Novo Estudo Mostra Que os Jatos do 'Sistema Estelar Binário SS 433' São Capazes de ‘Acelerar’ Ainda Mais as Partículas Carregadas
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue agora mais uma notícia da área de Astrofísica
veiculada dia (26/01) no site "Olhar Digital", destacando
que uma pesquisa revelou aos seus pesquisadores que os Jatos do Sistema
Estelar Binário SS 433 mostraram que são capazes de ‘acelerar’ ainda
mais as partículas carregadas. Entenda melhor essa notícia pela matéria
a baixo.
Brazilian Space
CIÊNCIA E
ESPAÇO
Pesquisa Releva Segredos Sobre Aceleração de Partículas
Jatos do SS 433 mostraram aos
pesquisadores que são capazes de acelerar ainda mais as partículas; entenda
Por Rodrigo Mozelli
26/01/2024 - 19h20
Atualizada em 26/01/2024 - 21h38
Via: Site Olha Digital - https://olhardigital.com.br
(Imagem: Science Communication Lab for
MPIK/H.E.S.S.)
O SS 433 é um sistema estelar binário composto por um buraco negro e uma estrela, que orbitam entre si durante 13 dias.
Enquanto o buraco negro suga material da superfície da estrela, dois
jatos de partículas carregadas (ou plasma) são lançadas a um quarto
da velocidade da luz, perpendicularmente ao plano do disco de gás quente que
alimenta o buraco negro.
Os jatos do SS 433 são detectáveis
apenas no rádio em raios-x, mas eles desaparecem ao longo do tempo e se tornam
muito fracos para serem vistos. No entanto, eles reaparecem de forma brilhante
a distância de cerca de 75 anos-luz do local de lançamento. Até hoje, os
cientistas não entendiam o motivo disso.
E Esses Jatos de Partículas?
Jatos semelhantes também aparecem
emanando do centro de galáxias ativas (um exemplo são os quasares), que,
contudo, são maiores que os emanados na SS 433. Dessa forma, podemos assumir
que os jatos da SS 433 são microquasares.
No título, você leu que uma pesquisa
revelou segredos sobre a aceleração de partículas. E o que isso tem a ver com
os jatos de partículas carregadas que saem da SS 433?
É que, até 2018, nenhuma emissão de
raios-gama tinha sido detectada em microquasares. Naquele ano, porém, isso
mudou, significando que, em algum lugar dos jatos, partículas são aceleradas
para energias extremas.
* A detecção foi realizada pelo
Observatório de Raios-Gama Cherenkov em Águas de Alta Altitude (HAWC, da sigla
em inglês);
* A quantidade detectada emanou altíssima
energia;
* São décadas de pesquisa, mas os
cientistas ainda não têm certeza de onde nem como a aceleração dessas
partículas ocorre.
Estudo Desses Jatos em SS 433
Apesar de os jatos emitidos na SS 433
serem microquasares, ou seja, 50 vezes menores em relação as da galáxia ativa
mais próxima (Centaurus A), a SS 433 se encontra na Via Láctea, mil vezes mais
próxima de nós.
Sendo assim, é mais fácil de estudar
esses jatos, pois seu tamanho aparente no céu é muito maior. Nossa geração
atual de telescópios de raios-gama também ajuda muito nesse estudo.
A partir daí a observação da SS 433
começou a ser realizada pelo Observatório H.E.S.S. Um total de 200 horas de
dados foram captadas, além de uma clara detecção de emissão de raios-gama dos
jatos de partículas carregadas advindas do sistema estelar binário.
Como dito, como a tecnologia utilizada
atualmente é bem superior ao que se tinha antigamente, as observações
identificaram, pela primeira vez, a origem dessa emissão dos raios-gama dentro
dos jatos. Isso, porém, trouxe um resultado bem intrigante.
Onde a Emissão de Raios-Gama Acontece?
Segundo a Phys.org, nas observações, ficou comprovado que não há
emissões de raios-gama na região binária central, mas, sim, nos jatos extremos
e de forma abrupta. Elas ocorrem em distância de cerca de 75 anos- em ambos os
lados da estrela binária.
Contudo, quando observada a partir de
diferentes energias, percebe-se uma mudança na posição da emissão dos
raios-gama.
Ou seja, os fótons de raios-gama com
energias mais altas (mais de 10 teraelétron-volts) são detectáveis apenas no
ponto onde os jatos reaparecem abruptamente. Já as regiões com emissões de
raios-gama com energias menores aparecem mais ao longo de cada jato.
“Esta é a primeira observação da
morfologia dependente de energia na emissão de raios gama de um jato
astrofísico”, comunicou Laura Olivera-Nieto, do Max-Planck-Institut für
Kernphysik em Heidelberg (Alemanha), líder do estudo.
“Ficamos inicialmente intrigados com
essas descobertas. A concentração de fótons de alta energia nos locais de
reaparecimento dos jatos de raios-x significa que uma aceleração eficiente das
partículas deve estar ocorrendo ali, o que não era esperado.”
Laura Olivera-Nieto, do
Max-Planck-Institut für Kernphysik em Heidelberg (Alemanha), líder do estudo
A partir de simulações, os cientistas
determinaram a velocidade estimada dos jatos externos. Com base na diferença
entre essa velocidade e a velocidade na qual os jatos são lançados, foi
possível determinar que o que acelerou ainda mais as partículas foi um forte
choque, ou seja, uma brusca transição nas propriedades do meio.
O choque também pode explicar o
reaparecimento dos jatos em raios-x, pois os elétrons acelerados também
produzem radiação de raios-x.
“Quando essas partículas rápidas colidem
com uma partícula de luz [fóton], elas transferem parte de sua energia, que é
como produzem os fótons gama de alta energia observados com o H.E.S.S. Este
processo é chamado de efeito Compton inverso.”
Brian Reville, líder do grupo de Teoria
Astrofísica do Plasma no Instituto Max Planck de Física Nuclear em Heidelberg
(Alemanha)
“Tem havido muita especulação sobre a
ocorrência de aceleração de partículas neste sistema único – não mais: o
resultado do H.E.S.S. realmente identifica o local da aceleração, a natureza
das partículas aceleradas e nos permite sondar o movimento dos jatos de grande
escala lançados pelo buraco negro.”
Jim Hinton, Diretor do Instituto Max
Planck de Física Nuclear em Heidelberg e Chefe do Departamento de Astrofísica
Não-Térmica
“Há apenas alguns anos, era impensável
que medições de raios-gama baseadas no solo pudessem fornecer informações sobre
a dinâmica interna de tal sistema”, acrescenta a co-autora Michelle Tsirou,
investigadora de pós-doutoramento no DESY Zeuthen.
Apesar das descobertas, ainda não há
sugestões sobre a origem dos choques onde os jatos ressurgem. “Ainda não temos
um modelo que consiga explicar uniformemente todas as propriedades do jato,
pois nenhum modelo ainda previu essa característica”, explica Olivera-Nieto.
Essa é a próxima etapa da pesquisa, algo
que vale a pena, dada a distância da SS 433 com a Terra. Espera-se que os
resultados possam ser “levados” para as observações de jatos mil vezes maiores
de galáxias e quasares ativos. Isso ajudaria a resolver os inúmeros enigmas
relacionados à origem dos raios cósmicos que detém mais energia.
A pesquisa foi publicada na Science.
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