Lançamento Ainda Distante
Olá
leitores! Olá leitoras!
Por Duda
Falcão
Segue
abaixo uma matéria postada na edição 311 (Jan/22) da 'Revista Pesquisa FAPESP' tendo
como destaque as perspectivas para continuidade do desenvolvimento de Veículo
Lançador de Microssatélites (VLM-1) após o teste bem sucedido do moto S50 ocorrido
em outubro do ano passado, bem como o de seu foguete de sondagem auxiliar V-50,
além da visão de diversos especialistas quanto à competitividade ou não destes
veículos no mercado internacional.
Em minha
opinião hoje o VLM-1 é um projeto de concepção antiquada e caro e sem qualquer chance de sucesso no mercado internacional de
lançamentos, mas como há anos vem dizendo o Dr. Waldemar Castro Leite Filho, a
questão aqui não é mais se ele é competitivo ou não, e sim necessário por questões
estratégicas, já que a Forças Armadas Brasileiras e em especial a Força Área,
precisam urgentemente ter a sua disposição um meio orbital próprio de acesso ao
espaço.
Entretanto
o projeto do VLM-1 tem vários empecilhos
que inviabilizam o seu sucesso comercial, e pior, até mesmo o uso adequado pela
FAB. Se não vejamos:
* Falta de
compromisso do governo em liberar recursos dentro do prazo.
* Falta de
gente competente em gestão de projeto e de negócios.
* Como eu
disse o VLM-1 é um produto caro de concepção antiquada e
que para piorar tem entre os seus fornecedores uma empresa que já provou por A
+ B ser incompetente no setor espacial nacional, que dirá no internacional.
* E para
completar o quadro, vale lembrar que depois da saída do Dr. Luis Eduardo Vergueiro Loures da Costa da gerencia do Projeto do VLM-1, os
alemães do DLR deram um ‘Ziriguidum’ na
diretoria do IAE (será que foi mesmo um Ziriguidum, ou outra
coisa?????) e literalmente tomaram o controle do projeto, e hoje o VLM-1
é na realidade um veículo alemão motorizado por motores desenvolvidos no Brasil.
Porém tem um importante detalhe nessa história que poucos sabem. Uma empresa
alemã estava até onde eu sei desenvolvendo paralelamente um motor semelhante ao
S50, em outras palavras amigos leitores, vocês conseguiram pegar a
fotografia, ou precisamos ser mais claros?
Pois é, vários erros
foram cometidos aos longos dos anos por gente descompromissada, com falta de brasilidade, incompetentes, de caráter discutíveis,
oportunistas, carreiristas, etc... em todas as áreas envolvidas com este sonho (é verdade
de poucos, hoje tá mais que provado) de dotar o Brasil de seu próprio Veiculo Orbital
de acesso ao espaço, e o resultado não poderia ser outro.
O Governo Bolsonaro
há uns dois anos e meio teve na mesa do seu risonho Ministro Astronauta uma alternativa competitiva para mudar todo esse quadro, mas infelizmente o seu Ministro optou por manter toda esta situação, privilegiando assim a incompetência e
a falta de compromisso e agora tá pagando o preço do fracasso. 2025?
DU - VI - DE - O - DÓ!
Esse projeto não tem a menor chance de dar certo do jeito que está sendo conduzido e por quem está a sua frente, no máximo, realizar um
voo por teimosia, pra assim dar uma resposta a mal informada e enganada Sociedade Brasileira.
Engenharia Aeroespacial - Engenharia
Lançamento Ainda Distante
Brasil avança no projeto de construir um veículo lançador de satélites,
mas vários desafios precisam ser superados para a realização do primeiro voo,
previsto para 2025.
Por Domingos Zaparolli
Revista Pesquisa FAPESP
Edição 311 - Jan. 2022
Fonte: CECOMSAER
Uma etapa importante de um projeto prioritário do programa espacial
brasileiro, a construção de um foguete capaz de lançar satélites na órbita
terrestre, foi concluída em outubro. Em uma unidade do Instituto de Aeronáutica
e Espaço (IAE), em São José dos Campos (SP), foi realizado o primeiro teste em
solo do S50, o maior motor para foguetes já desenvolvido no país. Com 6,2
metros (m) de comprimento, 1,5 m de diâmetro e projetado para queimar 12
toneladas (t) de combustível (um propelente sólido formado pela combinação de
diversos compostos químicos), o motor é também o primeiro desse porte a ter o
seu envelope – o invólucro cilíndrico – fabricado em fibra de carbono, material
mais leve do que o aço, usado nos artefatos anteriores.
