de cesta para coletar tudo o que
conseguir. Essa estratégia foi adotada para evitar que o braço toque a
superfície e cause contaminação com microorganismos terrestres, mas também para
evitar o risco da nave se desgovernar caso a ponta do braço atingisse uma pedra
que se deslocasse, fazendo a nave girar.
A parte que deixa a manobra mais arriscada é que quando a
esfera de referência foi lançada, ela caiu a uma distância de mais de 10 metros
longe do ponto escolhido. O ponto de queda é, por outro lado, uns 3 metros da
borda de outra área escolhida como alternativa. Os engenheiros da JAXA então
escolheram um ponto bem no meio entre o ponto principal e o secundário.
Se fosse só isso, tudo bem, mas esse ponto tem duas
rochas de sentinela e a nave deve fazer a aproximação "às cegas". A
nave vai usar a esfera como referência e ao chegar na altura prevista vai
navegar de lado até chegar ao ponto da coleta entre as duas rochas. Esse voo
lateral será feito sem olhar para o lado para desviar das rochas, pois a câmera
de navegação só aponta para frente, justamente para se orientar pela esfera
reluzente na superfície.
O ano começou muito bem com o pouso da Chang’e 4 no lado
oculto da Lua e com o sobrevoo da New Horizons em Ultima Thule, e agora já
temos a perspectiva da primeira coleta da Hayabusa 2. Se tudo correr bem, ela
pode executar ainda mais outras duas coletas antes de voltar para casa. Só para
não esquecer, ainda tem a OSIRIS-REx orbitando o asteroide Bennu se preparando
para fazer uma coleta no ano que vem!
Fonte: Site “G1” do globo.com - 11/01/2018
Comentário: Pois é, interessante artigo sobre os recentes
feitos humanos no espaço, pena que sem a participação brasileira. Aproveitamos
para agradecer ao nosso leitor Rui Botelho pelo envio deste artigo.
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