Jornal Pequeno do Maranhão publica o artigo "O Programa Espacial Brasileiro" de autoria de José Reinaldo, Ex-governador de Estado

Olá, Leitora! Olá, Leitor!

Segue abaixo um artigo publicado na secção de Política do Jornal Pequeno do Maranhão, na terça-feira, 30 de janeiro de 2024. No artigo "O Programa Espacial Brasileiro", de autoria de José Reinaldo Tavares, Ex-governador e Ex-deputado Federal do Estado, oferece uma reflexão sobre os desafios enfrentados pelo Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e as perspectivas para o desenvolvimento do Programa Espacial no Brasil.


Logomarca e fotografia do Ex-Governador
Fonte: Jornal Pequeno (Adaptadas)

O Ex-governador destaca a necessidade crucial de tornar o CLA funcional e estruturado para atrair investimentos e estabelecer o Brasil como um player significativo no cenário espacial global, compartilhando experiências passadas e abordando questões diversas e oferecendo insights valiosos sobre os obstáculos enfrentados e as oportunidades potenciais que poderiam impulsionar a exploração espacial brasileira, a educação e o desenvolvimento do Maranhão.

Aproveitamos para agradecer a Edvaldo Coqueiro, apoiador do blog e membro do Clube de Membros do Canal do BS no Youtube, pelo envio da notícia.

Brazilian Space

O Programa Espacial Brasileiro

José Reinaldo Tavares
Ex-Governador do Maranhão
Jornal Pequeno
Política
30/01/24

Para o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) se tornar realmente importante para o desenvolvimento do Maranhão e do Brasil é preciso,primeiro, que ele funcione. O Brasil nunca, apesar de importantes estudos realizados, conseguiu fazê-lo se tornar funcional, estruturado e sustentável. Se ele não funciona, nenhuma empresa interessada em ser fornecedora desse setor investirá para se estabelecer aqui em função do CLA. Seria como jogar dinheiro fora. E, também, não teria sentido construir um Centro Tecnológico em função dele, pois os formandos não teriamempregos garantidos.

Muita gente pensa que, porque existe um CLA no Maranhão, tudo viria automaticamente. Mas, na prática, a realidade é outra. Ideologia sem sentido já nos fez perder grandes oportunidades e muito dinheiro. Não sei se lembram da luta para aprovar o Acordo de Salvaguardas Tecnológico com os Estados Unidos. 

Divulgavam que, se assinássemos, estaríamos entregando o CLA para os EUA e que os nossos técnicos e engenheiros nem poderiam entrar na base sem anuência dos americanos.Tudo mentira, nada disso constava do texto. O Acordo era necessário porque a tecnologia usada em diversos componentes espaciais, que levam anos de pesquisas e experimentos, muito caros, pode ser copiada e usada por outros países para desenvolver seus próprios foguetes, sem pagar nada por elas, roubando segredos e tecnologias de outros países. E obriga que o parceiro se responsabilize pela tecnologia de terceiros, usada em seu território, o que é muito sensível na área espacial, ou aeronáutica e outras mais. 

Quando o governo Fernando Henrique Cardoso submeteu ao Congresso o Acordo, acabou sendo rejeitado. Alguns deputados comemoravam como se eles houvessem impedido que o Brasil fosse alvo da cobiça internacional. Tristes figuras. 

Quando o governo conseguiu fazer um acordo com a Ucrânia para que seus excelentes lançadores e foguetes fossem feitos aqui, com transferência de tecnologia, nada se conseguiu embora a Ucrânia se dispusesse a isso. O resultado foi não permitir um formidável avanço no Setor Espacial Brasileiro. Quem perdeu foi o Brasil. 

Os foguetes ucranianos tinham componentes americanos e, como não havia acordo de salvaguardo assinado entre o Brasil os EUA, os americanos não permitiram que a Ucrânia fizesse qualquer acordo nesse sentido e os foguetes ficaram no chão. O programa acabou aí. Foi terrível para o CLA, que seria o palco iluminado disso tudo para o Maranhão e para o Brasil. Engenharia Aeroespacial - Quando eu, como deputado federal, consegui mais de 200 assinaturas de apoio, em um documento criando a Frente Parlamentar de Apoio ao CLA, me aproximei muito do Ministério da Aeronáutica, da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). E consegui o curso mais importante do setor, o de Engenharia Aeroespacial para ser o embrião do projeto que eu perseguia há muito tempo, ter um ITA aqui. 

Eu tinha, nessa ocasião, todo o apoio próprio ITA, do Ministério da Aeronáutica, da Agência Espacial Brasileira e de toda a bancada do Maranhão na Câmara e no Senado. O Ministro da Aeronáutica mecomunicou que precisava de umaindicação de uma universidade para ancorar o curso e indiquei a UFMA, conforme orientação do governador Flávio Dino, a quem consultei. 

O apoio da bancada foi tão forte e significativo que, por unanimidade, atendeu meu pedido e uma das duas emendas a que a bancada tinha direito destinou 60 milhões de reais para equipar o ITA, a UFMA e o CLA, com novos laboratórios, equipamentos, material especializado para que esse curso pudesse ser ministrado em conjunto pelo ITA e pela UFMA e pelo CLA. Por meio de videoconferência, professores do ITA dariam aulas para os alunos e professores da UFMA fariam temporadas de especialização no ITA. 

O ITA forneceu à UFMA toda a estrutura do curso, as matérias a serem ministradas, a carga horária em um esforço gigantesco para que o embrião vingasse. Um acordo foi assinado no CLA pela reitora da UFMA, o reitor do ITA e o presidente do CLA, por mim e por Pedro Fernandes, também deputado e vice-presidente da Frente Parlamentar, assinamos como testemunhas. Depois, deixei de ser deputado, assim como o Pedro. O governo mudou, tanto estadual como federal, o ministro da Aeronáutica mudou, tudo mudou e hoje o curso perdeu força e nem sei mais como está. 