O procedimento, denominado de ensaio de tiro em banco, consistiu em
acionar o motor, preso a um bloco sísmico, de concreto, enquanto sensores
coletaram dados sobre seu comportamento. A temperatura dentro da estrutura
ultrapassou os 2.700 graus Celsius (oC) e a pressão interna superou 70 vezes a
pressão atmosférica normal (70 atm). O motor será o principal elemento
propulsor do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1), o acalentado projeto
do programa espacial do país.
“Utilizamos mais de 200 sensores, que forneceram dados importantes sobre
a curva de empuxo [a força de impulsão], temperatura e pressão do motor, bem
como informações sobre níveis de vibração e deslocamentos que o artefato sofreu
quando pressurizado”, relata o major engenheiro Rodrigo César Rocha Lacerda,
gerente do Projeto VLM-1 no IAE. Segundo o órgão, pertencente ao Comando da
Aeronáutica, o S50 passou no teste, permitindo o prosseguimento do projeto.
O motor foi projetado e desenvolvido pelo IAE com financiamento da
Agência Espacial Brasileira (AEB). A fabricação ficou sob responsabilidade da
empresa privada Avibras Indústria Aeroespacial, também de São José dos Campos.
“O S50 é o principal sistema do VLM-1”, destaca Lacerda. O projeto do veículo
lançador teve início em 2014 e é resultado de uma parceria entre a AEB e a
agência espacial alemã, Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt (DLR).
O investimento brasileiro previsto é de aproximadamente R$ 170 milhões,
dos quais já foram despendidos R$ 110 milhões, segundo o engenheiro eletricista
Paulo Roberto Braga Barros, diretor de gestão de portfólio da AEB. A maior
parte dos recursos gastos até o momento está relacionada com a contratação da
Avibras para produção de seis motores S50 destinados aos testes em solo e
também para equipar o foguete de sondagem VS-50, veículo suborbital que será
construído antes do VLM-1 e faz parte da campanha de desenvolvimento deste. Os
motores do VLM-1 ainda não foram contratados – os recursos para essa finalidade
dependem do governo federal.
Com o VLM-1, as agências espaciais do Brasil e da Alemanha pretendem
entrar no mercado de lançamentos de nano e microssatélites – artefatos com até
10 quilos (kg) e entre 10 e 100 kg, respectivamente. Com capacidade para captar
e transmitir imagens quase em tempo real, esses aparelhos são utilizados para
observação e acompanhamento de atividades terrestres, com aplicação em áreas
como monitoramento climático e ambiental, logística, segurança e espionagem.
Também são empregados na conexão machine-to-machine usada em sistemas de
internet das coisas (IoT).
É um segmento estratégico que, segundo especialistas, vale a pena ser
disputado. O relatório Mercado global de nanossatélites e microssatélites:
Análise e previsão, 2020-2026, publicado pela consultoria norte-americana ADS
Reports, informa que o mercado mundial desses aparelhos espaciais gerou
receitas de US$ 283,1 milhões em 2019 e estima uma taxa de crescimento anual de
25% até 2026.
Para a AEB, o VLM-1 tem também o papel de inserir o Brasil no restrito
grupo de nações com autonomia no desenvolvimento e no lançamento de satélites.
“Seremos o 13º país capaz de colocar satélites em órbita a partir de seu
território e com seu próprio veículo lançador”, argumenta Barros. “Esse projeto
nos permitirá lançar nossos micro e nanossatélites nas órbitas em que
precisamos e no momento adequado”, complementa Barros. “O Brasil terá outro
status nas discussões sobre o uso do espaço exterior.”
Voo Inaugural
O primeiro voo do VLM-1 está planejado para 2025. Ele está sendo
projetado para colocar até 30 kg de carga útil em órbitas baixas, a 300
quilômetros (km) de altitude. Para que isso ocorra, uma série de etapas terá
que ser cumprida. O motor S50, por exemplo, deverá passar por outro ensaio de
tiro em banco, programado para o segundo semestre de 2022. Sendo novamente
aprovado, estará pronto para equipar o foguete VS-50, previsto para ser lançado
em agosto de 2023.
