Ex-Ministro Sai do Comando de Binacional Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada dia (29/03) no site do jornal “Folha de São Paulo” analisando a saída do diretor-geral da parte brasileira da mal engenhada empresa bi-nacional Alcântara Cyclone Space (ACS), o senhor Roberto Amaral.
Duda Falcão
Ciência
Ex-Ministro Sai do Comando
de Binacional Espacial
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
29/03/2011 - 20h05
O ex-ministro e vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, foi demitido da diretoria da empresa binacional ACS (Alcântara Cyclone Space), que ele mesmo fundou em parceria com a Ucrânia para lançar satélites comerciais da base de Alcântara.
Ato contínuo à demissão, Amaral foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para os conselhos do BNDES e da binacional Itaipu. Caiu para cima: só no BNDES, ganhará R$ 5.300 por mês para comparecer uma vez a cada três meses às reuniões do conselho. Em Itaipu, R$ 13.170 mensais para comparecer a reuniões bimestrais.
O lado brasileiro da empresa, desde anteontem, passa a ser dirigido por Reinaldo Melo, vice de Amaral na ACS.
Em nota, o PSB diz que Amaral saiu atendendo a um chamado do presidente do partido, Eduardo Campos, para "dedicar-se mais intensamente às suas atividades como vice-presidente nacional do PSB".
Segundo fontes do setor, porém, a saída do ex-ministro foi articulada entre o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e o Palácio do Planalto.
Ela é a primeira movimentação do novo comando do programa espacial brasileiro, que visa desidratar a parceria com a Ucrânia e investir nos satélites do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e nos foguetes do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), ligado ao Ministério da Defesa.
Segundo uma fonte graduada do programa espacial, Mercadante entende que o programa com a Ucrânia virou um estorvo.
Seu objetivo inicial, o de lançar um foguete ucraniano Cyclone-4 de Alcântara em 2010, não foi cumprido. Depois de uma série de problemas fundiários, a ACS conseguiu apenas lançar a pedra fundamental do sítio do Cyclone, num matagal dentro da base militar de Alcântara, no fim do ano passado.
Assim como está atrasada a infraestrutura de lançamento, a encargo do Brasil, a produção do foguete, responsabilidade da Ucrânia, também patina. Quebrada após a crise de 2008, a ex-república soviética não consegue dinheiro para concluir a montagem do Cyclone-4.
Vários especialistas também apontam que não há nenhuma transferência de tecnologia prevista no tratado assinado pelo Brasil durante a gestão de Amaral no Ministério da Ciência e Tecnologia com a Ucrânia, que deu origem à ACS.
Outro problema é o fato de que, a ACS depende, para ter sucesso no mercado de satélites, de um acordo de salvaguardas tecnológicas com os EU, já que quase todos os satélites do mundo têm peças americanas. O Brasil não possui esse acordo.
O governo brasileiro está ainda preocupado com o custo crescente do programa. Inicialmente orçado em R$ 100 milhões, ele deverá chegar a quase R$ 1 bilhão para o país. O Brasil já pôs mais de R$ 200 milhões no capital da empresa. A Ucrânia ainda não deu sua contrapartida.
Na semana passada, durante a posse do novo presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antônio Raupp, Mercadante havia condicionado a continuidade do programa Cyclone ao aporte da contrapartida ucraniana.
A ACS afirma que a saída de Amaral não muda em nada o plano da empresa de realizar o primeiro lançamento do Cyclone-4 em Alcântara em 2012.
Fonte: Site do Jornal Folha de São Paulo - 29/03/2011
Comentário: Deus te ouça Cláudio Ângelo e que a razão finalmente prevaleça, e essa empresa seja desmantelada (em nossa opinião o mais certo a fazer) ou ter pelo menos seu acordo congelado até que se negocie a transformação da mesma numa empresa de capital misto (público e privado) sob a direção de profissionais que entendam desse assunto e não políticos, a participação da indústria brasileira no desenvolvimento do foguete, a troca da tecnologia tóxica do motores do Cyclone-4 por uma solução mais ecologicamente correta, a reconfiguração de seu projeto para que possa atender realmente as necessidades do mercado de lançamento de satélites geoestacionários e principalmente esperar que os ucranianos tenham recursos para aplicar no projeto.
Duda, algumas das suas sugestões são inviáveis.
ResponderExcluirTodo o projeto do Cyclone-4 foi desenvolvido em função de uma linha de fornecedores na própria Ucrânia (para eliminar a dependência de fornecedores russos), e seria extremamente difícil adaptar agora os componentes para a produção no Brasil. Por isso envolver a indústria nacional agora seria muito problemático e teria um custo altíssimo.
Outro ponto é que os americanos já deixaram claro que só aceitarão este acordo da Ucrânia com o Brasil se nenhuma tecnologia for transferida para nosso país (como está no contrato original). Mudar esta situação para permitir que o Brasil aprenda alguma coisa com os lançamentos do Cyclone-4 certamente iria fechar o mercado da empresa aos satélites com componentes americanos, inviabilizando comercialmente a própria ACS.
A troca do combustível do foguete por outro não tóxico, embora talvez possível, implicaria em grandes adaptações do projeto do foguete inteiro(incluindo a adoção de materiais resistentes a baixas temperaturas, a colocação de sistemas de ignição, de controle de pressão, de purga do vapor d`água, etc...), isso além de uma extensa campanha de testes dos motores com os novos combustíveis. Além disso os estágios deveriam ser redimensionados de acordo com as densidades e velocidades de ejeção diferentes dos novos combustíveis, ou se perderia a condição ótima de projeto. Seria praticamente o desenvolvimento de um foguete novo, o que dadas as atuais dificuldades com a finalização do projeto atual e de recursos dificilmente seria possível.
Olá Leandro!
ResponderExcluirSeja bem vindo amigo, quanto tempo não nos falamos, né verdade? Bom, quanto ao que você disse Leandro, a parte política (o acordo de Salvaguarda Tecnológica com os EUA) é necessária em qualquer das situações. As colocações feitas por mim seriam as ideais e jamais imaginei em momento algum que pudessem ser realizadas agora pelo governo. Por isso que sempre achei esse acordo uma tremenda furada, além é claro de ser feito irresponsavelmente por compensação política para o PSB e para Sr. Roberto Amaral pelo então desinformado e desinteressado ex-presidente LULA só podendo acabar nessa bagunça toda. Afinal tudo que começa errado, termina errado. Na realidade em minha opinião o correto é fazer o destrato do acordo e tentar aproveitar o que já foi construído (se é que já foi feito algo) antes que se perca mais recursos que poderiam estar sendo aplicados no verdadeiro Programa Espacial Brasileiro.
Leandro, obrigado pelas suas explicações técnicas sempre bem colocadas e muito bem vindas, participe sempre amigo.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)