AEB Divulga Selecionados dos Programas UNIESPAÇO e do MICROGRAVIDADE

Olá leitor!

Recentemente a Agência Espacial Brasileira (AEB) divulgou o resultado dos projetos selecionados para a primeira chamada (restam duas ainda) do Programa MICROGRAVIDADE e também os projetos selecionados da primeira chamada (ainda resta mais uma) do Programa UNIESPAÇO.

Abaixo trago para vocês esses projetos que são muito interessantes:

PROGRAMA MICROGRAVIDADE - 1ª CHAMADA


Os projetos selecionados, pela Comissão de Coordenação do Programa Microgravidade – CCO, são:

1. Sistema para Ensaio Funcional do Estágio Propulsivo Líquido (EPL) - Responsável: Cel. Avandelino Santana Junior (IAE)

2. Solidificação de Ligas Eutéticas em Microgravidade (SLEM) - Responsável: Chen Ying An (INPE)

3. Os Efeitos da Microgravidade Real no Sistema Vegetal de Cana-de-Açúcar Utilizando o Foguete de Sondagem VSB-30 - Responsável: Katia Castanho Scortecci (UFRN)

4. Plataforma de Aquisição para Análise de Dados de Aceleração II (PAANDA II) - Responsável: Marcelo Carvalho Tosin (UEL)

5. Novas Tecnologias de Meios Porosos para Dispositivos com Mudança de Fase - Responsável: Marcia Barbosa Henriques Mantelli (UFSC)

Bom leitor, pelo que eu pude entender esses projetos acima foram selecionados para voarem no primeiro dos três foguetes VSB-30 previstos no 4º AO (Anúncio de Oportunidades) lançado pela AEB em 16/05/2013. Esse documento prevê 3 chamadas que são respectivamente relacionadas com os três foguetes previsto, sendo que o primeiro lançamento está previsto para acontecer em julho de 2014, e os outros em julho de 2015 e maio de 2016 respectivamente.

Aproveito para chamar a atenção do leitor para o primeiro projeto da lista acima, que tem como responsável nada mais, nada menos, que o Chefe da Subdiretoria de Espaço do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), e talvez hoje o maior especialista em propulsão líquida do Brasil.

PROGRAMA UNIESPAÇO - 1ª CHAMADA


1. Projeto de Desenvolvimento de um Ignitor Gás Dinâmico - Responsável: Amilcar Porto Pimenta

2. Motor Foguete Universitário Experimental Utilizando Propelente Verde - Responsável: Annibal Hetem Junior (Esse leitor é o projeto da Edge Of Space/UFABC citado aqui do dia de ontem)

3. Plataforma Reconfigurável para o Desenvolvimento de Radar Coerente - Responsável: Antonio Sergio Bezerra Sombra

4. SAMANAÚ. SAT: Plataforma de Coleta de Dados com Transmissor de Baixo Custo - Responsável: Bruno Augusto Ferreira Vitorino

5. Desenvolvimento de Programa Computacional Para Simulação de Sistemas Propulsivos Utilizando Motores Foguete a Propelente Líquido - Responsável: Cayo Prado Fernandes Francisco

6. Verificação Formal de Computadores de Bordo Para Aplicações Espaciais (VEROBC) - Responsável: Djones Vinicius Lettnin

7. Apoio ao Projeto, Integração e Testes de Computador de Bordo em Desenvolvimento no INPE - Responsável: Eduardo Augusto Bezerra

8. Aerotermodinâmica de Veículos Espaciais na Reentrada Atmosférica para o Intervalo Inteiro de Rarefação Considerando a Composição Química Real do Ar - Responsável: Felix Sharipov

9. Operacionalização do Banco de Ensaios Para Síntese e Testes de Materiais Utilizados em Escudo de Proteção Térmica de Sistemas Espaciais - Responsável: Gilberto Petraconi Filho

