INPE Revela Aumento de Tempestades Com Raios

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada hoje (16/08) no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) destacando que o instituto revelou o aumento de tempestades com Raios no Brasil.

Duda Falcão

INPE Revela Aumento de
Tempestades Com Raios

Sexta-feira, 16 de Agosto de 2013

Pesquisadores do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) levantaram dados de tempestades de 1910 a 2010 em 14 cidades brasileiras, todas com mais de 500.000 habitantes e que tiveram expressivo aumento de população nos últimos 50 anos.

Os resultados inéditos mostram que houve um aumento de 79% no número de dias de tempestade nos últimos 60 anos em comparação à primeira metade do século 20.

De 1910 a 1951, havia 43 dias de tempestade por ano nestas 15 cidades, em média. Em 2010, esse número saltou para 77 dias. O aumento foi observado em todas as regiões do Brasil. As cidades que apresentaram dados mais relevantes foram São Paulo, Goiânia, Belém e Manaus, com aumentos superiores a 100%. As cidades nordestinas avaliadas apresentaram percentual de crescimento expressivo, mas devido à baixa ocorrência de dias de tempestade na maior parte da região nordeste a variabilidade dos dados também foi alta.

Dias de tempestade são definidos como dias em que ocorrem raios cujos trovões associados são escutados por observadores. A coleta dos dados é feita por observadores, que ficam em aeroportos ou em outros locais estratégicos.

O aumento da frequência de tempestades reforça pesquisas anteriores realizados no Brasil e em diversos outros países que sugerem estarem relacionadas com causas induzidas pela ação humana, como as ilhas de calor criadas pelos grandes centros urbanos em função das superfícies artificiais (asfalto), dificuldade de reirradiação por causa dos prédios, falta de vegetação e poluição atmosférica. É possível também que parte do aumento seja devido ao aquecimento global do planeta. Estima-se ainda que as tempestades devem aumentar em 20% no planeta nos próximos 50 anos por causa do aumento da temperatura global.

Esses resultados ainda não publicados corroboram com outro estudo do ELAT/INPE, publicado em junho deste ano no “Journal of Geophysical Research” – o mais importante periódico da área. Para esse trabalho, foram avaliados dados de tempestade do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas dos últimos 150 anos.

O estudo aponta que o número de tempestades aumentou em São Paulo e Campinas proporcionalmente ao crescimento das cidades, o que comprova a ideia de que as ilhas de calor formadas em zonas urbanas são um dos responsáveis pelo aumento das chuvas fortes. Já no Rio de Janeiro, a relação não foi estabelecida. “Porque o Rio já era bastante populoso no início do século XX, ao contrário das outras cidades avaliadas. A proximidade com o oceano também pode minimizar o efeito da urbanização”, explica o pesquisador Osmar Pinto Jr.

Em contrapartida, verificou-se no estudo que o número de tempestades na capital carioca aumenta significativamente em meses quando a água do Oceano Atlântico está mais quente e ocorre o fenômeno “La Niña”, no Pacífico. Isso porque o esfriamento das águas do Pacífico leva a maior ocorrência de frentes frias na região sudeste do país. O aquecimento anormal das águas do Atlântico – em torno de 0,6ºC - aumenta a umidade do ar na região e gera mais precipitação. “O fenômeno La Niña diminui a intensidade da corrente de ar que sai do Equador e se propaga até médias latitudes, conhecida como célula de Haley. Esta diminuição favorece a chegada de sistemas frontais ao sudeste que, combinada com a maior concentração de umidade devido a maior temperatura do Oceano Atlântico, favorece a maior ocorrência de tempestades”, explica Pinto Jr. O estudo também mostra que essa combinação aumenta o número de tempestades em São Paulo e em Campinas.

O mesmo efeito mencionado acima é observado nas novas pesquisas feitas para as 14 cidades brasileiras. Os novos resultados devem ser publicados nos próximos meses.



Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

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