Descoberto Novo Cinturão de Radiação ao Redor da Terra
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (01/03) no site
“Inovação Tecnológica” destacando que Astrônomos da NASA, com a fundamental participação
do INPE, descobrem novo cinturão de radiação ao redor da Terra.
Duda Falcão
Espaço
Descoberto Novo Cinturão de
Radiação ao Redor da Terra
Redação do
Site Inovação Tecnológica
01/03/2013
[Imagem: Baker
et al./Science]
Cinturão
de Van Allen
Astrônomos
acabam de encontrar o terceiro anel de Van Allen, uma formação aparentemente
temporária, mas maior, envolvendo o segundo anel.
Até agora se
acreditava que o Cinturão de Van Allen fosse constituído por dois anéis de
plasma - partículas carregadas eletricamente - que circundam a Terra no plano
do Equador.
É nesse cinturão
de radiação, sobre o qual pouco se sabe, que ocorrem as auroras boreais e
austrais.
Os dois anéis
originais foram descobertos por James Van Allen, em 1958. Eles circundam a
Terra na região do Equador, estendendo-se entre 1.000 e 60.000 quilômetros de
altitude, mantidos no lugar por ação do campo magnético terrestre.
A descoberta
do terceiro anel foi feita pelas sondas espaciais gêmeas RBSP (Radiation
Belt Storm Probes - sondas para medição de tempestades nos cinturões de
radiação, em tradução livre), lançadas pela NASA em Agosto do ano passado para
estudar as "tempestades" dos anéis de radiação - devido ao nome
complicado da missão, elas são mais conhecidas como Sondas de Van Allen.
O Brasil tem
participação fundamental nessa missão.
A missão das
duas sondas RBSP é justamente esclarecer a formação e o comportamento desse
cinturão de radiação, que afeta o funcionamento de satélites e naves espaciais,
e pode ter impacto sobre a saúde dos astronautas.
Terceiro
Anel de Van Allen
Assim que
chegaram ao espaço, as duas sondas detectaram imediatamente os dois conhecidos
e gordos anéis.
Para surpresa
geral, contudo, nos dias que se seguiram, os instrumentos mostraram a formação
de um terceiro anel de radiação.
Com o passar
dos dias, o segundo anel começou a se comprimir em uma faixa de elétrons muito
densa, e começou a surgir o terceiro anel, igualmente formado por elétrons, mas
menos compacto e mais distante, estabelecendo o quadro de um cinturão de Van
Allen com três anéis.
"Pareceu
tão estranho que eu achei que devia haver algo de errado com o instrumento,"
disse o pesquisador Dan Baker. "Mas nós vimos coisas idênticas em cada uma
das duas naves espaciais e então tivemos que concluir que era algo real."
O anel do
meio, que os astrônomos chamam de anel de armazenamento, persistiu conforme o
anel externo começava a se desfazer, o que ocorreu durante a terceira semana de
Setembro.
Finalmente,
uma poderosa onda de radiação emitida pelo Sol virtualmente aniquilou tanto o
que restava do terceiro anel, quanto todo o segundo anel.
Pressa Proveitosa
Já se sabia
que o anel exterior de radiação tinha uma dimensão variável, às vezes inchando
com partículas carregadas, que depois escapam novamente, dependendo do clima
espacial.
[Imagem: NASA/SDO/AIA/
Goddard Space Flight Center]
Nos meses que se
seguiram desde o desaparecimento dos dois anéis externos, as zonas de radiação
se reconstituíram em sua estrutura mais comum de dois anéis.
"Nós não
temos nenhuma ideia de quantas vezes esse tipo de coisa acontece," disse
Baker. "Isso pode ocorrer com
bastante frequência, mas nós não temos os instrumentos necessários para
acompanhar isso."
Na verdade, o fenômeno só foi
registrado porque os cientistas decidiram usar os instrumentos das duas sondas
sem passar pelo criterioso programa de calibração que ocorre em todas as
missões espaciais.