Com 12m de altura, o VS-50 fará um voo suborbital, ou seja, alcançará
uma altitude de 100 km acima do nível do mar, mas não inserirá carga útil em
órbita da Terra. Um segundo voo do VS-50 está planejado para 2024. Os dois voos
do foguete de sondagem são importantes para o processo de qualificação de
sistemas que farão parte do VLM-1.
O VS-50, de acordo com Lacerda, terá a incumbência de ensaiar em
condições de voo diversas estruturas do VLM-1, como as interfaces de separação
de estágios, os sistemas de controle de navegação, a telemetria de voo, as
redes elétricas e os itens pirotécnicos (para ignição do motor). Na linguagem
espacial, estágios são os vários segmentos que compõem um foguete. Cada um
deles tem um sistema propulsivo, responsável pelo aumento de velocidade do
veículo, que vai sendo descartado no transcorrer do voo. A ideia é que os voos
do VS-50 colaborem para a redução de riscos do primeiro lançamento do VLM-1.
O lançamento do foguete suborbital também permitirá testar a
infraestrutura de lançamentos a partir da Torre Móvel de Integração (TMI) do
Centro Espacial de Alcântara (CEA) no Maranhão. Além de integrar uma etapa do
desenvolvimento do VLM-1, o VS-50 é um novo produto do IAE que será oferecido
para o mercado internacional. “Ele tem grande potencial como plataforma de
testes para aceleradores hipersônicos”, exemplifica Lacerda. O VS-50 está
cotado para ser utilizado como plataforma para o lançamento de um veículo
experimental hipersônico em desenvolvimento pela Agência Espacial Europeia, o
Hexafly-INT.
Fonte: Força Aérea Brasileira
O VLM-1 contará com três sistemas propulsivos, sendo dois
motores-foguete S50 e um motor-foguete S44, bem menor, com 800 kg de propelente
sólido. O S44 foi testado em 2012 no foguete de sondagem VS-40. O motor está
sendo remodelado pela empresa Cenic Engenharia, de São José dos Campos, e terá
seu ensaio de tiro em banco neste ano ou 2023.
A alemã DLR será responsável pelos demais sistemas do VS-50 e do VLM-1,
como o módulo de serviços eletrônicos embarcados, os sistemas de controle e
navegação, os adaptadores interestágios, o sistema de atuação de tubeira móvel
TVA, que permite o direcionamento do jato do motor para execução do controle de
atitude do foguete, e a coifa, onde viajam os satélites que serão lançados. A
maioria desses componentes alemães para o VS-50 já foi produzida e alguns se
encontram no Brasil para os ensaios de integração com os motores, informa
Lacerda.
A baixa disponibilidade de recursos financeiros, técnicos e humanos
levanta dúvidas entre especialistas que já passaram pela AEB e pelo IAE da real
capacidade brasileira em cumprir com sua parte no projeto do VLM-1. Nem todos,
porém, sentem-se à vontade para expor suas opiniões em público.
Ariovaldo Félix Palmerio, doutor em engenharia mecânica e funcionário
entre 1975 e 2011 do IAE, onde foi responsável pela área de engenharia de
sistemas, é um entusiasta do projeto, mas faz ressalvas sobre a capacidade
brasileira de execução. “O IAE sofreu grande perda de profissionais
qualificados em algumas especialidades e poderá ter dificuldades para conduzir
seus projetos”, avalia. Nas últimas décadas, sustenta, o programa espacial
sofreu com a não reposição de profissionais que se aposentaram ou passaram para
a iniciativa privada.
Petrônio Noronha de Souza, tecnologista do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe) e diretor de política espacial da AEB entre 2012 e
2018, diz que a falta de continuidade na liderança dos projetos aeroespaciais
na Aeronáutica também atrapalha. “A carreira militar prevê uma realocação
periódica dos oficiais. Quando uma chefia militar está amadurecida para liderar
os projetos aeroespaciais é substituída por outra não necessariamente com o
mesmo nível de preparo. Esse processo gera ineficiência e impacta os projetos
em curso, que são sempre de longo prazo”, observa.
