Documento Produzido Pelo ETE Tem Adesão de Servidores
Olá leitor!
Veja abaixo um artigo publicado no “Jornal do SindCT” de agosto de
2013, jornal esse editado pelo “Sindicato dos Servidores Públicos Federais na
Área de C&T (SindCT)”, dando destaque a iniciativa da “Coordenação de Engenharia e Tecnologia Espacial – ETE” do INPE que
produziu um documento já entregue ao diretor do instituto, Leonel Perondi, visando com isso buscar soluções para os servidores e para o desenvolvimento tecnológico nacional.
Duda Falcão
Nosso Trabalho
Documento Produzido Pelo ETE Tem
Adesão de 90 dos 110 Servidores
ETE busca soluções que visem o servidor
e o desenvolvimento
tecnológico nacional
Por Shirley Marciano
Servidores pertencentes à Coordenação de
Engenharia e Tecnologia Espacial - ETE do INPE produziram e entregaram ao
diretor do Instituto, Leonel Perondi, um documento no qual expõem os problemas
e os dilemas vivenciados.
De acordo com os servidores, a ideia foi
expressar uma visão interna e aproveitar o momento para repensar uma
reestruturação do ETE. A princípio, a busca é pela melhoria na execução das
missões de pesquisa, desenvolvimento e inovação para projetos de satélites e
itens de aplicação espacial, em consequência, uma maior valorização de
toda a força de trabalho.
Por iniciativa dos próprios funcionários,
foi criada uma comissão informal com representantes de cada uma das divisões do
ETE. Assim, fizeram reuniões, discutiram os problemas e as possíveis soluções.
Curiosamente, os itens eram muito similares, com destaque, por exemplo, à falta
de integração das divisões, as quais deveriam estar trabalhando em sintonia.
Depois de reunir e compilar todas as informações mais relevantes, transformaram
num único documento, que foi assinado por 90 dos 110 servidores do ETE,
considerando ainda que havia pessoas em viagem ou em período de férias.
“Esta adesão chegou a nos surpreender.
Acredito que tenha sido muito positiva, pois há muito tempo existem conversas
informais sobre os problemas existentes. Faltava apenas organizar tudo isto. “Não
queremos que esse relatório fique apenas no papel, porque o objetivo principal
é que deste documento parta ações no sentido de trazer melhorias. Estamos
dispostos e o INPE, sem dúvida, sairá ganhando em termos de avanços”, explica
Heitor Patire, membro do Departamento de Mecânica Espacial e Controle – DMC.
Dentro de um contexto geral, Patire destaca
que buscam uma reorganização da Engenharia para melhor atender às demandas do
Programa Espacial Brasileiro, que há cerca de 20 anos vem sendo sucateada por
decisões ou ingerências políticas do próprio ministério de ciência, tecnologia
e inovação.
Um dos problemas mais citados no relatório
é uma preocupação com a preservação do patrimônio intelectual acumulado ao
longo das últimas décadas, e que está com risco de ser perdido, caso não
existam ações rápidas, como a contratação imediata de mais pessoal para
transferir este conhecimento. Avaliam que a atual forma de acompanhamento dos
contratos feita pelos fiscais leva à sobrecarga de atividades, pois muitas
vezes estes funcionários são tomados por serviços burocráticos ao invés de
concentrar esforços na parte técnica. Portanto, seria necessário rever o papel
do responsável técnico, do gerente e do fiscal de contrato.
Considerando o cenário atual, entendem que
o país corre o risco de ficar sem desenvolvimento tecnológico e fadado a apenas
comprar produtos de fora com custo tecnológico agregado. Desta forma,
continuariam submisso à lógica da dependência, em detrimento de uma soberania
tecnológica em potencial. Para que isto não ocorra, descrevem como sendo
imprescindível exercitar um ciclo completo de desenvolvimento de equipamentos,
desde a concepção até a validação do produto, e é neste contexto que a ETE
teria papel fomentador junto às indústrias.
Seguem algumas das principais reflexões sobre cada
uma das divisões:
Divisão de Mecânica e Controle – DMC
a) Consideram que um dos maiores problemas
existentes nesta divisão é a segregação das atividades e também dos servidores;
b) falta participação do DMC nos projetos,
que hoje é praticamente nula;
c) hoje a centralização de gerência de
projetos em um único departamento dificulta o andamento dos trabalhos;
d) falta transparência nas decisões tomadas
com relação aos projetos;
e) a ausência de planos, metas e
investimentos para pesquisa e desenvolvimento tem esvaziado o INPE e
desmotivado toda a equipe.
Departamento de Sistemas e Solo – DSS
a) A falta de foco seria um dos grandes
problemas vivenciados pelos servidores hoje;
b) não existem programas de pesquisa bem
definidos e, por esta razão, muitos acabaram desenvolvendo projetos que atendam
interesses pessoais, para treinarem a própria capacitação;
c) neste momento, falta um gerente que
defenda os projetos, determine prazos e os controle;
d) há dificuldade para efetuar compras,
devido às burocracias, o que tem atrapalhado os prazos;
e) também foi levantado que hoje não há uma
definição da relação que deve existir entre o INPE e as empresas.
Serviço de Manufatura – SMF
a) Uma das maiores dúvidas seria a
ausência de definição de papel das divisões e do próprio ETE, pois hoje quase
não há desenvolvimento de novas tecnologias para aplicações espaciais, até
mesmo porque a maioria está fiscalizando projetos desenvolvidos pelas
indústrias;
b) seria necessário preparo e suporte para
as equipes executarem suas tarefas de forma mais eficiente;
c) falta divulgação dos trabalhos
realizados na ETE, pois através dela seria possível definir novas linhas de
trabalho;
d) falta na instituição um setor que
pudesse dar suporte aos processos de compras para evitar atrasos no projetos.
Serviço de Garantia do Produto – SGP
Considerando que a função do Serviço de
Garantia do Produto deve estar totalmente incorporada ao gerenciamento dos
projetos/missões e que deve receber a mais alta prioridade, o setor avalia que
a citada divisão deveria ser mais destacada dentro da estrutura organizacional
da ETE, resultando em obtenção de:
a) autoridade para aprovação ou não de eventos
contratuais dos projetos;
b) envolvimento em todas as fases dos
projetos/missões;
c) número adequado de servidores;
d) incentivo à pesquisa e ao
desenvolvimento.
Divisão de Sistemas Espaciais – DSE
a) Não consideram que existam planos ou
metas diretoras para pesquisa e desenvolvimento que possam visar à integração
das divisões da ETE e das coordenações do INPE;
b) há pouco alinhamento dos programas com
os projetos de desenvolvimento internos à ETE, muito menos ainda, com projetos
de pesquisas ligados à pós-graduação;
c) o controle de projetos é bastante
deficiente, pois os prazos não são levados a sério;
d) a estrutura montada para a Missão
Espacial Completa Brasileira - MECB não evoluiu, em termos de projeto,
planejamento, controle e documentação e talvez esteja sendo perdida;
e) seria preciso a elaboração e a
implementação imediata de um plano de desenvolvimento, como norteador de
pesquisas e capacitação, visando à soberania em segmentos estratégicos,
que utilize a pós-graduação como fonte de mão-de-obra para prospecção e
pesquisa.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 24ª - Agosto de 2013
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