10. Desenvolvimento de Um Magnetômetro de Fluxo Contínuo Para Aplicações Aeroespaciais - Responsável: Gilvan Luiz Borba

11. Síntese de Filmes de Carbeto de Silício Visando Aplicações em Dispositivos Micro Eletromecânicos (MEMS) de Interesse Aeroespacial - Responsável: Homero Santiago Maciel

12. Novas Antenas Para Recepção de Dados Ambientais em Nano Satélites Para o Projeto CONASAT - Responsável: João César Moura Mota

13. Projeto de Desenvolvimento de Propulsor a Plasma do Tipo Hall Para Controle de Atitude e Órbita de Satélites - Responsável:  José Leonardo Ferreira (Creio que esse projeto esteja diretamente ligado a MISSÃO ASTER)

14. FLORIPA-SAT - Ensino, Pesquisa e Desenvolvimento em Engenharia Aeroespacial por Intermédio de Uma Missão Espacial Completa - Responsável: Leandro Buss Becker

15. Ambiente de Calibração e Simulação Híbrida Para Sistemas de Determinação e Controle de Atitude Que Utilizam Magnetômetros - Responsável: Marcelo Carvalho Tosin

16. Produção e Caracterização de Sensores Piezoresistivos - Responsável: Marcos Massi

17. Projeto e Fabricação de Um Sistema Propulsivo Que Atenda os Requisitos do Sistema de Reentrada da Plataforma SARA Utilizando Propelentes Híbridos - Responsável: Olexiy Shynkarenko

18. Desenvolvimento e Caracterização de Catodos Ocos e Propulsores de Plasma Pulsados, no Âmbito da Rede Brasileira de Propulsão Elétrica - Responsável: Paolo Gessini

19. Um Sistema de Controle Por Vetoração de Empuxo e Simulação de Trajetória Para Foguetes a Propelente Híbrido - Responsável: Paulo Celso Greco Junior

20. Controle de Instabilidade de Combustão em Motores Foguete a Propelente Líquido - Responsável: Pedro Teixeira Lacava

21. Desenvolvimento de Micropropulsores Catalíticos a Etanol - Responsável: Rafael de Camargo Catapan

22. Desenvolvimento de Processador de Alta Disponibilidade aos Efeitos de Single Event Upsets (Seus) para Aplicações Espaciais - Responsável: Ricardo de Oliveira Duarte

23. Utilização de Materiais Porosos em Câmaras de Combustão e Sistemas de Refrigeração de Motores-Foguete - Responsável: Roberto Carlos Moro Filho

24. Estudo do Comportamento Aeroelástico de Veículos Espaciais de Sondagem - Responsável: Roberto Gil Annes da Silva

25. Desenvolvimento de Uma Célula Fotoeletroquímica Baseada em Filme Fino de Tioxny Visando Sua Aplicação Para Geração de Gás Hidrogênio - Responsável: Rodrigo Sávio Pessoa

26. Análise Estrutural de Vasos de Pressão de Elevado Desempenho Para Motores Foguete Produzidos Por Filament Winding - Responsável: Sandro Campos Amico

Bom leitor, pelo que pudemos observar nessa lista de selecionados, os projetos acima estão em sua maioria ligados a profissionais bastantes conhecidos da área espacial, e não se discute a relevância de cada um desses projetos.

Entretanto gostaria de lamentar a não inclusão do projeto lunar da USP (veja aqui) encabeçado pelo jovem empresário Lucas Fonseca, diretor da empresa AIRVANTIS, professor da USP e mentor da ideia, que seria conduzido pelo Grupo ZENITH sob a coordenação da aluna da EESC-USP, Amanda Hildebrand, tendo como objetivo desenvolver e lançar uma pequena sonda (uma espécie de cubesat) a ser posicionada no ponto “L2 da Terra-Lua”.

