Saiba Mais Sobre o 8º SePP&D
Olá leitor!
Como já anunciado aqui no BLOG em 01/10 foi promovido
pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) do Departamento de Ciência e Tecnologia
Aeroespacial (DCTA), este ligado ao Comando da Aeronáutica (COMAER), um evento
de grande importância para o PEB na área de veículos lançadores e tecnologias
associadas.
Tratou-se da oitava edição do “Seminário de Projetos de
Pesquisa e Desenvolvimento em Veículos Espaciais e Tecnologias Associadas (8º SePP&D), evento este realizado
anualmente pelo IAE e que este ano contou com a participação do Sr. Paulo Gontran Ramos
(presidente do CEGAPA - Centro Gaúcho de Pesquisas Aeroespaciais) e o Prof. Júlio César Guedes Antunes (Prof. do Instituto
Federal do Norte de Minas Gerais – IFNMG, e idealizador do Projeto AERIS. Lembra
desse projeto leitor?), ambos leitores do BLOG.
Em
relato sobre o evento do Sr. Paulo Gontran, enviado ao BLOG via e-mail pelo
Sr. Carlos Cássio Oliveira (presidente do Centro Experimental de Foguetes
Aeroespaciais da Bahia - CEFAB) tomamos conhecimento de que o evento contou com
a participação de empresas, entidades de pesquisa e de profissionais do setor, cujo o mote foi a divulgação dos últimos progressos ocorridos em nosso país no ramo espacial,
suas tendências, desafios e evidentemente as suas históricas dificuldades.
Segundo o Sr. Paulo
Gontran vários importantes
pesquisadores do cenário nacional e internacional fizeram suas exposições, e
entre eles o Dr. Thyrso Villela que apresentou uma proposta de programa
de domínio de tecnologias críticas para o setor espacial e o diretor do
Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE, o Dr. Carlos de Oliveira Lino
(INPE), que falou das
melhorias em ampliações previstas e necessárias para este laboratório, uma vez
que, segundo ele, o mesmo atingiu o limite para todos os testes que faz principalmente aqueles em satélites, mas também em antenas
de telecomunicações encomendadas por diversos órgãos, até mesmo de telefonia
comercial. O diretor do LIT destacou ainda os testes de ruído e de vibrações
para artefatos espaciais e o regime de trabalho que hoje está muito grande,
perfazendo até 12 horas diárias, visando atender os clientes contratantes dos
testes do LIT.
O VLS-1 evidentemente também foi tema do evento em
palestra apresentada pelo coordenador do projeto, o Maj. Almeida, que apresentou aos
participantes o estágio de desenvolvimento do veículo para breve lançamento (coisa
que não acreditamos que aconteça numa provável vitória da DILMA e talvez até
mesmo se o AÉCIO vencer a eleição). O coordenador do projeto destacou também as
melhorias introduzidas no
VLS-1 após o acidente de 2003 e apresentou vídeos de teste estático em banco e de
separação dos boosters.
Outra informação
destacada no relato do Sr. Paulo Gontran foi à obtenção pelo IAE de uma pequena
escala de um produto (até aqui guardado como segredo pela Rússia e pelos EUA),
que pretende-se usar no futuro como substituto do “Perclorato de Amônio” em
foguetes a propelente sólido. Segundo o que foi divulgado no evento o tal
produto que atende pela sigla de ADN, em média custa R$ 50mil por quilo, para
compra e transporte especial em navio, já que o contêiner é projetado
especialmente para isso. O IAE comprou uma amostra da Rússia e conseguiu, em
laboratório próprio, sintetizar uma pequena quantidade desse componente, cuja
molécula foi patenteada pelos EUA e vem sendo pesquisada desde 1942 pelos
Russos. Slides do laboratório do IAE e fotos da amostra foram apresentadas
durante o evento. Ponto para o IAE.