Eles passaram direto para a
chamada "fase científica" porque queriam coletar a maior quantidade
possível de dados em paralelo com a sonda SAMPEX, que está no espaço há mais de
20 anos, podendo deixar de funcionar a qualquer momento.
Se tivessem seguido as normas,
o fenômeno não teria sido registrado.
"Se não tivéssemos feito
dessa forma, teríamos perdido o acontecimento. É bom estar no lugar certo, na
hora certa, com os instrumentos certos," disse Baker.
Tempestades Solares
Uma melhor compreensão da
formação do Cinturão de Van Allen, incluindo o número de anéis, ajudará os
pesquisadores a refinar nossa compreensão de como e quando as tempestades
solares podem causar estragos na Terra.
Por exemplo, qual seria o
impacto de uma onda de choque que venha do Sol no momento que os anéis estão
retraídos?
"Nós podemos oferecer
estas novas observações para os teóricos que modelam o que está acontecendo no
cinturão," disse Shri Kanekal, cientista da missão das Sondas de Van
Allen. "A natureza nos presenteou com este evento - ele está lá, é um
fato, você não pode argumentar contra ele - e agora temos de explicar por que
ele ocorre. Por que o terceiro anel persistiu durante quatro semanas? Por que
ele mudou? Todas essas informações nos ensinam um pouco mais sobre o
espaço."
Bibliografia:
A Long-Lived Relativistic Electron Storage Ring Embedded in Earth's
Outer Van Allen Belt
D. N. Baker, S. G. Kanekal, V. C. Hoxie, M. G. Henderson, X. Li, H. E. Spence,
S. R. Elkington, R. H. W. Friedel, J. Goldstein, M. K. Hudson, G. D. Reeves, R.
M. Thorne, C. A. Kletzing, S. G. Claudepierre
Science
Vol.: Published Online
DOI: 10.1126/science.1233518
Science
Vol.: Published Online
DOI: 10.1126/science.1233518
Fonte: Site Inovação Tecnológica
Comentário: Pois é leitor, mais um gol da Astronomia
Brasileira, e o INPE está de parabéns.
Duda, isso é fazer ciencia. adorei a parte "para surpresa geral foi encontrado um cinturão". poucas vezes tivemos mentes à frente dos dados empíricos -- lembro de Eisntein aq -- mas ciencia mesmo, se faz assim. o resto, ao meu ver, é conversa.
ResponderExcluirabraços
É realmente incrível, como até sobre as coisas supostamente já bem conhecidas se tem tanto à aprender, e também como o "acaso" sempre ajuda a ciência.
ResponderExcluirLegal!
"Se falou muito pouco sobre a real participação do Brasil nesse programa. Mais do que nunca, o nosso INPE tende a acompanhar a evolução internacional espacial. Eu acredito até que a sua administração, tem um diferencial em relação as demais no país, porque o nosso programa espacial acima de tudo debilitado, incorpora uma dose da vontade de realizações e de facilidade para lidar com as novidades e descobertas científicas ,com os constantes avanços no rítimo das grandes administrações como se faz a NASA e a ROSCOSMO. Se o japonês e o alemão (DLR), tinham carcterísticas própias de administrações com seus projetos fantásticos, o INPE, IAE, etc., tem as tendências da inovação, mesmo a passos curtos. Já se imaginou quando O Brasil, realmente decolar para o espaço, e os valores de recurssos serem de grandes cifras e constantes anualmente? o pesquisador brasileiro terar mais flexibilidade e da incorporação da criatividade nacional. Eu acho que isso é uma vocação brasileira, que tem de ser cultivada."
ResponderExcluirCaro Cássio!
ExcluirEu acredito que em breve um INPE venha colocar uma nota eu seu site explicando melhor essa história de sua participação nesse projeto. Quando isso acontecer postarei essa nota aqui no blog.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)