Astrônomos Encontram 'Elo Perdido' Entre 'Supernovas' e 'Estrelas de Nêutrons'
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois então, no dia de ontem (15/01) foi postada uma notícia
no site Inovação Tecnológica destacando
que Astrônomos descobriram uma
ligação direta entre as mortes explosivas de estrelas de grande massa,
conhecidas como Supernovas, e a formação dos objetos mais compactos e
enigmáticos do universo, as Estrelas de Nêutrons e os Buracos
Negros. Entendam melhor essa história pela matéria abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Encontrado Elo Perdido Entre Supernovas e Estrelas de
Nêutrons
Com informações
do ESO
15/01/2024
Fonte: Site
Inovação Tecnológica - https://www.inovacaotecnologica.com.br
[Imagem: ESO/L.
Calçada]
Representação artística da explosão de supernova observada por duas equipes de astrônomos, que deu origem a uma estrela de nêutrons. |
Da Supernova à Estrela de Nêutrons
Astrônomos
descobriram uma ligação direta entre as mortes explosivas de estrelas de grande
massa, conhecidas como supernovas, e a formação dos objetos mais compactos e
enigmáticos do Universo, as estrelas
de nêutrons e os buracos
negros.
Com o auxílio do
VLT (Very Large Telescope) e do NTT (New Technology Telescope),
ambos do Observatório Europeu do Sul (ESO), duas equipes conseguiram observar o
resultado de uma explosão de supernova numa galáxia próxima, encontrando assim
evidências observacionais de um misterioso objeto compacto deixado para trás,
em uma primeira demonstração de uma teoria que é largamente aceita pela
comunidade científica há décadas, mas para a qual ainda faltava um endosso
observacional.
Quando chegam ao
final das suas vidas, as estrelas de grande massa colapsam sob a sua própria
gravidade tão rapidamente que o resultado é uma violenta explosão conhecida por
supernova. Os astrônomos acreditam que, depois da explosão, o que resta é um
núcleo extremamente denso, ou um resto compacto, da estrela. Dependendo da
massa da estrela que explode, o resto compacto tanto pode ser uma estrela de
nêutrons, um objeto tão denso que uma colher de chá do seu material pesaria
cerca de um bilhão de quilogramas na Terra; ou um buraco negro, um objeto do
qual nada, nem mesmo a luz, consegue escapar.
Os astrônomos
encontraram no passado muitos indícios que apontam para esta cadeia de eventos,
tais como a descoberta de uma estrela de nêutrons no seio da Nebulosa do
Caranguejo, a nuvem de gás que resultou da explosão de uma estrela que ocorreu
quase mil anos atrás. No entanto, nunca este processo foi observado em tempo
real, o que significa que evidências diretas de uma supernova deixando para
trás um resto compacto têm permanecido elusivas.
Esta nova
campanha de observações estabelece uma ligação direta entre esses eventos.
Roubo de Energia Que Vira Brilho
[Imagem: ESO/L.
Calçada]
A explosão ocorreu em um sistema binário, o que significa que a estrela que criou a supernova e deixou para trás um objeto compacto tinha uma estrela companheira. |
Em Maio de 2022,
o astrônomo amador da África do Sul, Berto Monard, descobriu a supernova SN
2022jli no braço em espiral da galáxia NGC 157, situada a cerca de 75 milhões
de anos-luz de distância de nós. Duas equipes separadas estudaram o resultado
da explosão, descobrindo que esta apresentava um comportamento peculiar.
Depois da
explosão, o brilho da maioria das supernovas simplesmente desvanece com o
tempo, resultando em um declínio suave e gradual na "curva de luz" da
explosão. Contudo, o comportamento da SN 2022jli era deveras peculiar: Apesar
de o brilho total se desvanecer aos poucos, isso não acontecia de forma suave,
apresentando oscilações para cima e para baixo, mais ou menos a cada 12 dias.
"Observamos
uma sequência repetitiva de iluminação e desvanecimento da luz nos dados da SN
2022jli," explicou Thomas Moore, da Universidade de Belfaste, na Irlanda.
"Trata-se da primeira vez que oscilações periódicas repetidas durante
muitos ciclos foram detectadas na curva de luz de uma supernova."
Tanto a equipe de
Moore quanto a do professor Lin Yan, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, acreditam
que a presença de mais de uma estrela no sistema SN 2022jli pode explicar este
comportamento. De fato, não é incomum que as estrelas de grande massa partilhem
a sua órbita com uma estrela companheira, no que é chamado um sistema binário,
e a estrela que deu origem à SN 2022jli não é exceção. No entanto, e o que é
notável neste sistema é que a estrela companheira parece ter sobrevivido à
morte violenta da sua parceira e os dois objetos, o resto compacto e a estrela
companheira, muito provavelmente continuaram em órbita um do outro.
Juntando todas as
informações, as duas equipes concordam que, quando a estrela companheira
interagiu com o material lançado durante a explosão de supernova, a sua
atmosfera rica em hidrogênio tornou-se mais inchada do que o habitual. Depois,
quando o objeto compacto deixado pela explosão passa pela atmosfera da
companheira, ela vai retirando hidrogênio gasoso e formando um disco quente de
matéria em seu torno. Este "roubo" periódico de matéria, ou acreção,
produz imensa energia, que foi vista nas observações como variações regulares
de brilho.
Apesar das
equipes não terem conseguido observar luz vinda do objeto compacto propriamente
dito, elas concluíram que este roubo energético só pode ser devido a uma
estrela de nêutrons invisível, ou possivelmente a um buraco negro, que retira
matéria da atmosfera da estrela companheira.
Bibliografia:
Artigo: SN
2022jli: A Type Ic Supernova with Periodic Modulation of Its Light Curve and an
Unusually Long Rise
Autores:
T. Moore, S. J. Smartt, M. Nicholl, S. Srivastav, H. F. Stevance, D. B. Jess,
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Revista:
Nature
Vol.: 956
L31
DOI:
10.3847/2041-8213/acfc25
Artigo: A
12.4-day periodicity in a close binary system after a supernova
Autores:
Ping Chen, Avishay Gal-Yam, Jesper Sollerman, Steve Schulze, Richard S. Post,
Chang Liu, Eran O. Ofek, Kaustav K. Das, Christoffer Fremling, Assaf Horesh,
Boaz Katz, Doron Kushnir, Mansi M. Kasliwal, Shri R. Kulkarni, Dezi Liu, Xiangkun
Liu, Adam A. Miller, Kovi Rose, Eli Waxman, Sheng Yang, Yuhan Yao, Barak
Zackay, Eric C. Bellm, Richard Dekany, Andrew J. Drake, Yuan Fang, Johan P. U.
Fynbo, Steven L. Groom, George Helou, Ido Irani, Theophile Jegou du Laz,
Xiaowei Liu, Paolo A. Mazzali, James D. Neill, Yu-Jing Qin, Reed L. Riddle,
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Revista:
Nature
Vol.: 625,
pages 253-258
DOI:
10.1038/s41586-023-06787-x
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