O Sr. Paulo Gontran
informou também que durante o evento críticas ao
baixo aporte financeiro do Governo para as pesquisas, em comparação com a Índia
e até mesmo a Argentina, foram
levantadas,
sendo que um pesquisador revelou que há
no Governo Brasileiro
políticos de alto destaque contrários a que se faça pesquisa espacial no Brasil, coisa que não é nenhuma novidade e que o BLOG
BRAZILIAN SPACE já explicou por diversas vezes o porquê isto acontece.
Finalizando seu relato o
Sr. Paulo Gontran traz uma boa notícia quando divulga que o IAE pretende
realizar parcerias com os fogueteiros amadores, acadêmicos, hobbystas e profissionais, sendo que para que isto aconteça uma das possibilidades
destacadas no evento foi o Programa UNIESPAÇO da AEB.
As
palestras realizadas no evento foram as seguintes:
* A Expansão do Laboratório de
Integração e Testes (LIT) e Sua
Contribuição Para o Programa Espacial - Carlos de Oliveira Lino - INPE;
* Status e
Perspectivas do VLS – Maj. Almeida (Gerente
do VLS) – IAE;
* Capacitação
e Desenvolvimento de Metodologias para Cálculo da Confiabilidade de motores de
Foguete a Propelente Sólido – Dr.
Silvio Fazolli – IAE;
* Uma
Proposta de Programa de Domínio de Tecnologias Críticas Para o Setor Espacial - Dr. Thyrso Villela Neto – CGEE;
* Elaboração de
rotinas computacionais para análise vibro-acústica de estruturas aeroespaciais
submetidas à excitações acústicas aleatórias - Carlos D’Andrade Souto – IAE;
* Pesquisa e Desenvolvimento de Extração e Purificação de
ADN - José Irineu Sampaio de Oliveira – IAE; e
* Abordagem para Verificação Formal de Software Crítico
Espacial - Rovedy Aparecida Busquim e Silva – IAE.
E os posteres apresentados durante o evento foram:
* Rede de Antena Adaptativa de Recepção do Sistema GPS
para Aplicação Embarcada - Cynthia Junqueira – IAE;
* Estudo Teórico Experimental do “Sloshing” em Tanques
Cilíndricos Verticais - Carlos D’Andrade Souto – IAE;
* Infraestrutura de uma Rede Elétrica de Controle para
Veículos Aeroespaciais Baseada em Barramento de Dados - Adilson Jesus Teixeira -
IAE;
* Modernização dos Sistemas de Aquisição de Dados e de
Condicionamento de Amostras Relacionados ao Ensaio de Velocidade de Queima de
Propelente Sólido Compósito em Bomba Crawford - Luciene Dias Villar - IAE;
* Instrumentação de Equipamento Para Avaliação Térmica de
Compósitos Termoestruturais - Ronald Izidoro Reis - IAE;
* Desenvolvimento de Processo de Infiltração, Por Meio de
Polímeros de Silicona, Para Produção de Compósitos à Base de C/SiC, Para
Utilização em Proteções Térmicas de Veículos de Reentrada Atmosférica (SARA) e
Veículos Lançadores (VLM) - Ronald Izidoro Reis - IAE;
* Avaliação da Vida em Fadiga de Compósitos de Fibra de
Carbono/Epóxi e de Fibra de Carbono/SiC Submetidos a Esforços de Cisalhamento,
Tração e Compressão - Vanderlei de Oliveira Gonçalves - IAE;
* Escomento Atmosférico no CLA Parte II - Ana Cristina
Avelar – IAE; e
* Estudo Experimental da Interferência Aerodinâmica de
Antenas Embarcadas na Fuselagem de Veículos Aeroespaciais Utilizando-se as
Técnicas de Tintas Sensíveis a Pressão (PSP) e a Temperatura (TSP) - Ana
Cristina Avelar – IAE.
Abaixo trago
algumas fotos do evento enviadas pelo Prof. Júlio
César Guedes Antunes, ao qual agradecemos pela gentileza de nos fazer a cobertura fotográfica deste importante
evento para o BLOG BRAZILIAN SPACE.
Duda
Falcão
O Prof. Júlio César Guedes Antunes em frente ao prédio da Divisão de Ciências Atmosféricas do IAE. |
Os participantes ouvem o Hino Nacional antes do início do evento.
