Mensagem da Direção do Instituto de Aeronáutica e Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota oficial postada hoje (22/08) no site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), escrita pelo diretor do
instituto, o Brigadeiro Eng. Carlos Antonio de
Magalhaes Kasemodel.
Duda Falcão
NOTA OFICIAL
Mensagem da Direção do Instituto
de Aeronáutica e Espaço
Campo Montenegro, 22/08/2013
Há dez anos, mais
precisamente no dia 22 de agosto de 2003, o Programa Espacial Brasileiro vivia
o momento mais triste da sua história. Naquele dia, durante os preparativos
finais para o lançamento do terceiro protótipo do Veículo Lançador de
Satélites, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), o acendimento
intempestivo de um dos propulsores do primeiro estágio provocou um incêndio na
plataforma de lançamento, vitimando vinte e um técnicos do Instituto de
Aeronáutica e Espaço e destruindo completamente a Torre Móvel de Integração do
veículo.
Os dias que se sucederam
foram muito difíceis para todos: familiares das vítimas, servidores do IAE e
CLA envolvidos naquela Operação de Lançamento, servidores do então Centro
Técnico Aeroespacial e da Agência Espacial Brasileira. Enfim, momentos de dor
vivenciados por todos os atores do Programa Espacial Brasileiro.
Como não podia ser
diferente, a comoção nacional foi muito grande. Os servidores do IAE que
perderam suas vidas nesse trágico acidente foram considerados heróis: nada mais
justo! Perderam suas vidas na tentativa de transformar o Brasil soberano no
domínio da tecnologia espacial.
O Programa Espacial
Brasileiro era posto em xeque. Comissões oficiais, comissões paralelas,
comissões independentes e até comissões estrangeiras foram criadas para
analisar as causas do acidente.
Os servidores do IAE que
participaram da Operação São Luís e que, por desejo do destino, não estavam
naquela Torre no momento do acidente viveriam momentos muito difíceis. Além da
dor pela perda dos seus companheiros de trabalho, dos sintomas de transtorno
pós–traumático, que marcariam eternamente suas vidas, perante as comissões de
investigação suas palavras estavam também em xeque.
Concluídos os trabalhos
de investigação que, em alguns casos, se estenderam por mais de um ano, foi
iniciada uma revisão critica total do projeto VLS. Dessa revisão resultaram
propostas de modificações para tornar o projeto ainda mais seguro e confiável.
Ensaios realizados no passado tiveram que ser refeitos. Novos ensaios como, por
exemplo, o ensaio de separação dos propulsores do primeiro estágio, foram
especificados e realizados. Novos equipamentos de ensaios, alinhados com a
tecnologia atual, viriam a ser adquiridos.
Hoje, o VLS mantém a
mesma aparência externa, mas internamente são inúmeras as diferenças. As
modificações introduzidas, na maioria dos casos, exigiram o rearranjo interno
dos componentes e consequentemente o reprojeto dos módulos.
A Torre Móvel de
Integração também foi revisada, novos requisitos de segurança foram
introduzidos e ainda em 2005, foi realizado o processo licitatório para
reconstrução da nova TMI. Contudo, uma disputa judicial entre as duas empresas
participantes da licitação embargaria o início das obras, entrave este que
perdurou por mais de quatro anos. A autorização para início das obras de
reconstrução da TMI só veio acontecer em 2009 e o seu recebimento definitivo
somente ocorreu neste ano.
Procedimentos de gestão
e de segurança, processos de controle de qualidade, de controle de configuração
e análise de risco, foram também revistos. Requisitos mais modernos e,
consequentemente, mais rígidos foram implantados. A cultura de certificação
espacial também foi implantada e o Instituto de Fomento e Coordenação
Industrial (IFI) assumiu essa responsabilidade.
Os servidores do IAE que
estiveram na Operação São Luís e que até hoje continuam nessa árdua missão
também são heróis! São heróis, por tudo que viveram e sobreviveram!
São heróis pela
persistência em dar continuidade à missão de concluir o projeto VLS com
sucesso, de tornar o Brasil soberano na tecnologia espacial e honrar os
companheiros que faleceram em Alcântara, mostrando assim que a morte deles não
foi em vão!
Como todo acidente, o de
Alcântara trouxe muitos ensinamentos. Ensinamentos não só para o aprimoramento
do projeto VLS, mas como para os demais projetos do IAE. Os frutos desses
ensinamentos já começam a aparecer. Desde 2004, todos os voos de foguetes de
sondagem produzidos pelo IAE foram bem sucedidos. Já são 24 lançamentos
realizados: 14 voos de VSB-30, 5 voos de VS-30/Orion, 4 VS-30 e 1 VS-40.
Hoje, nossos foguetes de
sondagem tem credibilidade internacional e são largamente empregados pela
Agencia Espacial Europeia conduzindo cargas úteis de altíssimo valor agregado
para o Programa Europeu de Microgravidade.
O VLS ainda enfrenta
dificuldades. Dificuldades que certamente serão superadas.
A Missão atribuída ao IAE
se transformou em sonho.
Um sonho a ser
realizado. Um sonho do qual os integrantes do IAE não vão desistir!
Campo Montenegro, 22 de
agosto de 2013
Brig Eng Carlos Antonio
de Magalhaes Kasemodel
Diretor do IAE
Fonte: Site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)
Comentário: Sábias palavras Brig.
Kasemodel, se eu já era um grande admirador do seu trabalho, agora sou ainda
mais, e se depender de mim, pode contar com o Blog BRAZILIAN SPACE na luta para
se atingir esse sonho. Da Bahia lhe envio a minha sincera manifestação de apoio
na esperança de que, junto com o senhor e com todos os servidores do IAE imbuídos
nesse projeto, possamos realizá-lo o mais breve possível.
Comentários
Postar um comentário