Equipe Montenegro do ITA no 7th IREC - Parte 2

Olá leitor!

Mês passado postamos aqui no blog a nota “Equipe Montenegro do ITA no 7th IREC - Parte 1” que abordava a participação da "Equipe Montenegro" do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), no “7th Intercollegiate Rocket Engineering Competition (7th IREC)”, competição está ocorrida de 21 a 23 de junho passado numa região desértica próxima a cidade de Green River, localizada no estado americano de Utah.

Agora, trazemos para você a segunda parte dessa história que descreve a participação brasileira nesse importante evento universitário organizado anualmente pela “Experimental Sounding Rocket Association (ESRA)“ dos EUA.

Em 2011, após regressarem do 6th IREC com o prêmio "Jim Furfaro Award for Technical Excellence - Prêmio de Excelência Técnica Jim Furfaro - Melhor Projeto e Apresentação" (veja a nota "Equipe Montenegro do ITA Conquista Prêmio no IREC 2011"), a equipe resolveu criar uma nova iniciativa de engenharia denominada Rocket Design (projeto de foguete traduzindo do inglês) que é uma atividade extracurricular que tem como objetivo permitir a participação de alunos do ITA em competições de lançamento de foguetes de sondagem, proporcionando aos estudantes uma participação em projetos de engenharia desde os bancos escolares, servindo assim como atividade complementar ao conteúdo visto em sala de aula.

Assim sendo, visando o 7th IREC, a equipe iniciou um projeto com duração de dez meses onde o custo real foi pouco mais de R$ 80 mil, e contou com a dedicação diária de todos da equipe no design e desenvolvimento de um foguete denominado de AIR (Avibrás ITA Rocket).

Vale dizer que o veículo desenvolvido pela equipe foi um foguete de sondagem de 15 kg, 2m de comprimento, por 3” de diâmetro, com altitude de apogeu de 3 km e alcance de 1 km, e que seu projeto seguiu teorias clássicas de projetos de foguetes a propelente sólido e metodologia de engenharia de sistemas espaciais conforme normas adotadas pelo INPE e ESA (European Space Agency).

Finalmente no dia 09 de junho, a equipe realizou a sua última revisão de engenharia, a FRR (Flight Readyness Review), dando assim o ok para a missão. Assim sendo, no dia 12/06, a equipe seguiu viagem para os EUA levando consigo o foguete desmontado para a sétima edição da IREC. Parte da equipe que trabalhou com o motor do foguete esteve alojada em Tucson, Arizona, nas instalações da University of Arizona, onde um laboratório de propulsão foi deixado à disposição do time do Brasil. Da mesma forma que em 2011, a outra parte da equipe permaneceu em Los Angeles, onde foi possível encontrar facilmente peças e ferramentas que facilitaram a rápida montagem do foguete.

O primeiro dia da competição (21/06) foi dedicado às apresentações orais do projeto que teve a duração estipulada em dez minutos pela organização do evento. Os juízes do 7th IREC avaliaram nessa apresentação a preparação técnica e o conhecimento do sistema que a equipe possuía, tendo em vista o apelo didático da competição. O desempenho da equipe brasileira foi muito bom e os juízes ficaram impressionados com as dimensões otimizadas do foguete e com o fato de ele ter sido praticamente 100% “student built” (praticamente nenhum subsistema foi comprado pronto, sendo projetados e desenvolvidos por alunos). A coragem de manufaturar e testar o motor nos EUA no período de uma semana, rendeu à equipe brasileira o prêmio informal de “never-give-up award” (prêmio de não desistir nunca, em tradução literal), jargão esse que é comum no Brasil, mas que teve essa característica bastante admirada na competição.

Nos dois dias que se seguiram (22 e 23/06), ocorrem os lançamentos da categoria básica que a equipe estava participando, ou seja, a dos foguetes que tinham capacidade de atingir o apogeu de 3 km. O foguete AIR voou às 3h da tarde do sábado, último voo da categoria básica. Mesmo sob ventos laterais de mais de 30 km/h e sob sol de mais de 40 °C desde às 8h da manhã, o foguete brasileiro voou deixando um rastro de pluma branca pelo céu de Green River. Notoriamente, o desafio de lançar o foguete com condições climáticas tão adversas exigiu o seu preço e o AIR teve desvio apreciável em relação à trajetória nominal além da abertura do paraquedas não ter sido identificada por nenhuma equipe. Duas equipes de busca brasileiras se alternaram para procurar o foguete no deserto de Green River no final da tarde de 23/06 e na manhã do dia 24/06. Contudo, num raio de 2 km do centro de lançamento nada foi encontrado a não ser a coifa em separado.

Com esse desempenho a Equipe Montenegro acabou na terceira posição na categoria básica com 560 pontos, não se qualificando para premiação devido o foguete não ter atingido a altitude pré-estabelecida pelo regulamento da competição.

Já no Prêmio de Excelência Técnica Jim Furfaro, estendido a ambas as categorias do evento (Básica e Avançada), a Equipe Montenegro acabou na segunda colocação com 470 pontos, e assim o prêmio ficou com a Universidade de Washington que acabou no primeiro lugar. (veja o resultado final da competição pela nota “ESRA Divulga Resultado Oficial do 7th IREC”).

