SGB: O Retorno da Telebrás

Olá leitor!

Segue abaixo uma interessante nota do companheiro jornalista André Mileski postada ontem (18/09) no blog “Panorama Espacial”, destacando o retorno do envolvimento da Telebrás com o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB).

Duda Falcão

SGB: O Retorno da Telebrás

André M. Mileski
18/09/2011

Desde o ressurgimento da estatal Telebrás, em meados de 2010, especulava-se sobre a possibilidade de seu envolvimento no projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) ("Telebrás"). Sexta-feira passada (16), o blog Panorama Espacial divulgou que haveria uma reunião entre os ministros da Defesa, Ciência, Tecnologia e Inovação, e Comunicações, e os presidentes da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da estatal Telebrás, para a discussão do projeto ("SGB em pauta?"). Com a reunião, outras informações obtidas nos últimos dias, além de todas as movimentações passadas, o cenário para o SGB foi se tornando mais claro: o SGB será viabilizado por meio da Telebrás.

Indícios

Em entrevista publicada na edição de agosto da revista Teletime, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que o governo investiria R$ 3 bilhões em projetos de cabos submarinos e num satélite geoestacionário de comunicações com duas vertentes, uma civil e outra militar. "Existem duas vertentes: uma é o satélite puramente comercial, esse que está sendo licitado pela Anatel, e que não vai ter necessariamente investimento público. Mas nós estamos discutindo com a Defesa para fazermos um satélite geoestacionário. Evidentemente a parte da Defesa seria controlada pela Defesa e a parte comercial, na nossa visão, é que seria coordenada pela Telebrás", declarou.

Antes da entrevista de Bernardo, o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, já havia discorrido sobre o projeto, em apresentação na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, no final de junho (ver a postagem "SGB se aproximando?"). O lançamento do satélite dependeria de "uma decisão final do governo brasileiro", declarou Jobim, acrescentando que o investimento envolvido seria de aproximadamente R$ 700 milhões, quantia que incluiria a construção, lançamento e seguro do satélite, e também a infraestrutura terrestre para recepção e controle.

PPA 2012-2015 e Orçamento de 2012

O que até então era meto discurso, começa a se tornar algo concreto, ao menos no papel. No final de agosto, o governo federal divulgou o Plano Plurianual (PPA) 2012/2015 que, grosso modo, estabelece os principais projetos e programas para um período de quatro anos, no caso, de 2012 a 2015. E um dos projetos que lá figuraram é justamente o "lançamento de satélite para comunicações" pela Telebrás, com custo total estimado de R$ 716 milhões, iniciando-se em 01/01/2012 e se encerrando em 31/12/2015. Não por mera coincidência, o valor é muito próximo do informado por Jobim no Senado.

O orçamento de 2012 também dá mais um elemento concreto, prevendo investimentos de R$ 55,7 milhões, forte indicativo de que, não havendo cortes orçamentários, um contrato pode ser assinado já em 2012.

A inclusão do projeto da Telebrás no PPA e a previsão orçamentária para a sua execução representam, finalmente, a decisão do governo quanto ao SGB, projeto idealizado no início da década de 2000 e que, desde então, teve sua viabilidade considerada sob diferentes modelos. Dentre eles, a idéia de uma Parceria Público Privada (PPP) e mesmo a continuidade da contratação direta de serviços de comunicações junto a operadores privados através do conceito "hosted payloads".

Comunicações Governamentais

Embora não tenham conexão entre si, é interessante observar que a decisão do governo de dispor de um satélite próprio de comunicações se aproxima da estratégia adotada por vários países latino-americanos, que preferiram não depender apenas da iniciativa privada para comunicações por satélite. Citem-se os casos da Argentina (Arsat), Venezuela (Venesat), Bolívia (Tupac Katari) e México (MEXSAT).

