Segundo Estudo de Duas Equipes de Pesquisadores Distintas, o 'Oxigênio' e o 'Gás Carbônico' Podem Ajudar nas Buscas Por Vida Alienígena
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois então, no dia de ontem (05/01) foi postada uma notícia
no site Inovação Tecnológica destacando
que duas equipes de cientistas trabalhando separadamente, chegaram à
conclusão que o Oxigênio e o Gás Carbônico podem dá uma resposta em
nossas buscas por vida alienígena, bem como pelo nível de avanço
tecnológico dessa vida. Entendam melhor essa história pela matéria abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Oxigênio e Gás Carbônico: O Que os Dois Gases nos
Dizem Sobre Vida Alienígena?
Redação do Site
Inovação Tecnológica
05/01/2024
[Imagem: Amaury
H. M. J. Triaud et al. - 10.1038/s41550-023-02157-9]
O2, CO2 e Vida Alienígena
Os animais na
Terra, o que inclui os humanos, respiram oxigênio (O2), e não
poderiam viver sem ele. As plantas, por sua vez, que sustentam todos os
animais, incluindo a produção do oxigênio para que os animais sobrevivam,
respiram dióxido de carbono (CO2), e igualmente não poderiam viver
sem ele.
Por isso, esses
dois gases têm sido as estrelas de virtualmente todas as pesquisas em busca de
vida extraterrestre, desde os primeiros sinais de vida bacteriana
fotossintética até tecnoassinaturas
de civilizações alienígenas altamente avançadas.
Contudo, duas
equipes de cientistas, trabalhando separadamente, chegaram agora a conclusões
que repensam o papel de ambos os gases em nossas buscas por vida alienígena e
pelo nível de avanço tecnológico dessa vida.
Falta de Oxigênio Como Indicador de Água Líquida
Amaury Triaud e
colegas de várias instituições afirmam que a melhor chance de encontrarmos água
líquida - e até mesmo vida - em outros planetas, é procurar pela ausência, em
vez da presença, de CO2.
Segundo os
estudos da equipe, se um planeta terrestre tiver substancialmente menos dióxido
de carbono na sua atmosfera em comparação com outros planetas do mesmo sistema,
isso é um sinal de água líquida - e possivelmente de vida - na superfície desse
planeta.
Aqui no Sistema
Solar, os astrônomos podem detectar a presença de oceanos líquidos observando
flashes da luz solar que reflete em superfícies líquidas. Estes brilhos, ou
reflexões especulares, foram observados, por exemplo, na maior lua de Saturno,
Titã, o que ajudou a confirmar os grandes lagos da lua. A detecção de um brilho
semelhante em planetas distantes, no entanto, está fora do alcance das
tecnologias atuais.
Mas Triaud e seus
colegas perceberam que há outra característica habitável aqui por perto que
poderia ser detectável em mundos distantes: Vênus, Terra e Marte compartilham
semelhanças, com todos os três sendo rochosos e dentro de uma região
relativamente temperada em relação ao Sol. Só que a Terra é o único planeta do
trio que atualmente abriga água líquida.
Foi aí que a
equipe notou outra distinção óbvia: A Terra tem significativamente menos
dióxido de carbono na sua atmosfera do que seus dois outros vizinhos.
"Assumimos
que estes planetas foram criados de forma semelhante, e se vemos um planeta com
muito menos carbono agora, ele deve ter ido para algum lugar," detalhou
Triaud. "O único processo que poderia remover tanto carbono da atmosfera é
um forte ciclo hídrico envolvendo oceanos de água líquida."
Os pesquisadores
concluíram que, se um esgotamento semelhante de dióxido de carbono for
detectado em um planeta distante - em relação aos seus vizinhos - este seria um
sinal fiável de oceanos líquidos e de vida na sua superfície.
"Depois de
rever extensivamente a literatura [científica] de muitas áreas, desde a biologia
à química, e até mesmo ao sequestro de carbono no contexto das alterações
climáticas, acreditamos que, de fato, se detectarmos o esgotamento do carbono,
há uma boa probabilidade de ser um forte sinal de água líquida e/ou vida,"
disse o professor Julien de Wit.
[Imagem: Balbi/Frank
- 10.1038/s41550-023-02112-8]
Os cientistas identificaram um "gargalo de oxigênio", para explicar como uma civilização pode chegar a um nível tecnológico avançado. |
Oxigênio Como Indicador de Tecnologia
Amedeo Balbi
(Universidade de Rochester) e Adam Frank (Universidade de Roma), por sua vez,
descobriram uma conexão entre o nível de oxigênio atmosférico de um planeta e
as chances de que esse planeta tenha uma civilização tecnologicamente avançada.
"Estamos
prontos para encontrar assinaturas de vida em mundos alienígenas," disse
Frank. "Mas como é que as condições em um planeta nos dizem sobre as
possibilidades de vida inteligente e produtora de tecnologia?" Seu colega
Balbi completa: "No nosso artigo, exploramos se alguma composição
atmosférica seria compatível com a presença de tecnologia avançada. Nós
descobrimos que os requisitos atmosféricos podem ser bastante rigorosos."
Os dois
pesquisadores postulam que, além de sua necessidade para a respiração e o
metabolismo dos organismos multicelulares, o oxigênio é crucial para o
desenvolvimento do fogo - e o fogo é uma marca registrada de uma civilização
tecnológica. Eles se aprofundaram no conceito de tecnosferas, domínios
expansivos de tecnologia avançada que emitem sinais reveladores - as chamadas
tecnoassinaturas - de inteligência extraterrestre.
Na Terra, o
desenvolvimento da tecnologia exigiu acesso fácil à combustão ao ar livre - o
processo que está no cerne do fogo, no qual algo é queimado pela combinação de
um combustível e um oxidante, geralmente oxigênio. Quer se trate de cozinhar,
forjar metais, fabricar materiais para casas ou aproveitar energia através da
queima de combustíveis, a combustão tem sido a força motriz por trás das
sociedades industriais terrestres.
Relembrando essa
história da Terra, os pesquisadores descobriram que o uso controlado do fogo e
os subsequentes avanços metalúrgicos só foram possíveis quando os níveis de
oxigênio na atmosfera atingiram ou excederam 18%, uma marca que a dupla chama
de "gargalo do oxigênio". Isto significa que apenas planetas com
concentrações significativas de oxigênio serão capazes de desenvolver
tecnosferas avançadas e, portanto, deixar tecnosassinaturas detectáveis.
"A presença
de altos níveis de oxigênio na atmosfera é como um gargalo que você precisa
superar para ter uma espécie tecnológica," disse Frank. "Você pode
fazer todo o resto funcionar, mas se não tiver oxigênio na atmosfera, não terá
uma espécie tecnológica."
Bibliografia:
Artigo: Atmospheric
carbon depletion as a tracer of water oceans and biomass on temperate
terrestrial exoplanets
Autores:
Amaury H. M. J. Triaud, Julien de Wit, Frieder Klein, Martin Turbet, Benjamin
V. Rackham, Prajwal Niraula, Ana Glidden, Oliver E. Jagoutz, Matej Pec, Janusz
J. Petkowski, Sara Seager, Franck Selsis
Revista:
Nature Astronomy
DOI:
10.1038/s41550-023-02157-9
Artigo: The
oxygen bottleneck for technospheres
Autores:
Amedeo Balbi, Adam Frank
Revista:
Nature Astronomy
DOI: 10.1038/s41550-023-02112-8
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