Para essa nova edição do IREC (segunda participação da equipe no evento) a equipe Montenegro contou com o apoio da empresa Acrux Aerospace Technologies de São José dos Campos, cujo presidente é o aluno de doutorado do ITA, Oswaldo Loureda, e com o patrocínio e apoio técnico da Avibrás, MT4, Alpha Channel, Mectron, CENIC, OBA, AAB, Dário & Guto, AEITA e o DCTA/IAE, sendo a AASD (Associação Acadêmica Santos-Dumont) a instituição responsável pela captação de recursos financeiros para o projeto.

Responsáveis pelo Rocket Design no ITA
(Equipe Montenegro)

Coordenação: Ten Cel Pierre Mattei – MSc em Engenharia Eletrônica – ELE-96 – Coordenador do Curso de Engenharia Aeroespacial do ITA.

Professor Responsável: Geilson Loureiro – PhD em Engenharia de Sistemas Espaciais – ELE-87 – Professor de Engenharia de Sistemas do Curso de Engenharia Aeroespacial do ITA.

Capitão da Equipe: Oswaldo Barbosa Loureda – Aluno de Doutorado em Engenharia Aeroespacial.

Aluno de Graduação Responsável: Danilo José Franzim Miranda – nº 6820 – Aluno de Graduação em Engenharia Aeroespacial, AESP-12.

Abaixo segue fotos dessa participação da equipe no 7th IREC e os vídeos promocional e do lançamento do foguete.

Duda Falcão

Parte da equipe brasileira no aeroporto de Guarulhos,
embarcando para a competição nos EUA

Membros da equipe verificando a abertura do paraquedas secundário.
Cada uma das partes do foguete foi verificada em solo americano, de
forma a garantir o correto funcionamento do foguete

Equipe brasileira desembarcando na cidade de Green River. Nota-se ao
fundo o aspecto desértico rochoso, típico da região centro-oeste americana

À esquerda os juízes da competição escutando e fazendo
perguntas durante a apresentação oral da equipe brasileira

Stand da equipe do ITA para a apresentação oral do projeto

Equipe brasileira segurando o foguete protótipo levado
para a apresentação oral do projeto

Tenda que funcionou como quartel general da equipe brasileira
no local de lançamento. Sobre a mesa está o motor foguete
pronto para ser conectado à baia de aviônicos

A montagem do foguete no local da competição exigiu trabalho em
equipe e tarefas bem claras para cada um dos membros

Membros da equipe operando a antena e o computador
da estação de solo móvel

Logo das instituições patrocinadoras do projeto
coladas na fuselagem do foguete

Foguete AIR na rampa de lançamento. Os membros da equipe
faziam a conferência final do checklist pré-lançamento

Foguete AIR pronto para voar

Foto oficial da 7th IREC, realizada na cidade de Green River, Utah,
entre os dias 21 a 24 de junho de 2012. No canto direto da foto
está o foguete AIR brasileiro (amarelo com coifa verde)

Equipe do ITA quando da visita ao laboratório JPL da NASA
(notem a presença da Dr. Rosaly Lopes na foto)

Vídeo promocional da participação da equipe no evento

Vídeo do Lançamento do foguete AIR


Fonte: Com informações da Equipe Montenegro do ITA

Comentários

  1. Pelo visto a iniciativa deles tem resultados , ao contrario de um certo foguete não é Dona Dilma ?

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  2. Olá Anônimo!

    Pois é amigo, rsrsrs.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  3. Olha, com uma camera compacta dessas de camelô eu acredito que posso filmar melhor o lançamento... Mas parabens a equipe.

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  4. Olá Aureo André!

    Segundo informações colhidas pelo blog, realmente eles tiveram alguns problemas com a filmagem do lançamento do foguete.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  5. Olá Paulo André,

    foi exatamente o que disse o Duda. Algumas câmeras ossas tiveram problemas de superaquecimento, o que fez com que apenas uma funcionasse corretamente, porém com algumas falhas. Vale ressaltar que, na hora da competição, mesmo a olho nu, não foi possível acompanhar o foguete após o momento em que se observa um pequeno desvio de trajetória em um dos videos acima.

    Abs

    Felipe
    Montenegro Team
    Instituto Tecnológico de Aeronáutica

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  6. PS: *Aureo André.

    Abs

    Felipe
    Montenegro Team
    Instituto Tecnológico de Aeronáutica

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  7. Quem sabe na proxima competição alguma equipe brasileira possa usar aquele combustivel verde para foguetes desenvolvido pela Edge of Space, achei muito interessante e concerteza se fosse mostrada isso em uma competição dessas 1° lugar ja estaria ganho tanto pelo foguete quanto pela inovação. Mas acho que eles não passam a tecnologia, o material empregado para fazer o combustivel etc.. rsrsrs.

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  8. Olá Anônimo!

    Quem sabe, mas eu duvido muito.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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