Treinamentos Preparam o CLA Para Realizar Grandes Lançamentos

Olá leitor!

Dando sequência à apresentação do Caderno Especial do jornal “O Estado do Maranhão”, publicado na edição do dia (22/08) com quatro páginas e intitulado “CLA 10 Anos da Tragédia”, trago agora para você a terceira página desse grande e excelente trabalho do jornal maranhense. Segue abaixo a terceira página do caderno.

Duda Falcão

ESPECIAL – CLA 10 Anos da Tragédia

Treinamentos Preparam o CLA
Para Realizar Grandes Lançamentos

O Centro de Lançamento de Alcântara passou por uma ampla reestruturação
em suas instalações, preparando-se para operações com foguete de grande porte; modernos equipamentos digitais foram instalados para atividades espaciais

O Estado do Maranhão
22/08/2013

Fotos/Douglas Júnior
Foguete de treinamento sendo lançado com sucesso
em etapa de operações realizadas pelo CLA.
Técnicos na sala de monitoramento do CLA, que recebeu
modernos equipamentos para lançamentos.

Depois do acidente de 2003, o Brasil reiniciou suas operações aeroespaciais em 2008 com operações de pequeno e médio porte que podem ser realizadas em uma plataforma menor. Essas atividades obedeceram a uma sequência de lançamentos de foguetes de treinamento, nos níveis básicos, intermediários e avançados. Essas atividades servem para testar outros foguetes desenvolvidos pelo Brasil, os equipamentos de monitoramento e rastreamento aeroespacial, além de estabelecer uma rotina de preparação das equipes para atividades de grande porte. Para este ano, estão previstos sete lançamentos. Alguns já aconteceram e os resultados foram considerados satisfatórios.

Além da rotina de lançamentos, após o acidente todo o sistema operacional do CLA passou por uma profunda mudança na substituição de todos os itens relacionados às atividades espaciais. Dos sistemas que foram modernizados, destaca-se o setor de radar, que foi completamente reestruturado com a aquisição de peças internas dos sistemas. As mudanças foram necessárias para permitir que o equipamento, apesar de antigo, possa acompanhar todos os níveis da trajetória do foguete.

Na Sala de Controle, onde acontece o acompanhamento de todas as etapas de uma operação de lançamento, bem como segurança de voo, telemedidas e localização, ocorreu a substituição de todos os sistemas analógicos para o digital. Toda a comunicação de dados atualmente é feita por fibra ótica para evitar interferências. Em 2010, foi lançado um foguete VSB-30, transportando carga útil composta por experimentos científicos de universidades brasileiras.

Da Sala de Controle, foi possível acompanhar a parte interna do foguete, com uma câmera colocada dentro da carga.

Modernizado – Com a estrutura atual, o CLA é considerado um dos centros de lançamento mais importantes do mundo, e o Maranhão tem ainda a vantagem da posição geográfica, a segunda da Linha do Equador, fator que permite operações mais precisas com uma economia de 30% de combustível. Além da modernização dos sistemas, o centro de lançamento dispõe de novos equipamentos. Em 2011, foi adquirido o Perfilador de Ventos, uma tecnologia avançada que está sendo utilizada na segurança de voo, pois permite um alcance mais preciso para avaliar a direção e velocidades dos ventos. A avaliação era feita por meio de balões meteorológicos.

O Perfilador de Ventos é composto por 114 antenas que conseguem obter dados relativos à velocidade dos ventos por ondas eletromagnéticas. Já montado, o sistema poderia, inclusive, ser utilizado nas últimas operações.

A nova Torre Móvel de Integração está
dotada de itens de segurança.

