Astrônomos Brasileiros Encontram 'Gêmea' Mais Velha do Sol

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada ontem (28/08) na no site do jornal “Folha de São Paulo” dando destaque a descoberta por Astrônomos Brasileiros da ‘gêmea’ mais velha do Sol, assunto este já abordado hoje aqui no blog em artigo da FAPESP.

Duda Falcão

CIÊNCIA

Astrônomos Brasileiros Encontram
'Gêmea' Mais Velha do Sol

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
28/08/2013 - 14h06

Um grupo internacional de astrônomos com liderança brasileira identificou a gêmea solar mais velha já observada.

Com 8,2 bilhões de anos, o astro --conhecido apenas como HIP 102152-- vive a 250 anos-luz de distância e já está bem mais próximo do final de sua vida do que o Sol, que tem 4,6 bilhões de anos. Estima-se que estrelas desse tipo vivam cerca de 10 bilhões de anos antes de esgotar seu combustível para fusão nuclear.

O resultado, divulgado numa entrevista coletiva no IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP, é fruto de observações feitas com o VLT (Very Large Telescope), do ESO (Observatório Europeu do Sul).

Divulgação ESO
A estrela HIP 102152, "gêmea" do nosso Sol a 250 anos-luz
daqui e com 4 bilhões de anos a mais do que nossa estrela.

POLÍTICA ASTRONÔMICA

Em 2010, o governo brasileiro assinou um acordo para fazer do país o 15o membro da organização internacional --e o primeiro não europeu. O acerto ainda carece de ratificação no Congresso (está em tramitação na Câmara, antes de ir ao Senado), mas para a comunidade astronômica é como se estivesse valendo.

Jorge Meléndez, pesquisador da USP e líder do estudo, conseguiu tempo graças à postura do ESO de dar aos brasileiros acesso completo, mesmo antes da ratificação do acordo (e do pagamento das contribuições para efetivar a participação nacional).

Não é à toa que, quebrando a tradição, a nota divulgada à imprensa destacava que se tratava de um trabalho brasileiro. "Foi uma forma de mostrar que a nossa comunidade está pronta para produzir ciência de nível internacional com o ESO", diz Claudio Melo, astrônomo brasileiro que é diretor científico da organização no Chile, onde estão instalados os observatórios.

MISTÉRIO RESOLVIDO

O trabalho comparou "gêmeas" solares mais novas e mais velhas que o Sol, e graças a isso conseguiu decifrar um velho enigma da astronomia: por que nossa estrela parece ter tão pouco lítio?

Ao observar astros semelhantes, os pesquisadores mostraram que a quantidade desse elemento é um ótimo parâmetro para estimar a idade de uma estrela como o Sol.

As gêmeas mais novas, como a 18 Scorpii, têm mais lítio. A gêmea mais velha, HIP 102152, tem bem menos. O Sol fica no meio do caminho entre ambas. Há um claro paralelo entre a idade e a presença de lítio.

"A probabilidade de que essa correlação exista é bem superior a 99%", afirma Meléndez.

E OS PLANETAS?

O pesquisador da USP usa as gêmeas solares para testar uma hipótese de que a baixa quantidade de certos elementos no interior da estrela está correlacionada à presença de planetas do tipo terrestre.

Para verificar isso, Meléndez está, de um lado, analisando a composição química de diversas gêmeas solares e, de outro, buscando planetas ao redor delas.

No caso da HIP 102152, que tem o perfil de composição mais próximo do Sol já observado, Meléndez já pode afirmar que não há planetas gigantes nas órbitas mais internas.

Pode ser um indicativo de que a arquitetura do sistema lá também é parecida com a do Sol, com os planetas gigantes (como Júpiter) nas regiões mais externas, e os terrestres (como o nosso) nas mais internas.

Contudo, ainda é cedo para afirmar isso. Meléndez tem mais dois anos de coleta de dados pela frente para tentar identificar o que pode haver nas órbitas mais externas da gêmea HIP 102152.


Fonte: Site do Jornal Folha de São Paulo - 28/08/2013

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