Chefe da Roscosmos insinua que a ISS poderia "cair" contra território americano ou europeu

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Por Rui Botelho

Como vocês sabem o BS sempre vem procurando se manter neutro ideológica e politicamente, focando somente em questões técnicas, mercadológicas e de geopolítica, da forma mais isenta possível. No entanto, ao tomarmos conhecimento de uma infeliz declaração pública do chefe da corporação russa Roscosmos, Dimitry Rogozin, não poderíamos deixar de repercutir e apresentar o nosso opinativo, dada a gravidade do pronunciamento.

Imagem da Estação Espacial Internacional.
Fonte: NASA/Reprodução

Como todos estamos acompanhando, a crise entre Rússia e Ucrânia escalou para um conflito bélico, sobre o qual não iremos comentar ou analisar por não ser o nosso foco. Mesmo assim, é de conhecimento público que os Estados Unidos e seus aliados da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estão respondendo à ação armada da Rússia contra a Ucrânia com sanções econômicas contra a economia, políticos e empresários russos.

Longe dessa situação na Terra, a Estação Espacial Internacional (ISS) - que é mantida por um consórcio entre Rússia, Estado Unidos e outros países - foi colocada no meio do conflito (verbal) quando, nesta quinta-feira (24/02/2022), o Sr. Rogozin insinuou em suas redes sociais que a ISS poderia "cair" sobres os territórios americano ou europeu ocidental ou sobre algum país que pudesse prejudicar aqueles que estão aplicando sanções econômicas contra a Rússia, caso essas ações possam, de algum modo, se estender a cooperação na manutenção da ISS.

"Se você bloquear a cooperação conosco, quem salvará a ISS de uma saída descontrolada e queda nos Estados Unidos ou na Europa?" twittou Rogozin em russo em na primeira publicação desse feed. "Há também a opção de lançar uma estrutura de 500 toneladas na Índia ou na China. Você quer ameaçá-los com tal perspectiva? A ISS não sobrevoa a Rússia, então todos os riscos são seus. Você está pronto para eles?", complementou Rogozin na sua publicação em seu perfil em uma rede social.

Imagem de parte da publicação de Rogozin em seu perfil em uma rede social.
Fonte: Perfil de Dimitry Rogozin no Twitter.

Essa informação também foi repercutida pelo site rawstory na matéria "Russian space chief says he could let International Space Station crash into US if sanctions proceed", de Matthew Chapman (veja aqui).

Símbolo de paz e cooperação entre as principais potencias espaciais históricas, desde a época da estação Mir (Paz em Russo) nos anos 80, a ISS é a maior obra (o maior feito) de engenharia da história humana e é um símbolo inconteste de como países com culturas, ideologias e ideais tão distintos como Rússia e Estados Unidos podem colaborar para a construção de algo magnífico juntos, por mais que na litosfera do nosso planeta não prospere esse nível de trabalho em prol de algo maior.

Por mais retórica que pareça, com uma declaração como essa o Sr. Rogozin não só macula a sua imagem pessoal, como, também, arranha esse símbolo de colaboração e paz que a ISS se tornou. Símbolo que inspira as pessoas a acreditar que, ainda que remotamente, existe uma pequena luz (um pequeno farol brilhante que orbita o nosso planeta voando a 400 km e 28.000 km/h) e de que é possível nos unirmos e deixarmos as nossas diferenças de lado, na busca por objetivos comuns em prol da humanidade.

É com esse pensamento que esperamos que a situação na Terra seja resolvida, à luz da razão e do bom-senso, e que a ISS (e tudo de bom que ela representa na história da humanidade) seja protegida e preservada das palavras e das ações insanas daqui do chão.

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