SAIBA MAIS

TORRE MÓVEL DE INTEGRAÇÃO

Investimento: R$ 44 milhões
Primeiro lançamento: em 2014
Altura: 30 metros

FAMÍLIA DO VLS

O Veículo Lançador de Satélite (VLS) é o foguete que serve de modelo para outros protótipos do Programa Cruzeiro do Sul, que se baseia no desenvolvimento de uma família de veículos lançadores com capacidade para atender às missões do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB), e missões internacionais para colocação de satélites em órbitas geoestacionárias. O projeto inicial previa a fabricação dos foguetes até 2022, mas, após o acidente com o VLS, em 2003, o programa sofreu atrasos. A principal proposta do programa é tornar a indústria aeroespacial brasileira mais competitiva e também atrair para o país novos investidores internacionais.

VLS ALFA

Concebido para atender o requisito de transporte de cargas úteis na faixa de 200 kg a 400 kg a órbitas equatoriais baixas. O lançador Alfa seria uma evolução direta do VLS-1. Originalmente, o foguete seria composto por quatro estágios, todos movidos a combustível sólido. O Alfa trocaria os últimos dois estágios sólidos do VLS-1 por um de combustível líquido. O desempenho do veículo, superior ao do VLS-1, permitirá a colocação de satélites de massa de até 500 kg em órbita equatorial de 750 km, ou 200 kg em órbita polar.

VLS BETA

O veículo deverá ser capaz de atender às missões de transporte de 800 kg para uma órbita de 800 km de altitude. A grande diferença é a utilização do combustível líquido que permitirá ao país maior economia e também voos com trajetórias maiores. O veículo lançador Beta tem um motor a propelente sólido como primeiro estágio (P40), um segundo estágio com quatro motores a propelente líquido L75 e por um propulsor a propelente líquido de 7,5 t de empuxo (L75) como estágio superior. O desempenho do veículo VLS-Beta permitirá a colocação de satélites de massa de até 800 kg em órbita equatorial de 800 km.

Torre Móvel de Integração
Recebeu Consultoria Russa

Na TMI, cujas obras foram concluídas em 2011, foram gastos
R$ 44 milhões; a torre tem uma estrutura moderna e segura

Reprodução
Projeção do foguete binacional Cyclone-4,
que será lançado de Alcântara.

A nova Torre Móvel de Integração (TMI), no Centro de Lançamento de Alcântara ( CLA), cujas obras estruturais começaram em 2009 e foram concluídas em 2011, foi equipada com itens de segurança com três alternativas para a saída da plataforma em caso de alguma situação emergencial, como um incêndio. Na torre de apoio, há três opções para rota de fuga: a primeira é uma escada; a segunda opção é um poste, como os utilizados pelo Corpo de Bombeiros; e a terceira é um tubo de tecido em que a pessoa se joga em pé e vai escorregando até a saída da torre.

Em sua estrutura, a TMI possui sistemas de detecção de alarme e de combate a incêndio, sistema de pressurização e de proteção contra descargas atmosféricas, entre outros itens de segurança.

De acordo com o presidente da AEB, José Raimundo Coelho, não dá para comparar a estrutura da TMI que existia há 10 anos com a atual, não só pelos itens de segurança, mas também pela evolução da tecnologia aeroespacial em uma década. “A plataforma de 2003 não tinha essas rotas de fuga, mas temos que considerar a realidade da época. É como uma casa que foi construída há 30 anos. É necessário fazer ajustes, mudar a parte elétrica e uma série de outros cuidados. Assim é com o programa espacial brasileiro”, comparou Coelho.

Orçada em R$ 44 milhões, a TMI é considerada uma das modernas plataformas de lançamento de foguetes de grande porte do mundo. Todos os sistemas desenvolvidos tiveram consultoria de técnicos russos e foram desenvolvidos com base nos avanços tecnológicos das atividades aeroespaciais. Além de dispor de uma plataforma avançada, o CLA tem a melhor localização do mundo para operações aeroespaciais, permitindo mais precisão em lançamentos e economia de combustível.