O Brig. Eng. Leonardo Magalhães Nunes da Silva (diretor do IAE) em seu discurso de abertura do evento. |
O Major Almeida realizando sua palestra sobre o Projeto VLS. |
O Cel. Santana Júnior (Vice-Diretor do IAE) realizando a sua participação durante a apresentação da palesta do Major Almeida que é visto ao fundo. |
O Dr. José Irineu Sampaio de Oliveira apresentando sua palestra sobre a Extração e Purificação do ADN. |
Coquetel servido aos participantes no intervalo do evento. |
O Dr. Thyrso Villela Neto (ex-diretor da AEB) realizando a sua palestra. |
Desculpe mudar de assunto, queria saber que satélite é esse no logotipo do Blog.
ResponderExcluirOla Rodrigo!
ExcluirÉ o Satélite de Coleta de Dados 1 (SCD-1) desenvolvido pelo INPE e que está no espaço funcionando desde 1993.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Valeu!
ExcluirDuda,
ResponderExcluirSeguem uma dúvida e um esclarecimento:
Sobre o LIT, eu havia entendido por tudo que se tem divulgado, que esses nossos laboratórios estavam ociosos. Agora noticiam que o LIT está sobrecarregado. Seria essa sobrecarga devido à trabalhos não ligados ao PEB?
Quanto ao ADN, me parece que não tem nada de "segredo". Ele é conhecido dos russos desde a década de 1970, tendo sido "redescoberto" pelos americanos e patenteado pela SRI International na década de 1990. É a dinitramida de amônio, uma alternativa bem menos tóxica de combustível sólido, ideal por isso mesmo até para os foguetes amadores, sobre a qual inclusive, existem trabalhos publicados aqui no Brasil desde 2009:
Modelagem da combustão da dinitramida de amônio por simulação computacional.
Quanto ao VLS-1, sou da mesma opinião. Pra mim, esse projeto dificilmente vai andar. E na minha opinião na verdade nossos esforços já deveriam ter sido deslocados para o VLM a muito tempo, pois é um projeto bem mais simples e com real possibilidade de se inserir no mercado internacional de lançamentos.
Quanto as queixas em relação ao orçamento pífio e os políticos que não tem o menor interesse na área, nada de novo. Podem continuar se queixando que não vai adiantar nada. Insisto que enquanto o pessoal que está dentro do PEB não tomar atitudes firmes e contundentes CONTRA esse estado de coisas, vai ser isso aí. É como diz o grande filósofo contemporâneo Vampeta: "Eles fingem que pagam, agente finge que joga". Ficam todos eles satisfeitos e o idiota que paga os ingressos vê o seu dinheiro desperdiçado num "jogo de compadres"...
E assim caminha o Brasil.
Olá Marcos!
ExcluirRespondendo a sua pergunta, sim o LIT está sobrecarregado devido à trabalhos não ligados ao PEB e também não atende mais os parâmetros exigidos para realização dos testes dos satélites de comunicação e meteorologia previstos no PNAE. Vale dizer que felizmente o LIT atende aos projetos das industrias não ligadas ao PEB, pois se assim não fosse ficaria difícil a manutenção deste Laboratório, já que os recursos repassados são insuficientes.
Agora quanto ao ADN, permita-me discordar de você. Na realidade o ADN é um segredo sim que só existia nos EUA e na Rússia. Sabe-se lá como, o Brasil conseguiu comprar da Rússia uma mostra (talvez devido a acordos internos não divulgados assinados no âmbito do BRICS) o que permitiu este estudo e a sintetização dessa pequena quantidade desse componente no Brasil, permitindo assim que o Brasil se torne em breve a terceira nação do mundo a dominar esta tecnologia. O IAE está de parabéns e este fato lembra um outro fato ocorrido na década de 90 com o sistema de navegação do VLS-1, adquirido junto aos russos numa verdadeira missão alá James Bond que colocou em risco a vida dos servidos que foram a Rússia naquela época e de certa forma ajudou o projeto SIA a ser hoje o que é.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)