"A Avibras Já Era!": Declarações de Roberto Caiafa Sobre o Portencial Fim da Empresa e o Futuro da Defesa Brasileira

Olá, entusiastas do BS!


Em uma recente live transmitida no canal Caiafa Master na madrugada dos dias 20 para 21 de dezembro (veja aqui), o jornalista e especialista em Defesa Roberto Caiafa abordou diversos tópicos relacionados ao setor de defesa, que também afetam, colateralmente, o setor espacial no Brasil. Entre os temas discutidos, um momento chamou atenção pela contundência: entre os minutos 33:15 e 43:00 (e depois novamente em outros trechos do vídeo), Caiafa afirmou categoricamente que "a Avibras morreu!", "A Avibras já era!" e "Virou farofa!", sinalizando o quase iminente e derradeiro fim da relevância da empresa no setor e, por consequência, a sua prórpia existência.

Roberto Caiafa (Créditos: Canal Caiafa Master)

Essa declaração ocorre em um contexto de avanço de outras empresas nacionais (com ou sem participação de capital internacional), como a SIATT e a Mac Jee, que, segundo Caiafa, estão dominando tecnologias antes exclusivas da Avibras, como sistemas de propulsão, software e integração de mísseis. Além disso, ele destacou a incapacidade da Avibras de se reorganizar em meio a crises internas e a ascensão de concorrentes que absorveram profissionais e conhecimentos técnicos da empresa, conforme divulgado, também, pelo BS em sua série de artigos (veja aqui) e vídeos (veja aqui) sobre o tema.

Os Motivos por Trás da Declaração

Caiafa apontou alguns fatores principais que levaram à sua avaliação sobre o estado da Avibras:

  1. Crise Prolongada e Falta de Soluções
    A Avibras enfrenta problemas financeiros e administrativos há anos, com diversas tentativas frustradas de reestruturação e aquisição por investidores. Segundo Caiafa, a empresa perdeu competitividade enquanto concorrentes como a SIATT avançaram em tecnologia e parcerias estratégicas.

  2. Absorção de Talentos por Concorrentes
    Muitas empresas do setor de defesa contrataram ex-funcionários da Avibras, levando seu know-how técnico para novos projetos. Isso, segundo o jornalista, reduziu drasticamente a capacidade tecnológica e a competitividade da empresa.

  3. Falta de Inovação e Adaptação
    Enquanto empresas como a SIATT realizam testes inovadores, como o disparo de mísseis antinavio a partir de lançadores terrestres, a Avibras ficou estagnada. Caiafa destacou que outras empresas estão provando ser capazes de realizar o que antes era exclusividade da Avibras.

  4. Expansão de Outras Empresas no Mercado
    Empresas emergentes no setor de defesa brasileiro têm firmado contratos e ampliado suas capacidades tecnológicas. Caiafa mencionou que esse avanço coloca a Avibras em uma posição irrelevante no mercado, caso não ocorra uma reviravolta significativa.

A Importância do Teste com o Mansup

No contexto das declarações de Caiafa, ele também comentou o teste de disparo do míssil Mansup realizado pela SIATT em parceria com o Corpo de Fuzileiros Navais e a Marinha do Brasil. Segundo o jornalista, esse evento simboliza o avanço da indústria de defesa brasileira, demonstrando que é possível realizar integrações complexas sem depender da Avibras.

Vídeo "Do Conceito a Prática Super Rápido: COM a SIATT, projetos começam a tornar-se realidade para a BIDS!, 18 de dezembro de 2024  (Créditos: Canal Caiafa Master)

O teste de disparo do míssil Mansup, realizado pela SIATT em parceria com o Corpo de Fuzileiros Navais e a Marinha do Brasil, marcou um importante avanço na indústria de defesa brasileira. Utilizando uma unidade lançadora do sistema ASTROS 2020, o experimento teve como objetivo verificar a viabilidade de integrar o Mansup, projetado para embarcações, a uma plataforma terrestre móvel. A execução bem-sucedida do teste demonstrou a flexibilidade operacional do sistema e a capacidade de adaptação tecnológica no país.

O disparo foi uma prova de conceito limitada, destinada a validar aspectos técnicos como o disparo, o voo inicial e a integração do míssil com o lançador terrestre. Apesar de durar apenas sete segundos e terminar com a desintegração controlada do míssil, o teste confirmou que empresas como a SIATT possuem a expertise necessária para projetos complexos, reduzindo a dependência da Avibras, que antes dominava essas tecnologias no Brasil.

Além de fortalecer a defesa costeira e fluvial, o sucesso do teste posiciona o Brasil como um potencial exportador de sistemas avançados de defesa. Essa conquista também demonstra a importância de parcerias estratégicas e investimentos estrangeiros, como o apoio do Edge Group, que permitiu à SIATT ampliar suas capacidades tecnológicas e viabilizar projetos inovadores.

O jornalista ressalta que o teste com o Mansup evidencia a transição da indústria de defesa brasileira para um novo patamar, com empresas emergentes assumindo protagonismo. Ele reforça a independência tecnológica do país e abre caminhos para o desenvolvimento de sistemas mais avançados, além de consolidar uma visão estratégica conjunta entre as forças armadas e o setor privado.

O Futuro da Avibras e do Setor de Defesa

Embora as declarações de Caiafa sejam incisivas, ele reconheceu que o ideal seria a sobrevivência da Avibras como um ativo estratégico para o país. A empresa não apenas desempenhou um papel essencial no setor de defesa, mas também possui uma relevância inquestionável no setor espacial brasileiro. 

Complementarmente a análise do jornalista, é importante lembrar que a Avibras é detentora de concessões e contratos ativos para a produção de motores-foguetes e foguetes de teste e sondagem, e peça central em projetos como o desenvolvimento do motor S50, que será a base do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), um projetos governamental para dotar o programa espacial brasileiro de um sistema de acesso ao espaço.

O motor S50 é um marco no esforço nacional para desenvolver tecnologia própria de lançadores espaciais, com aplicação tanto em lançamentos orbitais quanto em missões suborbitais. A expertise da Avibras na fabricação desses motores e na integração de sistemas de propulsão sólida coloca a empresa em uma posição única, sendo um elo vital entre a indústria aeroespacial e as demandas crescentes do programa espacial brasileiro. A perda dessa capacidade tecnológica teria impactos significativos, não apenas para a continuidade do programa espacial, mas também para a soberania tecnológica do país.

Além disso, a Avibras tem sido uma das poucas empresas brasileiras com experiência consolidada na produção de foguetes de sondagem, como o VS-30 e o VS-40, utilizados para experimentos científicos e testes tecnológicos. Esses foguetes são fundamentais para a validação de sistemas e para a manutenção da presença do Brasil no cenário aeroespacial internacional. Sua infraestrutura e conhecimento acumulado em décadas de atuação tornam-na um ativo difícil de substituir.

Sem mudanças rápidas e decisivas, como apontado por Caiafa, 2025 pode marcar o fim da Avibras. Ao final, apesar do cenário preocupante da Avibras, Caiafa destacou um lado positivo: a transferência de tecnologia e o crescimento de outras empresas no setor. Ele acredita que o Brasil tem potencial para avançar em capacidades militares, como a produção de mísseis e sistemas de defesa costeira, desde que o apoio governamental e privado continue.


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