Startup Argentina Utilizará Foguetes Chineses Para Lançar 90 Microssatélites
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada ontem (28/01), no site da "Revista GALILEU", tendo como destaque a assinatura de contrato da startup
argentina ‘Satellogic’ com a empresa
chinesa ‘China Great Wall Industry Corporation (CGWIC)’ para o lançamento da
sua frota de 90 microssatélites, notícia está já abordada no Blog anteriormente
em inglês (veja aqui). Na matéria consta uma interessante e corajosa avaliação
desta iniciativa argentina, bem como da situação brasileira feita pelo Eng.
Oswaldo Loureda, CEO da startup brasileira ‘Acrux Aeroespace Technologies (AAT)’.
Vale a pena conferir.
Duda Falcão
CIÊNCIA - ESPAÇO - TECNOLOGIA
Startup Argentina Utilizará Foguetes
Chineses Para Lançar
90 Satélites
Satellogic firma contrato com a chinesa CGWIC para
lançamento de sua constelação de
microssatélites que vão remapear semanalmente
cada metro quadrado do planeta
Por AJ Oliveira
28/01/2019 – 10h56
Atualizado às 11h01
(Foto: Divulgação)
Ilustrações dos microssatélites que serão lançados ao
espaço.
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Nunca foi tão barato construir um satélite e colocá-lo em
órbita. Entre os diversos setores que se beneficiam dessa revolução está o
mercado da observação da Terra. Muitas empresas anunciam projetos ambiciosos
para fotografar, a partir do espaço, cada pedacinho do planeta em alta
resolução. Uma delas é a Satellogic, startup de tecnologia espacial fundada em
2010 na Argentina. Acabam de divulgar uma importante parceria com a empresa
China Great Wall Industry Corporation (CGWIC): ambas firmaram um contrato em
janeiro que prevê o lançamento de 90 microssatélites em foguetes chineses até o
final de 2020.
Quanto estiver operando na órbita baixa, a constelação de
satélites será capaz de fazer um remapeamento completo da superfície terrestre
a cada semana, em uma resolução detalhada que revela até um metro com nitidez.
"Isso é novo, não apenas para nós, mas para a Terra", afirma Marco
Bressan, diretor de soluções da Satellogic. "Mesmo se juntássemos todos os
satélites de observação lançados desde o início da era espacial, não teríamos a
capacidade de enxergar em alta resolução o que está acontecendo em cada metro
quadrado do planeta todas as semanas." Será como ter 90 olhos que tudo
veem pairando sobre nossas cabeças.
Nosso mundo é quase como um organismo vivo, dinâmico, em
constante mudança, seja por forças naturais, seja pelas mãos humanas. Com tanta
coisa se passando simultaneamente, fica fácil perder o controle das situações.
Para diversos setores da sociedade que lidam com transformações rápidas, ter
acesso a análises geoespaciais de qualidade para embasar a tomada de decisões é
algo fundamental, que pode salvar vidas ou poupar muito dinheiro. Clientes
típicos de empresas como a Satellogic são governos, indústrias, agronegócio,
manejo de recursos naturais, mineração, energia, ou até finanças e seguros.
"Satélites são um meio para se chegar a um
fim", explica Bressan. Nesse sentido, apenas os pixels de milhões de
imagens pouco valem: é preciso um mecanismo inteligente que interprete esse
volume monstruoso de dados. Por isso a empresa se preocupou desde o princípio
em desenvolver paralelamente tecnologias para manufatura de satélites em Buenos
Aires e Montevidéu, e de inteligência artificial e deep learning em Barcelona.
Outras sedes ficam em Tel Aviv, Miami e Pequim.
Isso faz da Satellogic, uma pequena multinacional, a
única empresa do ramo a integrar verticalmente todas as etapas da geoanálise. O
acordo com a CGWIC prevê o primeiro lançamento do contrato para o último
trimestre de 2019, no qual serão colocados em órbita 13 satélites. Junto com os
três que já estão em funcionamento, e mais três que os chineses devem lançar
nos próximos meses, a companhia fechará o ano com 19 satélites em operação. São
pequenos, muito pequenos: medem um metro de comprimento por meio metro de
largura e de altura. Pesam só 45 quilos.