A nova plataforma de lançamento do CLA tem 30 metros de altura e dimensões adequadas para lançamentos do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e de outros modelos de foguetes de grande porte a partir de parcerias do Brasil com outros países. “A nossa nova torre atende perfeitamente às necessidades do novo perfil do Programa Espacial Brasileiro, que é mais ousado. Nossa estrutura não se limita apenas aolançamento do VLS. Podemos fazer outras atividades com outros foguetes, apenas com alguns ajustes”, destacou Coelho.

Em junho deste ano, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) enviou para o CLA o mock-updo VLS, um simulador em tamanho real do foguete para que seja iniciada a fase de testes da torre. O veículo montado na torre é uma estrutura real, mas sem combustível ou satélite a bordo.

Avanços - Para o vice-reitor da Universidade Federal do Maranhão, doutor em Física Atômica e Molecular e professor do Departamento de Física da instituição, Antônio José Silva Oliveira, embora o Brasil tenha hoje uma plataforma de lançamento moderno, o desenvolvimento do VLS continua o mesmo que há uma década.

“Hoje nós podemos dizer que o CLA tem uma moderna plataforma de lançamento com capacidade de lançar foguetes tipo veículo lançador de múltiplos estágios e no momento está em fase de teste um modelo inerte, ou seja, uma estrutura real do veículo sem combustível. Esse modelo permite a realização de ensaios e simulações para verificação da integração física, elétrica e lógica da plataforma e dos meios de solo do CLA, associados à preparação do voo do VLS. Esta mesma plataforma é ajustável para comportar outros tipos de veículos lançadores de mesmo porte. No entanto, o desenvolvimento de veículos lançadores praticamente está no mesmo patamar, ou seja, hoje estamos no estágio de 10 anos atrás”, ressaltou.

Segundo Oliveira, o que tem chamado atenção nessa nova fase do programa científico do Brasil, além dos itens de segurança da nova plataforma de lançamento do CLA, é o incentivo para a qualificação profissional.

“A questão da qualificação é bastante complexa em qualquer área de conhecimento, mais ainda na da ciência e tecnologia, pelo alto investimento em educação desde o ensino fundamental até o superior. O Governo Federal tem sinalizado positivamente com a criação de Institutos Federais de Ciência e Tecnologia, na formação de técnicos e, recentemente, com o programa Ciência sem Fronteiras para atender à qualificação em nível de pós-graduação em outros países. Espera-se, então, que à medida que haja necessidade, profissionais qualificados sejam integrados para suprirem a demanda técnica de um programa espacial”, opinou.

O especialista também ressaltou a importância de que a parceria com outros países é fundamental para o intercâmbio de experiências e estudos científicos.

“Toda cooperação técnica e científica é bem-vinda, desde que ela tenha em conjunto os benefícios para ambos. O Brasil, quando necessita colocar um satélite em orbita geoestacionário, contrata outros centros de lançamento que utilizam foguetes desenvolvidos em outros países. A cooperação é justamente para que haja transferência de tecnologia e que o país no futuro seja totalmente independente na área espacial”, explicou Oliveira.

O presidente da AEB compartilha da mesma opinião e destaca a intenção do Brasil de fazer acordos com outros países. Para José Raimundo Coelho, não é interessante para o Brasil realizar apenas parcerias comerciais com outros países sem que esse contrato não agregue itens de conhecimento. Ele citou, como exemplo, a binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), criada por um acordo entre o Brasil e a Ucrânia, que prevê a instalação da empresa (já em fase de obras estruturais) no CLA e o lançamento do foguete de tecnologia ucraniana Cyclone- 4.


Fonte: Jornal O Estado do Maranhão – Caderno Especial - pág. 03 - 22/08/2013

Comentário: Aproveitamos para agradecer ao leitor maranhense Edvaldo Coqueiro pelo envio desse Caderno Especial e amanhã seguiremos apresentando a quarta e última página do mesmo.

Comentários

  1. Pelos vistos o motor foguete L300 é a junção de 4 motores L75.

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    Respostas
    1. Olá Anônimo!

      Exatamente, esse é plano, mas será que vai sair do papel? Tenho cá minhas dúvidas.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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