Outro ponto que merece destaque é o retorno da Telebrás aos satélites. Criada na década de sessenta como holding das empresas de telecomunicações, a empresa foi controladora da Embratel, que operava os satélites da série Brasilsat, até a sua privatização em 1998. A venda incluiu os satélites geoestacionários, hoje operados por uma subsidiária da Embratel, a Star One, o que desde então gera desconforto em alguns setores do governo e Forças Armadas (certamente, um motivador para que o SGB fosse viabilizado), especialmente pelo fato de que a empresa é controlada por um grupo estrangeiro, do México. A capacidade e forte expertise da Star One, reconhecido internacionalmente, tem, portanto, sua origem dos tempos de Telebrás.

"Briga de Foice"

Com a definição do SGB, a tão aguardada "briga de foice", que já acontece em movimentos mais sutis, será finalmente deflagrada ('SGB: "será uma briga de foice"'). Dentro dos próximos dias, o blog Panorama Espacial trará mais informações sobre o SGB.


Fonte: Blog Panorama Espacial - André Meliski

Comentário: O companheiro Meliski faz uma análise muito interessante sobre essa novela do SGB trazendo-nos novas informações sobre o andamento das discussões desse projeto que está próximo de completar 10 anos de conversas desde que foi idealizado. Ora leitor, felizmente o blog “BRAZILIAN SPACE” tem o direito da dúvida e sempre a exercerá com a liberdade que lhe compete. Acreditar que o governo DILMA irá investir R$ 716 milhões (iniciando-se em 01/01/2012 e se encerrando em 31/12/2015) em um único projeto de satélite (fora o investimento necessário no LIT e em infraestrutura humana) é mesmo que acreditar que o Elvis Presley não morreu. Faça-me uma garapa, e digo mais, duvido muito que esse satélite saia (se é que existe essa real possibilidade) antes de 2020. Vamos deixar de acreditar em conto da carochinha, se fosse só o problema de vontade política até que esse projeto com um pouco de boa vontade poderia sair e não duvido disso. Entretanto, existem outros fatores que dificultam a realização com a eficiência necessária: São eles, incompetência administrativa, constante troca de governo e de interesses políticos, contingência de verbas constantes, falta de infra-estrutura física e de recursos humanos adequados, problemas de desenvolvimento tecnológico gerado pelo impedimento da importação de peças por governos de outros países e principalmente a já conhecida má vontade política para com o PEB. É claro que boa parte desses problemas poderiam ser amenizados se o satélite fosse integralmente contratado no exterior, porém para tanto, seria necessário que o governo estabelecesse e cumprisse um rigoroso cronograma de liberação de recursos, coisa que como sabemos, não faz parte do histórico de nossos governos. Em resumo, conversa mole para boi dormir, mas o prazo está lançado e cobrem de mim se eu estiver errado, ou melhor, cobrem da presidente DILMA.

Comentários

  1. Olá Duda ,da uma olhada nesta matéria não tem nada haver com programa espacial em principio ,mas será que as reivindicações do INPE e do DCTA serão atendidas no ano que vem ?
    Uns 3% disso já seria algo extraordinário se tratando de Brasil...
    http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1044455

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  2. Olá André!

    Vou ser sincero contigo, migalha não amigo. Ou se faz uma programa espacial de verdade nesse país ou é melhor dá um fim nele. Programa espacial não é brincadeira, é caro, arriscado, envolve muita responsabilidade e seriedade para que possa dá resultado.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  3. A novela do SGB é antiga, e começou justamente quando privatizaram a EMBRATEL e "deram" os nossos satélites estatais de bandeja para o comprador mexicano. Isto tem enredo de novela mexicana. "Foi sem querer...querendo." como diz o Chaves.

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  4. Verdade amigo Ricardo!

    Muito bem colocado. Não que eu seja contra a privatização, o que não sou, muito pelo contrário. Entretanto nesse caso foi muito mal conduzida.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

    20 de setembro de 2011

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