Financiados Pela NASA, Experimentos de Laboratório Exploram as Origens das 'Ravinas' no Asteroide Vesta

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Imagem: Space Daily
Ilustrativo.
 
No dia de ontem (23/12), o portal Space Daily noticiou que a superfície acidentada do Asteroide Vesta, estudada extensivamente pela Missão Dawn da NASA, apresenta crateras e misteriosas ravinas cuja formação tem intrigado os cientistas. Esses canais profundos, anteriormente hipotetizados como resultado de fluxos de detritos impulsionados por impactos de meteoróides e mudanças de temperatura, agora são pensados como envolvendo um fator surpreendente: breves fluxos de água.
 
De acordo com a nota do portal, um estudo recente, financiado pela NASA e publicado no Planetary Science Journal, sugere que impactos de meteoróides em Vesta podem ter derretido salmouras subsuperficiais, resultando em fluxos líquidos de curta duração. Esses fluxos podem ter esculpido ravinas e depositado leques de sedimentos, imitando processos observados na Terra. Experimentos de laboratório replicaram condições semelhantes às de Vesta, oferecendo novas percepções sobre esse fenômeno.
 
“Os impactos não só desencadeiam um fluxo de líquido na superfície, mas os líquidos permanecem ativos por tempo suficiente para criar características superficiais específicas”, explicou Jennifer Scully, cientista planetária e líder do projeto no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA. “Mas por quanto tempo? A maioria dos líquidos se torna instável rapidamente nesses corpos sem atmosfera, onde o vácuo do espaço é implacável.”
 
O estudo destaca o cloreto de sódio (sal de mesa) como um componente crucial. Os testes revelaram que a água pura congela quase instantaneamente em condições semelhantes às de Vesta, enquanto líquidos salgados permanecem fluidos por mais de uma hora. “Isso é tempo suficiente para formar as características associadas ao fluxo identificadas em Vesta, que foram estimadas para exigir até meia hora”, disse Michael J. Poston, autor principal do Southwest Research Institute.
 
A sonda Dawn, lançada em 2007, passou 14 meses orbitando Vesta e quase quatro anos explorando Ceres antes de concluir sua missão em 2018. A Dawn revelou evidências de atividade de salmoura em Ceres, sugerindo que reservatórios subsuperficiais ainda podem transferir líquidos salgados para a superfície. Embora a nova pesquisa se concentre em Vesta, ela também contribui para teorias sobre processos geológicos em Ceres e outros corpos celestes.
 
Simulação das Condições de Vesta
 
Os cientistas utilizaram o Dirty Under-vacuum Simulation Testbed for Icy Environments (DUSTIE) no JPL para recriar as condições de baixa pressão após um impacto de meteoróide. Ao expor amostras de líquidos a um vácuo, os experimentos demonstraram que, enquanto a água pura congelava instantaneamente, os líquidos salgados continuavam a fluir antes de congelar.
 
Os fluxos de salmoura, que foram testados a profundidades de alguns centímetros, acredita-se que correspondam a características em maior escala em Vesta, possivelmente com dezenas de metros de profundidade, exigindo ainda mais tempo para congelar. Os experimentos também replicaram "tampas" de material congelado que estabilizam os líquidos subjacentes, permitindo que fluam por períodos mais longos, apesar das condições de vácuo.
 
Esse fenômeno é semelhante aos fluxos de lava na Terra, onde tubos de lava isolados permitem um movimento mais prolongado em comparação com lava exposta. Mecanismos semelhantes podem explicar a atividade vulcânica gelada em Europa e potenciais vulcões de lama em Marte.
 
“Nossos resultados contribuem para um crescente corpo de trabalho que usa experimentos de laboratório para entender quanto tempo os líquidos duram em uma variedade de mundos”, acrescentou Scully.
 
 
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