Quem ascendeu ao Ministério da Educação foi o ex-governador do Ceará que, amparado no fato de que ninguém do Maranhão conseguiu aprovação no ITA e mais de duzentos passaram no Ceará (fato que vem se repetindo há vários anos), usando seu senso de oportunidade, fez um gol de placa e levou um segundo campos do ITA para lá, a primeira fora de São José dos Campos, em São Paulo. Hoje vejo que todo o esforço feito se perdeu, na fraqueza comparativamente, a outros estados, de nossa educação.

O Maranhão precisa cuidar das famílias pobres, que não conseguem deixar de ser pobres exatamente porque a pobreza não permite igualdade de oportunidades. Cuidar das crianças pobres, de zero a seis anos, como está posto no programa Casa de Esperanças aprovado pela Assembleia Legislativa por unanimidade, é uma esperança e uma certeza de mudança. 

Quantos e quantos gênios e pessoas de grande talento, são perdidos sem oportunidades, presos pelos grilhões da pobreza! O presidente do INSPER, em artigo na revista VEJA desta semana, mostra isso claramente. Essa na verdade é nossa maior batalha e tenho esperanças de que, neste ano de 2024, vamos conseguir fazer o projeto piloto do programa.

"O que falta ao programa 

brasileiro para funcionar

de verdade é criar uma

Embraer para o setor

aeroespacial. Foi esse

modelo que fez um

país, que não sabia

fazer aviões, se tornar

a terceira indústria

mundial de aviões

Bem, para terminar começaram a disseminar uma notícia de que teríamos perdido para a Bahia um Centro Tecnológico Aeroespacial. Não é verdade. O governo não está construindo nenhum Centro Tecnológico, mas sim, por iniciativa do CNI, que nos foi apresentada e com a qual concordamos esperançosos, o SENAI CIMATEC da Bahia, uma universidade tecnológica dedicada à industrialização, uma entidade muito acima do padrão a quem a Bahia deve parte fundamental de seu grande desenvolvimento, recebeu a incumbência de ajudar a preparar quadros e tecnologia para o Programa Espacial Brasileiro. No final do ano passado, em novembro, estivemos reunidos na FIEMA com o pessoal do SENAI, discutindo esse assunto e concordamos inteiramente. Nós já estivemos convidados pela FIEMA, alguns dias no SENAI CIMATEC da Bahia e o reitor, no começo do ano passado, passou conosco uma semana muito proveitosa. Ele, inclusive, apoia uma SENAI CIMATEC no Maranhão.

O que falta ao programa brasileiro para funcionar, de verdade, é criar uma Empresa Brasileira de Aviação (Embraer) para o setor aeroespacial. Foi esse modelo que fez um país, que não sabia fazer aviões, se tornar a terceira indústria mundial de aviões que hoje voam em todos os continentes do mundo. Um programa espacial financiado pelo orçamento da União está fadado ao fracasso e, sem isso, o CLA vai ficando para trás, quase sem nenhum lançamento e sem se tornar importante e vital para o desenvolvimento brasileiro.

Comentários

  1. "Embraer" do setor espacial....estatal quer dizer, país que não aprende mesmo!

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  2. QUE ISSO!!!!
    -> Senhor José Reinaldo Tavares?

    Com muito respeito! o Senhor José Reinaldo Tavares, realmente não tem de fato conhecimento sobre o Setor Aeroespacial ao redor do MUNDO, né!!!! Só pode ser?

    Parem com está mentalidade "Old Space", visão de "dinossauro", que não servem para o "New Space". Parem com está ideia de "CRIAR empresa ESTATAL" ACHANDO que "empresa ESTATAL" é a única solução, ou Sinônimo de "solução estatal". PAREM com está MENTALIDADE "Old Space".

    -> Para informá-lo, já tem uma (ALADA – Empresa de Projetos Aeroespaciais do Brasil S.A)
    Fonte: https://www.aereo.jor.br/2016/06/19/alada-empresa-de-projetos-aeroespaciais-do-brasil-s-a/

    O Senhor José Reinaldo Tavares! Eu gostaria de saber se o senhor conhece o País chamado Estados Unidos das Américas - EUA? NESTE país o setor aeroespacial Tem sua agência (NASA) que todos os serviços são de empresa PRIVADA, tem transparência - veja o resultado exponencial do Setor Aeroespacial dos EUA!
    Na EUROPA - o setor aeroespacial (ESA) são todas new space (startups) PRIVADAS - está avançando.

    Somente na República Federativa do Brasil (BR) - que está centralizada tudo em BRASILIA - DF "Estatal", que servem de “cabides de emprego”, tal mentalidade "Old Space" de dinossauro sobre o setor aeroespacial né (AEB).

    -> Para informá-lo Senhor José Reinaldo Tavares! No BRASIL, nós temos a A Aliança das Startups Espaciais Brasileiras - (ASB).
    No qual EU, Eugênio Preza faço parte.
    Sou Brasileiro e empreendedor, que tenho a visão, entendimento e afirmo que o setor PRIVADO é a SOLUÇÃO no Setor Aeroespacial Brasileiro - No setor PRIVADO, não temos tempo para "desviar dinheiro público" e muito menos utilizar nossas empresas privadas para “cabides de emprego”.

    Não queremos que o Estado Brasileiro seja pedra de tropeço. O Estado Brasileiro precisa flexibilizar e elaborar ás leis sobre o setor aeroespacial.

    Acorda BRASIL.

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