Estudo Inovador de Pesquisadores da 'Universidade de Canterbury', na Nova Zelândia, DesafiaTeoria da Energia Escura Por Evidências de Um Universo 'Irregular'

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Imagem: Space Daily
Ilustrativo.
 
No dia de ontem (23/12), o portal Space Daily noticiou que um estudo inovador de pesquisadores da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, propõe que a energia escura, um conceito amplamente debatido na cosmologia, pode não existir. Usando análises aprimoradas das curvas de luz de supernovas, a equipe argumenta que a expansão do Universo é muito mais irregular do que se pensava, tornando desnecessária a presença da energia escura para explicar sua taxa de aceleração.
 
De acordo com a nota do portal, por mais de um século, os físicos assumiram que o Universo se expandia de maneira uniforme, contando com a energia escura para preencher lacunas no entendimento. No entanto, a nova pesquisa apoia o modelo "timescape" de expansão cósmica, que atribui as variações na expansão aos efeitos gravitacionais sobre a calibração do tempo, em vez de uma misteriosa força de antigravidade.
 
O professor David Wiltshire, que liderou o estudo, explicou: "Nossos resultados mostram que não precisamos de energia escura para explicar por que o Universo parece se expandir a uma taxa acelerada. A energia escura é uma identificação equivocada das variações na energia cinética da expansão, que não é uniforme em um Universo tão irregular como o que realmente habitamos."
 
O modelo timescape considera o impacto da dilatação gravitacional do tempo, onde os relógios em regiões de baixa gravidade (vazios cósmicos) marcam o tempo mais rapidamente do que os em regiões galácticas mais densas. Esse efeito faria com que os vazios cósmicos parecessem se expandir mais, criando uma ilusão de aceleração sem a necessidade de invocar a energia escura.
 
Os resultados, publicados na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society Letters, desafiam o modelo padrão Lambda Cold Dark Matter (CDM), que depende da energia escura para explicar as medições de supernovas e a aparente expansão acelerada do Universo.
 
Dados recentes têm questionado cada vez mais o modelo CDM. Por exemplo, discrepâncias entre a taxa de expansão do Universo primitivo (inferida a partir do Fundo Cósmico de Micro-ondas) e sua taxa atual, conhecida como "tensão de Hubble", continuam sem resolução. Além disso, o Dark Energy Spectroscopic Instrument (DESI) forneceu evidências sugerindo que a energia escura pode evoluir com o tempo, contradizendo a suposição de constância do modelo CDM.
 
"O Universo atual é uma complexa teia cósmica de aglomerados de galáxias, lâminas e filamentos rodeados por vastos vazios", acrescentou o professor Wiltshire. "Uma simples lei de expansão consistente com a relatividade geral de Einstein não precisa obedecer à equação de Friedmann."
 
Testar o modelo timescape de forma mais profunda exigirá observações de alta precisão. Espera-se que os satélites Euclid, da Agência Espacial Europeia, e o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, da NASA, coletem dados críticos, com o Euclid precisando de mais de 1.000 observações independentes e de alta qualidade de supernovas para distinguir o modelo timescape do CDM.
 
A pesquisa se baseia em uma análise de 2017, onde o modelo timescape teve um desempenho ligeiramente melhor do que o CDM. Ao colaborar com a equipe Pantheon+ para estudar 1.535 supernovas, os pesquisadores de Christchurch agora afirmam ter "evidências muito fortes" para o modelo timescape, o que poderia resolver anomalias como a tensão de Hubble.
 
"Com novos dados, o maior mistério do Universo pode ser resolvido até o final da década", disse o professor Wiltshire.
 
 
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