(Foto: Divulgação)
Foguete chinês levará os satélites ao espaço.
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Oswaldo Loureda, engenheiro aeroespacial formado pelo
ITA, considera a proposta da Satellogic interessante e um bom exemplo do NewSpace,
tendência global cujo objetivo é reduzir drasticamente os custos dos projetos
espaciais através da eficiência da iniciativa privada. "Agências espaciais
e grandes corporações como a Airbus constróem até hoje satélites de grande
porte, pesados, a Satellogic está mostrando que não precisa ser assim",
diz o fundador e CEO da startup Acrux Aerospace Technologies.
Loureda compara com os satélites de monitoramento
ambiental CBERS, desenvolvidos pela Agência Espacial Brasileira (AEB) em
parceria com a China: ao custo de centenas de milhões de dólares e com peso
equivalente ao de 40 satélites da Satellogic, têm capacidade igual ou até
inferior. Sendo que o custo de produção de cada microssatélite não ultrapassa
US$ 2 milhões."É o mesmo nível de tecnologia que a gente poderia utilizar
aqui no INPE ou nas startups nacionais, porém no Brasil não há investimento
privado e a AEB até agora não teve essa visão", afirma.
Ele diz que há um lobby industrial de meia dúzia de
empresas de São José dos Campos (SP) que insistem na lógica do produto caro,
demorado, grande e pesado. "Se a atual estrutura não mudar, é impossível
fazermos qualquer coisa parecida com a Satellogic." A empresa argentina
ocupa posição privilegiada no mercado graças à junção das soluções próprias de geoanálise
com a fabricação dos próprios satélites, podendo oferecer serviços a preços bem
mais baixos que os da concorrência.
"Entregamos todos esses atributos: alta resolução,
alta frequência e preços acessíveis, enquanto outros players da indústria só contemplam
no máximo dois deles", diz Bressan. A meta é eventualmente alcançar uma
constelação com mais de 300 satélites ligados em uma plataforma totalmente
automatizada, capaz de gerar informações diários. O contrato também é bastante
estratégico para a CGWIC. Única empresa autorizada pelo governo chinês a atuar
comercialmente na indústria espacial, a parceria coloca o foguete Longa Marcha
6 no páreo do acirrado e nascente mercado dos lançamentos de pequenos
satélites.
O lançador só voou duas vezes desde o voo inaugural de
2015, mas é considerado promissor. Ele pode colocar até uma tonelada em órbita,
capacidade superior à de concorrentes como o Electron, da Rocket Lab, que
transporta no máximo quatro vezes menos carga. Se depender da ambição de
empresas como a Satellogic e de suas constelações de satélites cada vez
maiores, os pequenos foguetes terão um grande trabalho pela frente ao longo dos
próximos anos.
Fonte: Site da Revista Galileu - 28/01/2019 - http://revistagalileu.globo.com
Comentário: Pois é leitor, quero aqui parabenizar a
Revista Galileu por esta matéria e pela iniciativa de contatar o ‘Eng. Oswaldo
Loureda’ para que assim o mesmo pudesse opinar sobre esta grande iniciativa
argentina, bem como também sobre a realidade brasileira neste setor. Aproveito também
para parabenizar ao Eng. Oswaldo Loureda pela sua coragem de expor esse cartel
fechado que precisa ser aberto por uma verdadeira politica que favoreça a competência,
o melhor preço, o desenvolvimento dinâmico e a visão estratégica. O mundo está adotando
o modelo ‘New Space’ e o Brasil não pode continuar tentando inventar a roda.
Por isso, volto a insistir com o nosso Ministro-Astronauta Marcos Pontes (nesse
momento participando de encontros muito relevantes para Ciência e Tecnologia Brasileira
em Israel) para que o mesmo oriente o novo presidente da Agência Espacial
Brasileira (AEB) a se reunir o mais breve possível com os CEOs das startups
brasileiras. Não podemos perder mais tempo, pois a fila está andando e estamos observando a banda passar.
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