Ficamos sabendo recentemente que o jovem Lucas Fonseca, que junto com o seu amigo e sócio Daniel Taparelli, deixaram seus empregos na Europa para voltarem ao Brasil (em nossa opinião de forma ingênua, mais extremamente elogiável - precisamos de mais brasileiros com essa atitude, para que assim quem sabe algum dia possamos mudar esta situação) para criarem a empresa AIRVANTIS, e assim darem sua contribuição ao Programa Espacial Brasileiro, podem infelizmente estar voltando para Europa até o final do ano por estarem decepcionados com o que encontraram por aqui.

É extremamente lamentável caro leitor que coisas como essa continue acontecendo em nosso programa espacial, e pessoas como o Ministro Marco Antônio Raupp e o Sr. José Raimundo Braga Coelho continue omissos com tudo que está acontecendo nos bastidores do nosso conturbando e abandonado programa espacial.


Duda Falcão

Comentários

  1. Infelizmente já estava previsto que assim acontecesse com o projeto lunar por causa dos parâmetros do Anúncio de Oportunidade:

    7. Recursos financeiros

    A AEB disponibilizará para o desenvolvimento dos projetos aprovados neste AO recursos do PPA 2012-2015, Ação 4933 - “Apoio a Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento no Setor Espacial”, no valor global estimado de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais) para itens de capital e custeio, a serem liberados em duas parcelas (1ª etapa e 2ª etapa), de acordo com a disponibilidade orçamentaria e financeira da AEB.

    Os projetos terão o valor de financiamento mínimo de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e máximo de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) por fase.


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    O projeto da USP estava estimado em 3,5 milhões (uma pechincha, considerando a importancia, ambição, e projeção que terá o projeto), no entanto como mostra o ponto acima o máximo de recursos que foi liberado para todas as propostas juntas foram 6 milhões, e cada projeto poderia receber no máximo 200 mil reais. E o da USP precisaria de bem mais que isso, e foi por isso não foi aprovado.

    Entretanto espero mesmo que consigam uma forma alternativa para realizar essa missão e que alguém repare na importância desse projeto para o Brasil de forma a desenvincilhar apoio financeiro.

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    Relativamente aos outros projetos, reparei que existem várias iniciativas para motores de propulsão hibrida e liquida, e parece que os focos têm se virado para esses tipos de propulsores. Lendo as outras propostas pude reparar o quão importante cada uma delas é, e pergunto-me porque o governo não tornou o Anúncio de Oportunidades algo anual, de forma a que mais projetos possam entrar no rol, lenvando o Brasil a novas patamares de desenvolvimento tecnológico.

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    Respostas
    1. Caro Israel!

      Isso não inviabilizaria a aprovação do projeto, pois esses projetos tem o financiamento de diversas fontes e não necessariamente de uma única fonte, Caso o projeto fosse aprovados, seria menos R$ 200 mil. Vamos aguardar que o Sr. Lucas consiga de qualquer forma os recursos.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  2. Israel,

    De fato o valor requirido ao nosso projeto é superior aos 200 mil (o que é um valor baixíssimo pra quem quer fazer pesquisa espacial).

    Mas os 200 mil eram importantes dentro do plano que tínhamos pro projeto. O valor daria chance, entre outras coisas, de comprar uma impressora 3D para prototipar partes para o CubeSat.

    Não vamos desistir por conta desse revés, o grupo já conta com 20 alunos, sendo que vários já demonstraram vontade de continuar com um mestrado na área. Na pior das hipóteses, o projeto já colhe alguns frutos com esse tipo de desejo dos estudantes.

    Não vou entrar no mérito se o projeto tinha competência ou não perante os outros que foram aprovados, sei que outros projetos de excelência de amigos meus que atuam na área também foram reprovados (como o caso da Roda de Reação que o INPE está desenvolvendo com o Instituto Mauá e que foi noticiado há poucos dias por aqui)e talvez o que falte é investimento pra levar pra frente todos esses estudos que estão sendo gerados no Brasil.

    Fico grato pela força de vocês.

    Lucas Fonseca.

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