Projeto Para Estudar Energia Escura Inicia Varredura dos Céus
Segue abaixo uma
matéria postado ontem (30/08) no site do jornal “Folha de São Paulo”
destacando que projeto para estudar Energia Escura com participação
brasileira iniciou varredura dos céus.
Duda Falcão
CIÊNCIA
Projeto Para Estudar Energia Escura
Inicia Varredura dos
Céus
RAFAEL GARCIA
DE SÃO PAULO
30/08/2013 - 03h06
Começa hoje
à noite no observatório de Cerro Tololo, no Chile, o levantamento astronômico
mais abrangente feito até agora para jogar luz sobre o maior enigma da
cosmologia: a energia escura.
O projeto
Dark Energy Survey (DES), que levou uma década inteira de planejamento e
construção, colocará o telescópio Blanco, de quatro metros de largura, para
varrer uma área de um oitavo do céu, cem noites por ano.
Um dos
principais objetivos é descobrir galáxias distantes onde estejam ocorrendo
supernovas --explosões estelares que podem ser usadas para medir distâncias no
Cosmo. Sabendo as distâncias das galáxias até nós, astrônomos podem analisar
seu espectro luminoso de cores para saber com que velocidade elas se afastam.
Foi com
essas duas informações que cientistas descobriram em 1998 que, hoje, 13,8
bilhões de anos após o Big Bang, o Universo está se expandindo aceleradamente,
e não o contrário, tal qual se esperava em razão da gravidade. Esse fenômeno
ganhou o nome de energia escura e ainda não tem explicação, apesar de várias
teorias competirem para tal.
"Os
dados ainda não são suficientes para discriminar, entre as possíveis
candidatas, qual seria a melhor", diz Márcio Maia, astrônomo do
Observatório Nacional, do Rio de Janeiro, que participa do DES. "Uma das
coisas que o projeto vai fazer é produzir melhores resultados, e isso vai
permitir descartar os modelos teóricos que não se encaixam nas
observações."
A
expectativa é que o projeto consiga captar pelo menos 3.000 supernovas do tipo
Ia --as mais úteis nesse tipo de pesquisa-- durante cinco anos de
monitoramento.
O DES é uma
colaboração internacional de US$ 40 milhões capitaneada pelo Fermilab, de
Illinois (EUA). O Brasil entra no projeto com apenas US$ 300 mil, mas oferece
mão de obra com valor estimado em US$ 1,2 milhão. O país montou para tal um
consórcio que reúne Observatório Nacional, CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas
Físicas), USP, LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica) e outros
centros.
O principal
papel do país será o de fornecer infraestrutura computacional e um sistema que
monitora a qualidade das imagens do telescópio.
O processamento de dados foi um dos maiores desafios do
projeto, que vai gerar um banco de dados de imagens produzido com a câmera
digital mais potente do mundo, com 570 megapixels.
Editoria de Arte/Folhapress
ALÉM DAS
SUPERNOVAS
O DES também
vai observar fenômenos e estruturas no Cosmo capazes de revelar outros aspectos
da energia escura. Uma de suas missões importantes será a de mapear aglomerados
de galáxias.
Na escala de
distância dessas estrutura é que a gravidade começa a brigar de igual para
igual com a energia escura. Uma compreensão melhor desse "cabo de guerra
--uma força agrupando tudo, contra outra afastando tudo-- deve trazer uma
compreensão melhor do Universo, que é 69% composto de energia escura (27% de
tudo o que existe é matéria escura, invisível, e apenas 5% é a matéria comum
que vemos).
O DES também
investigará a distribuição tridimensional de massa no Cosmo, analisando como a
matéria escura torce a trajetória da luz. Um outro tipo de fenômeno a ser
observado pelo DES é a "oscilação acústica de bárions", que revela a
taxa com que o Universo vem se expandindo ao longo de sua história.
Fonte: Jornal “Folha de São Paulo” - 30/08/2013
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