Outro problema apontado por Souza é a ausência de regularidade de
recursos e de projetos capazes de manter em atividade contínua a indústria
aeroespacial brasileira. Como essas condições não existiram nas últimas
décadas, houve um desmantelamento da capacidade produtiva e perda de know-how,
o que obriga cada novo projeto a começar praticamente do zero, afirma.
A falta de recursos humanos, financeiros, técnicos e administrativos
está, segundo Palmerio, na origem das falhas que envolveram o Veículo Lançador
de Satélites (VLS-1), projeto de um foguete brasileiro iniciado em 1985. A
última dessas falhas ocorreu quando o terceiro protótipo do foguete teve a
ignição inesperada de um de seus motores em solo três dias antes de seu
lançamento em Alcântara. O acidente, em agosto de 2003, vitimou de forma fatal
21 técnicos e engenheiros e danificou as estruturas da TMI, que só foi
reconstituída nove anos depois. A construção do VLS-1 integrava um dos
objetivos da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), o primeiro programa
espacial de grande porte do país estabelecido pelo governo federal no fim dos
anos 1970.
No livro Introdução à tecnologia de foguetes (SindCT, 2017), Palmerio
faz a seguinte observação sobre o acidente: “Um projeto de foguetes bem
conduzido já é uma fonte de perigo. Sem os devidos amparos, os fatores que
desencadeiam falhas se avultam”. Para ele, o programa espacial brasileiro só
deve ter continuidade se houver condições adequadas para a execução de seus
projetos.
O programa do VLS teve duas tentativas anteriores de lançamento, que
também falharam. Oficialmente o projeto foi encerrado em 2016, sem obter
sucesso em seu intento de lançar um satélite. Na ocasião, o acordo entre as
agências espaciais brasileira e alemã para a construção do VLM-1 já estava
estabelecido. Segundo Souza, estava claro para a AEB que não havia gente
capacitada e recursos financeiros suficientes para levar adiante os dois
projetos. Optou-se por priorizar o VLM-1 e executá-lo na medida do possível.
Para alguns especialistas, a opção pelo VLM-1 talvez não tenha sido a
mais promissora. “É um projeto de concepção antiquada quando comparado às
tendências recentes”, avalia Souza. Hoje, empresas privadas, como as
norte-americanas Space X e Virgin Orbit e a francesa Arianespace, estão
ocupando o espaço das agências governamentais na colocação de nano e
microssatélites em órbita. Uma estratégia comercial dessas empresas é o
lançamento conjunto de dezenas desses artefatos, reduzindo o custo operacional.
Além disso, muitas vezes nano e microssatélites vão ao espaço de carona
em foguetes maiores, pagando taxas reduzidas ou mesmo gratuitamente, quando a
finalidade é a pesquisa acadêmica. Para Palmerio, a AEB também poderia ofertar
o lançamento de dezenas de nanossatélites e obter seu espaço em um mercado em
franca expansão, mas antes é preciso conquistar a confiança dos potenciais
consumidores, com um bem-sucedido voo de seu veículo lançador.
Em teoria, a construção do VLM-1, com 30 kg de carga útil, é menos
complexa que a de seu antecessor, que estava programado para 200 kg de carga
útil. O VLS-1 contava com quatro sistemas propulsores, um a mais que o VLM-1.
Ambos os foguetes têm altura na casa de 20 metros, mas o VLS-1 tinha 50 t de
massa na decolagem, enquanto o VLM-1 pesa pouco mais da metade, 28 t. O VLS-1
também buscava alcançar órbitas mais altas, na casa de 750 km da Terra, mais do
que o dobro da meta do VLM-1 (ver tabela acima).
Independentemente do porte, a construção de um lançador de satélites é
um projeto complexo e caro. Como define Lacerda, do IAE, um veículo desses voa
em condições extremas de velocidade, pressão, vibração e temperatura, fazendo
com que seus sistemas tenham de ser fabricados atendendo requisitos muito
específicos de massa, resistência estrutural, condições ambientais e desempenho
operacional que não são demandados por outros sistemas aeronáuticos. “São
poucos os países capazes de desenvolver um veículo lançador”, afirma o militar.
“É um objetivo desafiador que estamos perseguindo com determinação.”
E a novela continua se arrastando por décadas a fio ,que dureza .
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